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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Penso que sou


Penso que sou

Vivo somente para ti
Vivo só
Sou aquele que pensa
Que chora e que ri
Que pensa naquele que sou
Que vou
Que não vou
Vivo somente
Pensando que estou sozinho
Talvez
Sozinho alguma vez
Na companhia do pensamento
Pensar... Que sou
Que sou o pensar do momento
Sozinho... Se alguém me deixou
Deixou ou não, que importa
Encostado na parede fria
Parede morta
Que importa se aberto é o espaço
Sem janela, sem a porta
Não há vento
Não há sol
Não há chuva
Lamento...
Boca seca... Língua de sal
Cacho sem uva
O meu pensamento
Onde me deixo estar
Por aqui, até que alguém me encontre
Talvez no mar, na cidade
Talvez no monte
Sozinho a pensar
Que fui feito... Para amar

José Alberto Sá

Sou nada


Sou nada

Quero me esconder debaixo de um paralelo
Daqueles que estão cravados no meio da rua
Quero me diluir em tinta, em tons de azul ou amarelo
Daquelas cores que servem para tatuar a carne crua
Quero ser diferente
Debaixo do paralelo seria perfeito
Pintado a duas cores seria bicolor
Queria ser somente
Diferente do paralelo que me causa a dor no peito
Uma pedra que sempre me tortura com a mesma dor

Este mundo onde vivo

Mundo de paralelos sem cérebro
Que mesmo assim... Ficam por cima de mim
Mundo de tinta sem cor
Que mesmo assim... Pintam as flores do jardim
Não interessa as pedras que atiram
Não interessa as cores que nos pintam
Interessa sim... Que eu viva debaixo da pedra... Pobre de mim
Interessa sim... Que me pintam de mil cores...
Camuflado com os que gritam

Neste mundo onde vivo

Quero me esconder debaixo de um paralelo
Pelo simples facto de já não ter cor
Quero me diluir em tinta para que não me vejam
Ser uma das cores do arco-íris... Pode ser o amarelo
Ou ser a pedra do mar, do rio,
mas não ser a pedra dos loucos que me apedrejam

Mundo de loucos onde vivo
Este mundo de pedras ricas
Onde os pobres se escondem, sem um abrigo
Onde eu não fico, sabendo que tu ficas

Tu mundo onde eu não vivo

José Alberto Sá

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Refugio-me de ti


Refugio-me por ti

Refugio-me no medo do meu caminho
Os socalcos da minha vida
Rabiscos revoltados nas pedras da minha dor
São os pés que se descalçam sem carinho
A rejeição que trago nos pés sem medida
A dureza fria nas solas duras dos pés, pele sem cor

Refugio-me no caminho que não canta
Na vereda silvestre,
onde os espinhos são rei
Caminhos de fé, de esperança num mestre
Que me dê passos de amor e alma santa
Caminhos onde o refugio, são caminhos que não sei

Refugio-me das faces que não querem sorrir
Penhasco que se desprende, o mundo que me rejeita
E descalço isolo o coração, querendo fugir
Refugiando-o nos muros, nos claustros em ruínas
Nos buracos moribundos sem fundo
Socalcos da vida, de ruas impregnadas de minas
Rasgos, brechas, gretas a tortura do mundo

Refugio-me calado sem voz em cordas vocais ensanguentadas
Pelos gritos surdos que dou e ninguém ouve
Refugio-me do tempo, não quero contar
Os caminhos que conheço, minhas peugadas
Caminhos despidos, sem sal, onde nada resolve
Ruela da vida, onde a vontade é morrer
E morrer por não conseguir olhar a luz que me envolve
Mas tem que ser…

Impossível não pensar na luz de um caminho de sol, de chuva e de lua
Ficar cego ao primeiro instante, no primeiro olhar, no primeiro passo
Refugio-me pela vontade de a ver, a sorrir, a despir… Nua
Essa luz, que incendiou o caminho que seguia, o meu espaço
Esse é o caminho que atravessa o meu coração
Caminho rebelde, que sendo de luz, abraça-me em claridade
É o caminho mais puro, mais belo, mas o caminho intocável
Refugio-me com medo do caminho, essa é a razão
Uma razão incomparável
Pois do caminho é a decisão

