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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Grito sem voz


Grito sem voz


Silêncio...

Palavras que se queriam ditas

Cúmplice do meu manto

Afagos em palavras aflitas

Cumplicidade do eco sem pranto

É no silêncio que te encontro

Palavras pesadas de um olhar

Cristalino silêncio me sinto pronto

No silêncio de abraços de encantar.


Impossibilidade, tua ausência

Silêncio magoado, minha dor

Silêncio da tua persistência

No falar de uma flor

Teu silêncio luta por mim

Também te amo

Amo-te em solidão, meu jardim

Amo-te no gesto, na entrega de um ramo

Sinto-me engolido, sem voz

Medo... Angustia vazio na mente

Silêncio na tua falta... Sós

Silêncio da vida, persistente.


Hoje te dedico uma gota

Uma lágrima silenciosa

Escorrendo no silêncio, menina marota

No teu segredo menina formosa

Lembro-me de ti, teu encanto

Amargura na solidão

Silêncio teu, milagre de santo

Na fé do meu coração


José Alberto Sá

Excitação


Excitação


Excitação…

Sempre me deliciei

Teu suor, tacteado na mão

Minha boca na tua… Amei

Satisfeito no prazer

Invasão do corpo teu

Inerte no teu conhecer

Ofegante respirar, aconteceu

Tocavas-me vestida de pele, veludo

Partes rígidas, sequiosa

Gritos em silêncio de loucura, mudo

Violência na língua, apetitosa

Movimentos, teus lindos sinais

Milímetro em milímetro percorri

Entregue em teus quintais

Desejo em desejo te pedi

Trémulo me denunciei

Dei-me sem perguntar

Porque a ti me dei, já não sei

Porque a ti me dei, dei o meu mar

Viscosidade sentida

Após o nosso culminar

Onde estás? Menina partida

Quando regressas para amar?

Excitação interrompida

Excitação em meu pensar

Excitação do melhor da vida

Do meu imaginar, do meu sonhar


José Alberto Sá

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Obsessão


Obsessão


Não quero ser obsessão

A inércia de uma tábua

A procura da razão

A satisfação da vida sem mágoa

Até as árvores têm sombra

Até o mundo tem tempestades

Não quero ser a torre que tomba

Na tortura de mentalidades

Tempos em perigo

Homens na ganância

Somente a alegria persigo

No ser a quem dou importância

Canto à vida em liberdade

Aplaudo a vida de criança

O rio passa na sua vontade

Procurando o mar em sua esperança

Canto à paz

Canto ao amor

No medo que o mundo me faz

Canto à Rosa, linda flor

Canto à mulher que amo, me satisfaz

Não quero ser, amanhã somente

Quero ser muito mais

Quero cantar na seara, deixar semente

Quero cantar na lama dos arrozais

Não quero ser a lagoa sem água

Não quero ser o fruto do pecado

Não quero ser a dor ou a mágoa

Quero cantar e viver a teu lado

Não quero ser obsessão

A inércia da liberdade

Quero ser em coração

A vida em prosperidade


José Alberto Sá

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Escultura


Escultura


Cinzelei-te em pedra amor

Sonhei ser um artista

Por entre teu corpo fui escultor

Pedra a pedra, tua à vista

Meu cinzel te perfurou

Em tua pedra macia

Ao tocar na pedra, disse quem sou

Nas curvas da tua magia

Batidas suaves do martelo

Idênticas às batidas do coração

Teu corpo esculpido, pecado e belo

No artista a inspiração

Fiz amor em sentimento

Prazer imenso me invadiu

Teu corpo meu alimento

Pedra e escultor, alguém os uniu

Prazer calado, sem gemidos

Somente o meu cinzelar

Sonhos de artista ali cumpridos

Na beleza do seu amar

Amo a arte, como amo um corpo

Amo a vida porque ela é rei

Escultura viva, meu porto

Quanto te amo e amarei


José Alberto Sá

Querer


Querer


Quis saber…

Minha curiosidade

Quis ter…

Saber a verdade

Minha idade

Meu pensamento

Liberdade de movimento

Ensinamento.


