Número total de visualizações de páginas

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Rezo sem saber...

Rezo sem saber…

Escondem-se os espíritos, aflitos aos gritos, aos beijos…
Nas lágrimas.
Dão as mãos escondidas, as bocas fechadas gritam e o coração bate lá dentro.
Audacioso é aquele que chora na lama, sem telha, sem chão… Sem cama.
Os fetos nascem tristes, golpes sentidos já no ventre… Elas também se escondem com eles… A vida nos leva… Ou traz.
A chuva é triste… Cantam aleluias na igreja… Existem os que vão sem ir… Os outros, são quem sobeja…
E a chuva não se esconde, somente se rompe incapaz de lavar…
Os impunes que se ajoelham de guarda-chuva aberto… Nosso aperto.  
É por baixo junto ao chão molhado que me sinto, que te sinto.
E a chuva não tem piada, já não rega… Os fedelhos vomitam a água pura e os pobres incapazes sonham com o sol…Escondido.
Escondidos, impacientes no sentir da intensa chuvada de corruptos!
Escondem-se os espíritos de enxada na mão, arados na terra… E já é lama, já é noite, já é frio… Nada compensa…
O mundo perfeito nada criou… Nós os imperfeitos criamos este nada… Esta vida de perguntas e de um sol já ali… Sem respostas.
Ali escondido nas vozes… Debaixo de um talismã… Um deus que por aí… Está ou não está!
Salvem-se… Eu rezo… Sem saber como pedir, se a chorar se a rir.
Escondo o meu espírito debaixo do guarda-chuva, antes que o vento o vire… Abriguem-se o tempo vem aí.


José Alberto Sá

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Corpos

Corpos

E os corpos esbeltos rebolaram nas linhas de mil bordados
E nos roliços ais, os corpos misturaram-se no lençol…
Não tem mal!
Uma menina desapertava e se diluía noutro corpo, sem camisa.
E os corpos esbeltos pecaram diante do amor…
Compilados…
Sobre dunas, montanhas, ventos e mares… Cantos na brisa
E os corpos se torceram, se tocaram em banquete, valsas nos pés, tango nos braços…
Abraços, cantigas do flamengo sobre o tapete
E os corpos casaram gemidos, sorriram diante das línguas impúdicas, pela fome
E os corpos se escaqueiravam de bocas abertas, cantavam delírios…
E as mãos arrepiavam caminhos, dedos exploradores em cabelos humedecidos
E os corpos encenavam um céu, os gestos e os sentidos agitavam o elemento…
O fogo… Do qual o fumo conheceis
A água… Da qual bebe o prazer
O ar… Do qual o vento é amanhecer, de um vai e vem privado
E os corpos se amam, num completo intelecto
E os corpos se enrolam vestidos pelas linhas de mil bordados
… Ela ergue feliz a saia até á cintura
… Ela tapa radiante a pele em linhas de sedução
… Ela sorri… Quer mais… É pura
… Ele em vénia agradece o bordado, num beijo de coração
E os corpos se amam… É belo… é bom…


José Alberto Sá

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Sonho-te


Sonho-te

Nada me solicitou… Nada pediu…
Contentou-se com o que eu lhe oferecia!
Com calma, um prazer sublime, tudo ela fez
Despiu!
Sentiu!
Entrou e saiu…
… Ouvia
… Queria
… Gemia
Nádega saliente…
Meias de liga
Saia transparente
Cueca que a tudo me obriga!

Pele aveludada, nuns seios de mão cheia
Beijos no dedo
Abraços na cintura
... Volta e meia
Olhares sem medo
Ventres na dança e na mistura

Eu e ela
Caricias ao fechar da porta
Dobras à janela
Posições!
E ambos somados por corações
Fiz o que queria
Tudo sem imitações
Pois ela, nada solicitou… Nada pediu

Somente o cérebro com ela sonhou
E ao acordar… Todo o meu ser… Sorriu!


José Alberto Sá

domingo, 26 de outubro de 2014

Quando só

Quando só

Venceste-me num dia e no outro abandonaste o prazer
E o fogo do amor deixou-me pudico e convidativo
Lá terá que ser…
Dai-me deusa da vontade, essa intensa boca… O meu motivo

Deitado e de choro vencido, sentido na dor da ausência
O fogo do amor deixa-me imune ao frio e ao calor
Lá terei de ter novamente paciência
Dai-me deusa da vontade, essa rubra garganta… O meu amor

Minha mão vive no momento a tentativa… Te substituir
O fogo do amor deixa-me sem forças, por não te ter
Lá terei de usar a fada mão neste sentir

Dai-me deusa da vontade, essa tentadora razão do acontecer
Vencido por ti, tudo faço sem lágrimas e sim a sorrir
O fogo do amor quando só me deixa, exausto sem te esquecer


José Alberto Sá

Amiga

Amiga

Minha amiga de bela boca, de belos olhos cor de mel
Amiga singela, quando o sol à janela, pinta o rosto em tons pastel
Amiga minha… Minha amiga

Que seios, esses que me escondes, que ventre é esse que ondula audaz
Corpo de amiga moldado de prazer, peço que deixes acontecer, deixa o amor ser capaz
Minha amiga de respirar perfeito, corpo límpido de luz e respeito
Amiga minha… Minha amiga

Que dom é esse, nesse corpo desejado, será que o meu olhar anda perdido
ou é o meu coração apaixonado, por um desejo pedido?
Minha amiga de traseiro cativante, passos de beleza em cada instante
Corro por ti como amante, sabendo que o tempo é em tudo marcante
Amiga minha… Minha amiga

Amiga de fronteiras fechadas, peço que deixes passar este transeunte, este mendigo
Tu na minha vida já és amiga, na tua vida o desejo é estar contigo
Galantes são os desejos por vós, momentos que imagino reais
Deixai-me sonhar momentos a sós e viverás o amor como jamais

Amiga minha… Minha amiga


José Alberto Sá

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Alcoolizado pelo amor

Alcoolizado pelo amor

Ofereço o olhar pisco e enevoado
Às imagens abstractas
feitas de curvas que imagino,
na chegada do nevoeiro, ao alambique
do teu corpo

Estou alcoolizado!