José Alberto Sá

Tu existes


Tu existes

Eu existo
Somente o digo, porque me disseste
Eu sou capaz
Somente o digo, porque não resisto
A olhar os olhos de um tempo atrás
Porque eu existo
Tu falas comigo todo o dia
Eu sou quem persisto
Em afirmar os lábios de quem me sorria
Pois…
Foi um tempo atrás
Um sorriso que não esqueço
Porque eu existo
Tentando ser um bom rapaz
Educado, carinhoso… Tudo mereço
Mereço poder falar contigo
Porque eu existo
E sou teu amigo
Não penses que sou indolor
Também choro
Porque eu existo
Pensa em mim, no amor
Também é nele que moro
Foi um tempo atrás que te vi
Porque eu existo
E não resisto
… A ti

José Alberto Sá

Lágrima


Lágrima

Espera…
Não estou a chorar
Somente meu barco se afundou
E a água que me inunda é o mar
Espera…
Não tenho como te conte
Somente meu chão se molhou
Por navegar em mares sem horizonte
Espera amor…
O mar és tu
e só tu me podes deitar a mão
Desculpa… Eu vou limpar
Meu rosto enxugar, limpar o meu chão
Não estou a chorar
É a vontade de voltar a morrer
Nas águas do teu olhar
Espera…

José Alberto Sá

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A mais bela história


A mais bela história

Entrei no evento
Olhares, sorrisos, conversa
O cheiro a café
Um aromático cheiro perdido no tempo
Iria tomar um, promessa
Continuando de pé

Apertos de mão, abraços e beijos
Tirei o casaco estava calor
Olhei em volta, tantos desejos
Um livro, mar, sonho e amor

Apresentei
Sonhei comovido
Ao lado radiante o escritor
Amei
Dever comprido
Recebido em gratidão o meu louvor

Palmas de agradecimento
Fui tomar o meu café
Autógrafos em actividade
Existia nas vendas muita fé
Na fim da fila, uma linda menina,
beldade

Sorriu com lábios de mel
A sua timidez era impar, fez-me sonhar
Olhos que escrevi em papel
Que levei, amei e em mim quis tatuar

No fim ficou a sensação de vazio
Não nos tocamos
Não nos falamos
Nem um pio
Não a consigo esquecer
Somente desabafar em poesia
O evento do renascer
O amor que me inundou nesse dia


José Alberto Sá

Sinto, quero e amo


Sinto, quero e amo

De sentir eu não estou isento
De gostar eu não estou imune
Meu sentir é colo, onde me sento
Meu gostar é o olhar, do qual não saí impune

Sinto o acordar…
Quero muito seduzir…
Amo o meu sonhar…
Por saber que um dia vou partir…

Não existe isenção
Não existe imunidade
Sento-me no amor de coração
Olho nos olhos pela claridade

Sinto-me amar…
Quero muito sorrir…
Amo o meu voar…
Por saber que um dia o vou sentir…

Não existe boca sem fome
Não existe olhos sem luz
Sento-me na pele de quem me come
Olho nos olhos de quem me seduz

Acordo porque o sol se levanta
Seduzo com firmeza a luz do dia
Sonho acordado, pois a vontade é tanta
Que parto contigo na minha alegria

Amo… Sim, afirmo, e aqui o digo
Sorrir faz parte do meu ser
Voar é quando se ganha um amigo
Sentir é ter tudo, que me dá prazer

Sinto o teu aproximar
Quero muito o teu despir
Amo por me apaixonar
Por saber que um dia, contigo me vou unir

Sinto, quero e amo

José Alberto Sá

Espero, talvez um dia


Espero, talvez um dia

Eu não sei quando…
Eu não sei onde…
Eu não sei porquê…
Doce e perfumada desconhecida
Sei sim, que de vez em quando
Meu coração se confunde
Com a beleza que em ti vê
Meus olhos teimam
E sinto-me um grão de areia
Com a grandiosidade do teu mar
Meus olhos queimam
E sinto-me pó, cinza do teu fogo a chamar
Eu não sei como…
Eu não sei porque te amo
Engano?
Engano não é, eu por ti já não como
Engano?
Engano não é, eu por ti já não durmo
Eu não sei da melhor palavra
Eu não sei da palavra que quero
Não me quero enganar
E espero, que teu coração se abra
E reconheça o meu sonhar
Mas…
Não sei quando…
Não sei onde…
Não sei porquê…
Que espero o amor de um coração,
que ainda hoje me lê