Bebo cultura

Com ela me sacio

Embebedo-me em ternura

O meu desafio

Quis fazer…

Minha fortaleza

Por à prova a gentileza

Do meu prazer

Sou vida, amor

Não escondo meu rigor

Na poesia, o meu ser.


Quis pensar…

Ser poeta, ser escultor

Escrever amor a rimar

Falar no saber em amor

Quis dançar…

Quis ver…

Teu corpo nu, poema

Tinha de te agradecer

Entrando na tua cena

O meu querer…


José Alberto Sá

Aconteceu


Aconteceu


Beijamo-nos em agitação

Até a lua se escondeu

Vergonha de tal situação

Amor nunca visto aconteceu

Madrugada, começa o dia

O sol espreitou no seu raiar

Na sua cara vi alegria

Baton rosa do nosso esfregar

Tudo aconteceu em desejo

Uma paixão apetecida

Tatuado na cara, um simples beijo

Numa vontade humedecida

Perdemo-nos enlouquecidos

Ternura de um secreto paraíso

Abraçados e unidos,

momentos apetecidos

Onde o mundo pára, não há juízo

Madrugada de lindo sorrir

Novamente o sol espreitou

Amor que nos quis unir

De uma vontade que nos alertou

Talvez exista mão divina

As manhãs são frescas e puras

Talvez o amor seja minha sina

Na divindade de nossas loucuras


José Alberto Sá

Vontades


Vontades


Senti o teu pólen, voando

Senti tua voz, graciosa

Senti teu corpo, sonhando

E voei contigo, maravilhosa

Ouvi-te cantar

Quanta sabedoria

És o fado da guitarra a tocar

És o timbre da melodia

Grande paixão de poeta

Vadia fadista do meu jardim

És o cantar da minha caneta

Nos poemas teus que saem de mim

Senti teu ar fresco, castiça

Senti teu sorriso, maresia

Senti tua vontade, tua justiça

Voando contigo na poesia

Ouve as árvores bailando

Ouve os pássaros chilrear

É a dança que estou esperando

Na vontade de te abraçar

Menina chorona, lágrima cristal

Sou o lenço com que te limpo

Sinto a tua vontade de animal

Eu e tu, Tu e eu, amor carnal

Amor faminto


José Alberto Sá

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Fechado


Fechado


Vidros embaciados

Enclausura do medo

Suores apressados

Uma novela, um enredo

Sentado em minha solidão

O tempo passa... Comovente

Pela janela... Nada, escuridão

A história de muita gente

Contei o tempo que passa

Lá fora algum falarido

Querer sair da brasa que me assa

Lamento da hora de ter nascido

Triste visão

Por dentro sofro, vidros embaciados

Por fora desabafo chorando

Fechado de punhos serrados

Implorando... Implorando...

Enclausura do amor

Nem a lua me visita

Nem o cheiro de uma flor

A mente já não acredita

Vontade de estar com ela

Desejo de te ter menina modesta

Vontade de partir o vidro, quebrar a janela

Procurar o tempo que me resta


José Alberto Sá

Chuva


Chuva


O relâmpago rasgou o ar

A lua se escondeu

Chuva leve me veio jurar

Que o amor dela sou eu

As árvores se vergaram

O trovão se fez ouvir

A vénia, beleza do mar

Da menina do meu sorrir

A chuva aumentou

Caía como flechas no chão

Menina corria e na pedra tropeçou

Caindo ferida no meu coração

A humidade… A mesma de um beijo

Sozinha sentada no chão molhado

A sua sensualidade meu desejo

Sua beleza… Meu ser obcecado

Cheguei perto, comecei por dizer

Levanta-te, vem comigo

O tempo vai escurecer

Vem ao colo meu, serei teu abrigo

A água que dela escorria

Aromatizava meu coração

Que belo perfume ela trazia

Que gota a gota caía

Na palma da minha mão

Depois de seca, menina desnudada

Parecia o sol em raios de cor

Desejos da minha amada

Na chuva parada

No sol do nosso amor


José Alberto Sá

O pão


O pão


Sou pão

na tua mesa

Sou a razão

onde estás presa

Sou felicidade

na tua vontade

Sou em tudo verdade

de tanta saudade.