José Alberto Sá

À LUZ DO DIA


À LUZ DO DIA

Não precisa levantar
Mesmo deitada
Basta segurar
Pela parte arredondada
Puxá-la para si
Depois penetrá-la,
assim aprendi
Abrir devagar
E sem a pisar, deslizar
Suavemente pela humidade interior
Com os dedos segurar
E à luz do dia
Mostrar a sua raça
Como que magia
As sementes de uma cabaça

Assim se retiram as sementes
De uma cabaça (abóbora).

José Alberto Sá

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

sonhar e acordar


O banho


O banho

Gostava que te calar,
com um beijo.
Lavar-te com fragrância de limonete
Secar-te com um corpo,
em louco desejo.
Fazer-te sentir perfumada,
ser eu o sabonete

Gostava de no banho te algemar
Amarrar-te num corpo,
coberto de humidade
Fazer-te gemer e ao mesmo tempo sufocar
Pelo calar,
num beijo de línguas em liberdade

Gostava de contigo sentir a água correr
Lavar-te com sais de banho,
pétalas de rosa
Morangos saboreados em bocas,
corpos a derreter
Numa taça de champanhe,
essência viscosa.

Depois do banho poderias falar
Minha boca te deixaria respirar
Meu corpo se separaria do teu
Teu corpo deixaria repousar,
para te poder observar
E bailar no teu corpo que é meu

Pedia-te que fosses rápida no vestir
Meus olhos cegam pela tua beleza
Lábios, olhos e um corpo a sorrir
Iria dar novamente ao amor, outro banho
Com certeza.

José Alberto Sá

Conto contigo


Conto contigo

Não estava a contar
E encontrei o mar
Um mar de mil cores
Um olhar
Dois amores
Dois olhos que me iluminaram
Duas íris que me fazem sonhar

Quero muito acreditar
No abraço que nunca cheguei a dar
No beijo que anseio roubar
Numa visita à lua junto a esse mar

Não estava a contar
Nas lembranças a todo o momento
Na saudade que perdura
No mar ondulado pelo vento
Um olhar,
Uma menina tão pura,
que não se deixa agarrar

Não estava a contar
Que me colocasses à prova, com o teu sol
Sinto em ti o mar em meu areal
Vens, vais… Qual animal
Na magia da cópula
Como um girassol na terra a germinar

Não estava a contar
Chorar por ti
Embriagar-me com teu olhar
E viver contigo, só pelo que vi
Meu mar… Meu deserto
A fábula do meu contar
Quero ser a luz de peito aberto
A luz de um olhar... Porque és o meu mar
Que um dia fui encontrar… Sem contar

José Alberto Sá

A luz da lua


A luz da lua

O deus do amor

lhou para mim e me ofereceu
ilás sorriso, nos lábios de uma flor
ino de luz vindo do céu
A razão da minha inquietude
ealidade que reclamo

eus seja a vontade para que eu não mude
A vontade de uma lua que chamo

írios, rosas ou violeta
ma a uma, incomparáveis com ela
A flor dos meus olhos, olhar de poeta
enúfar do meu rio, de flor amarela
A deusa no olhar da Luana

Í ris de veludo hipnotizador
aio transparente que o mundo reclama
rmã da beleza e do louvor
alvé o deus que a fez

ádiva da essência do céu
levada na beleza e performance

uz, sorriso que invejo ser meu
ma luz musical, que peço me alcance
elosa na voz que não me deu

José Alberto Sá

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Namorico


Namorico

Saí à rua
O catavento rodopiava a toda a velocidade
Estava frio, uma noite crua
Olhei o céu,
era pouca a claridade
As árvores embalavam com o vento
O silêncio era a minha companhia
Somente quebrada pelo tilintar,
do catavento
Ao fundo um vulto feminino reluzia
Querendo se aproximar
Olhei-a
Sorriu-me
Conversamos
Demos as mãos... Beijei-a
Com um abraço partiu-me,
o pulsar de um coração feliz
Amamos

Saí à rua
Na hora certa
Numa noite incerta
Negra e vestida de silêncio suave
Bela somente pelo debicar de uma ave
Beijos, abraços num louco amar
E espreitando somente o catavento,
continuava a tilintar

José Alberto Sá


Foi ela...


Foi ela...

A porta bateu
E não fui eu!
Eu já estava lá dentro
Quando a porta rangeu
E não fui eu!

Que tive o pressentimento
Que a porta fechara
Por detrás de mim
Batida assim
Não na minha cara

Eu estava lá dentro
Há já algum tempo
Já de cara lavada
Quando a porta bateu
E não fui eu!

Pois quando espreitei
Um beijo levei
Perto da janela
Era a minha amada
E a porta bateu
E não fui eu... Foi ela
De porta fechada

José Alberto Sá

Mau pensar


Mau pensar

O mocho piava
A noite se ofereceu
As estrelas se esconderam
O escuro arrepiava
Não havia luz no céu
As almas desapareceram
Olhei para trás
E o mocho lá estava
Piava... Piava...
Um simples animal
O medo
O azar na vida
Superstição do mal
Credo
Partida
Ou Nada...
Pois o mocho piava
E nada acontecia
Seria...
Seria o agourento pensar
Algo podia falhar
A morte
A sorte
Algo fugia
A fuga da mente
O mocho, um animal somente
Que piava
E lá continuava

José Alberto Sá

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013


O poeta de Espinho


O poeta de Espinho


Só quero ser poeta!
Deixem-me...
A voz é minha, da palavra a minha caneta
Deixem-me ser poeta!
Mais rouco não fico por declamar
Só quero que me deixem sentir
O vento que me vem buscar
O sol que me vem cobrir
Deixem-me...
Só quero ser poeta!
Não sou a obra megalómana
Não sou o grito sem voz, sem garganta
Só quero ser poeta!
Levar amor... E amar as flores de Anta
Só quero caminhar
Deixem-me a porta aberta
Só quero ser poeta!
Já não conto os paralelos da estrada
As avenidas não me ouvem
Só quero ser poeta!
Mais nada...
Espinho... Deixa-me ser poeta, falar de ti
O mar, as gaivotas, voam na minha caneta
Tenho orgulho de ti...
Eu... Só quero ser poeta!

José Alberto Sá

Até amanhã


Até amanhã

Acordei, a roupa estava espalhada no chão
Completava um vazio, uma vontade, um desejo
Quis acreditar nas cores que enfeitavam o meu coração
Aquele beijo!
Somente a minha roupa lá estava
Ainda sentia o eco em melodia do mar
Aquele som sussurrado, que me fez acreditar
Que me amava!
O lençol amarrotado falava-me do ondulado prazer
Uma longa noite em que o tempo se evaporou
Vapores saídos de dois corpos a ferver
Acordei… Ela me amou!
Já sentado, olhei o espelho onde reflectia meu corpo despido
Ainda sentia as mãos de veludo, percorrer o pecado
Fechei os olhos e relembrei o momento de cupido
Quando a flecha abriu o fruto mais esperado
Acordei para ser feliz, sorri para a luz reflectida
No espelho… Um sol que tinha dormido na mesma cama
Uma lua que brilhou até à despedida
Um olhar que me segue, que me quer, que me ama
Lembro o beijo depois do banho, perfumada e bela
Lembro o olhar doce de mel, o sorriso vermelho de romã
Acordei com a luz brilhante da minha donzela
Na saudade de hoje, na esperança de amanhã


José Alberto Sá

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

No meu Cadilac


No meu Cadilac

Cheguei...
Vinte quilómetros de estrada
Dezanove eram os postes que contei
Dezoito lâmpadas acesas e uma apagada

Dezasete meninas me acenaram
Dezasseis me enviaram beijos
Quinze quilómetros e comigo ficaram
Catorze brincaram com os meus desejos

Treze meninas, pois uma nos abandonou
Doze meninas e só uma se despiu
Onze se uniram, pois uma chorou
Dez aguentaram e uma partiu