Sou pão

no teu regaço

Onde dói meu coração

No que escrevo sobre um traço

Palavras, sinónimos, adjectivos

Poesia, prosa e texto

No amor estão os motivos

Na saudade do meu pretexto.

Sou pão

que te alimenta

Sou o vinho da tua sede

Talvez sofra em vão

Sou rascunho da sebenta

Sou o lamento na parede

Sou o amor que não aguenta.

Sou pão

Sou o rouxinol

Sou a flor da tua mão

A semente de girassol

Sou eu, quero-te

És flor, meu amar

Espero-te

Eu sou amor, és o meu mar


José Alberto Sá

Queria te sorrir


Queria te sorrir


Tenho muito para dizer

Não sei como começar

Dizer que te amo… Meu sofrer

Dizer que te amo… Amor de mar

Todos os dias sou feliz

Contigo sonho, tanta vontade

Serias a minha raiz

Eu seria a tua verdade

Tanto te aprecio

Linda amizade em letras… Poesia

Prosa de encanto, correntes de um rio

Palavras diamante em tudo magia

Quanto não dissemos

Saudade verdadeira e sentida

Quanto nós queremos

Que abraçados sejamos a vida

És especial, conquistas-te

Ninguém mais ocupará teu lugar

Sei que em palavras amas-te

Eu te amei em segredos do mar

Lembro a tua distância

É inexplicável o teu sorriso

És no meu coração a ânsia

Um beijo teu que preciso

Tenho tanto para ti, minha flor

Tenho a saudade que me isola

Tenho em mim a tua falta, meu amor

Só tua presença me consola


José Alberto Sá

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Sol


Sol


Despertei...

Senti-me levitar

Amei...

Por sentir o teu amar

Senti um tranquilizante

Luz dourada

Visão minha, triunfante

Minha amada

Os raios do sol entraram

Iluminaram meu quarto

Me amaram

Meu coração ficou farto

Acreditei...

Que não estava sozinho

Não sei…

Em algo toquei!

O lençol aqueceu

Embriaguei com o desejo

Passei a mão, no travesseiro meu

Procurei um beijo

Cheirei…

Teu perfume me inundou

Na essência me levitei

Algo me beijou

Imaginei…

Teu sorriso, teu olhar

Procurei…

Teu corpo nu, poder amar

Despertei…

Senti-me no ar

Amei…

O sol raiar.


José Alberto Sá

Imaginação


Imaginação


À beira-mar

Teus cabelos esvoaçaram

Era noite de luar

As estrelas te iluminavam

Teu corpo me fez pensar

Pensamentos alucinantes

Romances de lua e mar

Essências de dois amantes.

Tua magia a transparência

Corrias sobre a areia perfumada

Tocaste-me, que coincidência

Me sorriste…apaixonada

Senti a tua pele nua, na minha

Trocamos olhares, senti teu odor

Fizemos trapézio na mesma linha

No equilíbrio do nosso amor.

Larguei uma lágrima, inesperadamente

Sentimento de saudade

Um vazio profundo, comovente

Do abraço que não demos de verdade

Do beijo que não demos, pela distância

Daquele mar, da menina esguia

Daquele desejo, minha ganância

Da minha vontade, do amor que queria.