Nove quiseram continuar
Oito pediram para que mais uma desistisse
Sete eram as meninas no meu carro a gritar
Seis eram lindas, outras feias, uma chatice

Cinco meninas levadas com amor
Quatro no banco de trás
Três meninas e uma flor
Duas abraçaram ou beijaram... Tanto faz

Uma menina foi com quem eu fiquei
Quando cheguei... Logo escolhi
Vinte quilômetros de estrada, sem limites, sem lei
Zero meninas, pois tudo eu menti


José Alberto Sá

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Mistério de um olhar


Mistério de um olhar

Eu sei, tu sabes
Tu és o vento puro, que recebo de ti na brisa
Eu sei que tu és os aromas soltos de um roseiral
Tu sabes que a tua palavra me suaviza
Palavras de um expressar,
que me toca o instinto carnal
Eu sei, tu sabes
Que não se roubam palavras, elas se oferecem
Eu sei que no teu sangue a alma é poeta
Tu sabes o ponto de luz dos nossos olhos,
eles não esquecem
O momento gritante que ambos desejamos,
na luz de um cometa
Eu sei, tu sabes
Liberta-me, conduz-me, tenho medo da minha rebeldia
Eu sei que por vezes é bom ser selvagem,
é louco esse sentir
Tu sabes que não me canso de esperar esse belo dia
O sentir que ambos de mãos dadas nos vamos diluir
Eu sei, tu sabes
Que o castanho da terra soltará o seu pó,
sobre a mais bela flor
Eu sei que do azul do céu,
choverá lágrimas dos que sabem amar
Tu sabes que o pó são partículas do meu amor
És tu, sou eu em entrançados poemas,
ambos os corpos a declamar
Eu sei, tu sabes
Que a minha textura é a cor do teu sorriso
Eu sei que vivemos um relacionamento abstracto, mas sério
Tu sabes que existe um sonho, um olhar, uma luz,
o meu aviso
Um sentir em ruídos silenciosos teus e meus… Mistério
Eu sei, tu sabes

José Alberto Sá

Devemos pensar


Devemos pensar

Crescer obriga o tempo a ser adulto
O que acontece não espera, não sonha, é real
Os sentidos são o domínio de um povo mais culto
O castelo de areia, não é castelo sem mar, sem água, sem areal

Sonhamos como ser, porque existimos
Ruímos quando não deixamos colorir o nosso sonhar
Sonhos por vezes sem palavras, sem cifras, sem contar
Apenas queremos ser quando temos e nada pedimos

Quando nos lembramos em memórias, ficam os momentos
Sentimos nas mãos, sentimos na pele, porque residimos em nós
Vivemos no silêncio que dispara, um coração que bate pensamentos
Eu penso no mar, no céu e defino o azul, não estamos sós

Imagino as fragrâncias dilatadas nas cores, como se fossem palavras com perfume
Mas a voz é o que escrevo, horizontes a perder de vista, imensidão louca
Sofregamente beijo o atrevido céu, abraço o imenso mar, caminho sobre o lume
E no acto faço bolas de sabão, humidades sem fronteiras na tua boca

Somos um presente que aparecemos em flash, o contar dos dedos
Sequência de uma corrida tresloucada, gemidos e um vencedor
No momento vemos o mar, o sorriso, a luz, uma novela, enredos
O doce feminino, aromas da terra que polvilha o mais belo do amor

José Alberto Sá

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Ser anjo


Ser anjo

Chamaste-me de anjo e eu tentei voar
Fortes batidas de braços abertos, dores em cada mão
Fortes correrias na esperança de me soltar
E não consegui... Anjo!... Não!
Anjo é ser perfeito e eu não mereço
As penas não suavizam o áspero de mim
Voar seria um sonho do qual me despeço
Pecador? Transformador de mentes... Sim
Mas voar talvez... Se me levares contigo
Aí podes me chamar de anjo... Abrirei as asas
Voarei pelo teu corpo e descerei perto do umbigo
Vais sentir as penas que trago como brasas
- Anjo... Vou ouvir o teu chamar pela vontade do meu bater
Anjo de luz... Vou ser se poder voar
Anjo do amor... Serei se te conquistar
Anjo do desejo... Voar... Abaixo do umbigo e absorver
Vais ver... Vou conseguir realizar este sonho
Anjo sem asas... Assim é como me ponho
Para poder... Voar até não pecar
Chamaste-me de anjo... Não posso ser
Um anjo voa no ar e só consigo voar em terra
Um anjo caminha no mar, eu só caminho na serra
Um anjo é milagroso, é claridade
Eu sou pecador, com as asas da minha vontade