Na luz do luar te vi correr

Na luz daquela noite, te desejei

Não eras tu! Somente te imaginei

E sozinho fiquei a saber

Que mesmo assim te amei…


José Alberto Sá

Nas ondas da poesia


Nas ondas da poesia


Porque me fala a poesia

Porque me enche a memória

Com cheiros de maresia

Fragrâncias da minha história

Palavras que voam até mim

Frias de Inverno

Quentes de Verão…em fim

Histórias do meu caderno

Te busco em amores

Em ti embarco no barco de papel

No teu mar de flores

Ondas aromatizadas de cheiro a mel

Minha poesia, meu coração

Confesso-te em mil desejos

Sonhos e quanta ilusão

Abraços apertados, lindos beijos

Em ti meu sonho é desejo de alguém

No teu prazer, minha alegria

Amor em letras, quem não tem

Amor na procura da poesia

Sempre te quis amar…desejei

Confessei-te meus segredos com carinho

Meus mistérios te segredei

E não esperas-te nem um pouquinho

Sozinho somente te tenho em poesia

Juro que te amo, na minha paz

Juro que te sonho de noite e de dia

Juro que te espero meu mar lilás

Minha poesia, meu lindo mar

Minha palavra, meu encanto

Poesia do meu falar

Amor, te quero tanto.


José Alberto Sá

Caravela


Caravela

A luz vermelha me piscou

Na escuridão caminhei

Passadas descalças, que a noite apagou

As passadas que dei.

Que o farol iluminou.


Senti o perfume afrodisíaco a canela

Das ondas que em meus pés rebentaram

Fechei os olhos…naveguei de caravela

E as tuas ondas me levaram

Naveguei até ti…

Queria o teu mar aconchegante

Naveguei por tempestades e não te vi

Queria abraçar-te, ser teu amante.


O vento trazia consigo, finos cabelos

Que me acariciavam

Estremeci…eram tão belos

No pescoço me beijavam

Ancorei para te procurar

Deitei-me na areia de cansado

Apertei os grãos para sentir o teu mar

Por quem me tinha apaixonado.


Adormeci no teu colo de maresia

Senti dedos tocarem de suave

Senti carinho, doçura…alegria

Senti-me levitar, voar…ser uma ave

No ouvido o vento sussurrou

Escutei…

Alguém em palavras me amou

Também amei…

Abri os olhos, acordei

Olhei em volta na procura,

do sussurro que escutei

Perdido nos ventos da minha loucura.


José Alberto Sá

domingo, 25 de setembro de 2011

Uma voz...


Uma voz...


No horizonte vi meu destino

Vi jardins, canteiros de alegria

Ouvi anjos cantar o hino

Visões de sabedoria

Com eles cantei, canções de amor

Com eles escrevi linda poesia

Semente de jardins em flor

No horizonte avistei minha amiga

Acenou-me e me chamou

Acenei-lhe e chamei, vem rapariga

Eu aqui estou...

No horizonte...talvez miragem

Talvez ilusão

A virgem me aparecia

Eu a sentia em meu coração

No horizonte de meu mar

Vestida de branco

Iluminou o céu, clariou meu sonhar

No horizonte acenou... meu encanto

Abracei o sol, amei o mar

Abracei –o sentindo seu cheiro a canela

Amei-o sorrindo no meu embalar

Senti amor correndo para ela

No horizonte do meu sonhar

Talvez exista realidade

Esperando que a virgem me venha falar

Talvez acordado seja verdade.


José Alberto Sá

O último dia


O último dia


No dia vazio

Não houve emoções

Silêncio total... Nem um pio

A saudade... Mil razões

O medo me disparou

A raiva me apunhalou

Medo do tempo que vem

Raiva do tempo que passou

Adrenalina de quem quer e não tem.


No dia vazio, queria ter

A força de Deus, do amor...

Os bons não deviam sofrer

Os maus... Não sentem calor

No dia vazio, o céu azulou

Sentidos negativos me quiseram

Mas não puderam

Ele não deixou.


No dia vazio, algo perdi

Perda de vontade, porque sofria

Abandono que não senti

No dia vazio, olhando a fotografia

E no gelo do dia, eu lhe sorri.


Sorri-lhe em lágrimas, que me fugiram

Sorri-lhe no meu silêncio, disse-lhe até...

No dia vazio, os anjos sorriram

Aumentando a minha fé

No dia vazio, eu vi a amizade

No dia vazio, não tive vaidade

No dia vazio, conheci a verdade

No dia vazio, ficou a saudade


José Alberto Sá