José Alberto Sá

Espero ver-te novamente


Espero ver-te novamente

Nunca te toquei e desejo-te
Nunca te ouvi e ouço o teu chamar
Não te vejo e sempre te sinto
Agora imagino… E beijo-te
Agora imagino… E quero-te abraçar
Agora imagino… És o quadro que eu pinto
Deixa-me desabafar aqui…
Apetece-me dizer: Nós fazemos…
Até o meu coração tem apetites
Ele se encanta, porque ama quando queremos
Quando me apetece dizer: Que acredites
Deixa-me desabafar aqui…
Tu és mulher, a minha actriz
Eu sou o homem que te quer amar
E reforço aqui em palavras… Sempre te quis
Nunca te toquei e apetece-me te ir buscar
Deixa-me desabafar aqui…
Hoje pergunto se tens um lugar para mim
Leio e releio os teus poemas
E fico maravilhado com o teu jeito
Hoje pergunto se sempre foste assim
É que não te vejo e sinto-te leve como penas
Agora imagino…
Serás a única a dormir em meu peito
Quando te vi… Senti,
a mesma sensação de quando te li
Sensação de pureza
Que és mulher… Linda… Isso não descobri
Hoje digo: Amo-te… A minha certeza

José Alberto Sá

Desnorte


Desnorte

Ontem foi ter ao mar
A intensão era ir à serra
Desnorte por te amar
Desnorte ao te ir buscar
E perdido… Já não sei da minha terra
Tanto te queria…
Ontem queria ver-te, olhei o céu
A intensão era ver-te no mesmo chão
Desnorte de um corpo que já não é meu
Desnorte da alma que te sente, no meu coração
Tanto te queria…
Impossível me orientar
Meu cérebro está ocupado contigo
Mesmo com pernas e braços a explorar
Não encontro o teu abrigo
Tanto te queria…
Até o dia parece não ter cor
Tenho falta da tinta do teu iluminar
Desnorte de não ter o teu amor
Desnorte porque tanto te queria
E sentir-me hipnotizar
Na luz do teu olhar
Tanto te queria…
Sorrir
Tocar
Beijar
Sei lá… quem sabe fugir

José Alberto Sá

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Outros sentidos


Outros sentidos

Vou procurar por aí
Por aí... Pela macieza do cobertor
Pelo rebordo da fronha
De joelhos arrastando cada calor
Cada obstáculo que se oponha
Vou procurar por entre lençóis
Por entre roupa já rompida
De pé, deitado, rastejando como caracóis
Ou deslizando pela parte mais comprida
Procuro por entre pernas e braços
Por entre pedaços de pano
E...
Uma calcinha preta, apertada com lindos laços
Procuro e não me engano
Que os tive que desapertar
Por entre emaranhado de gemidos
E revoltadas posições, gritos no ar
Procuro o resto dos sentidos
O olfato... Perfume que não conhecia
O tacto... Recolha de dados para guardar
A audição... Sussurros após toda a magia
O paladar... Mil beijos e outros tantos,
para dar
Procuro por entre a poesia
Outro sentido... A minha visão
Os outros que procurei... Era por simpatia
Por vontade do meu coração


José Alberto Sá

Sem...



Sem...

Passei a mão
Macia
Deslizante
Única sensação
Liso tudo me parecia
Eletrizante
Passei a mão novamente
Arrepiei-me
Nunca o tinha feito
E docemente
Levei a mão ao peito
Senti cada cabelo
Quis ter a certeza
E no espelho confirmei
Nem pelo
Sorri, contente fiquei
Um rosto feliz
Estava ciente que não era o primeiro
Que é como quem diz
Careca, fui ao barbeiro

José Alberto Sá