Num abstracto sentir de pálpebras fartas
Que se nique…
A imaginação de ti num canteiro,
quando as flores são feitas de bagaço
Que faço?
Se alcoolizado me sinto, por ti
acompanhado…

Estou alcoolizado!

Numa procura incessante pelo copo cheio
Teu corpo…
Pois… Vazio está o meu coração
O álcool é somente a fuga, o receio
O amor sem união

Estou alcoolizado!

Sou um ser alcoolizado
Bêbedo e apaixonado
Bêbedo por ti meu amor,
pelo aroma do cacho… Pelo toque, pela cor
Pela tua cor
Por ti vestida como um bago de uva
Corpo nu
Com sol ou chuva
Alcoolizado!
Ou cego por ti


José Alberto Sá

sábado, 18 de outubro de 2014

Pele na Pele
















Pele na Pele

É na vontade
Que agarro os lençóis da cama
Rebolo pela chama
E em liberdade…

Sinto a pele molhada

A água vem do fogo
Agarro-a para sentir a vibração
O chão flutua, o sol é erecção
A agitação… O jogo

Sinto a pele molhada

O leito ganha espaço
Subo… Trepo e agarro suavemente
E o que faço é transparente
E os lençóis são testemunho do que faço

Sinto a pele molhada

O tempo não me contém
Tenho um corpo unido no meu
Nos suores e fluídos do nosso céu
O amor que sinto como ninguém

Sinto a pele molhada… Na tua
… Nua


José Alberto Sá

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O meu...

O meu…

Sou educado, caminho pela estrada de uma vida feita de cores pastel… E amo os corpos femininos plantados no caminho que piso, a cor da pele.
Sou educado até nas noites grotescas, sempre vivo noites de núpcias, sempre vivo em alarme, em alertas frenéticos de um sangue pulsante… Porque sou educado ao tocar-te.

Sou até o monstro abominável de um caminho ou caverna onde me dispo… E na nudez feita de educação, sou a evolução de um coração que vive caminhos em erupção… Sou educado na caverna que se educou para o meu sorriso e o meu respirar…
Por vezes sou o revoltado e desnudado quando triste… Sempre tento me conter… Pois o frio destaca o meu ser sexual, o frio me dilacera, faz-me esquecer a primavera e eu não dou por ele… Ele é o meu ser evidente que com o frio se deita… Dorme…

Sou educado até no acordar do meu ser, na minha personagem sensual, o meu belo e trabalhador, este que me acompanha feito de arte erótica… A educação faz-me calar, deixando o volume aos olhos das famintas e luxurias visões… Não me manifesto, ele se encarrega de fazer a vénia… Tal como eu… Ele é educado… Pertence-me… Pertence-te…

Por vezes falo em voz surda, em diálogos só nossos e ele sempre reage ao estímulo… É meu… Teu na vontade… Vivo com ambos de verdade…
Tu e ele…
Será assim até que morra, sempre educado… E tal como eu… Vivemos hirtos na educação… Satisfazemo-nos…
Um beijo, um abraço, corpos, uma mão… Outra mão…
E ele…
… Educado! Levanta-se após a vénia…


José Alberto Sá

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Continuo igual... E tu?

Continuo igual… E tu?

Aguento o mais gélido dos desprezos… A fuga de uma máscara fugidia…
Aguento os meigos afagos, que me abraçam feitos de traição…
Aguento quando na pobreza do meu acordar, nasce o dia.
E a dor sentida não sai do coração, sai dos rins pelo aperto urinário, que me faz sentir o aperto ou a vontade, uma erecção aflitiva…Tu não estás!
Desabafo na sanita!
Aguento o fogo que somente se quebra… Se acende perdido numa outra casca de madeira… É a acha que se acha, pelo achado moribundo num tempo que eu… Aguento.
São estas as palavras avarentas que escrevo, pois não as dou… Quero saciar-me delas, até que voltes a importunar este meu aguentar…
Aguento o esboço ou o esforço que empregas nos maxilares… Sorris lindamente… Na falsidade… Tanto que hoje acordei sorrindo para ti, estavas despida e pronta… Pronta para te despedires dessa máscara mais uma vez…
Tinha acordado e tu somente eras uma parte do sonho, da realidade mentirosa, a metade de ti, desse ser que me tem provocado…
Aquela provocação, à qual me habituaste a olhar sempre que te sinto… Pena não me veres, cegas-te a ti própria… És importante no jogo do aguentar… Armas-te pelo movimento que submetes á anca… Ou talvez as tuas nuas pernas me sejam o ser superior… O teu superior sentido feminino que me faz suar… Lembra-te somente que eu aguento… Talvez aguente até que venhas… Talvez até mais logo… Até… Até à exaustão, não sei que mais faça!
Penso que nem tu aguentas… Eu ainda sou igual… O mesmo… E tu?


José Alberto Sá

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Como eu desejo

Como eu desejo

Que júbilo!
É amar-te como da última vez…
Como da primeira vez! Como em cada segundo…
Que júbilo o mundo!
Que me faz sonhar um amor, que é talvez…
Talvez real… Talvez sonhado! 
Como na primeira e última vez…
Que júbilo…
É viver o que o amor nos fez
Num olhar tocado!


José Alberto Sá

domingo, 12 de outubro de 2014

Uma parte…

De quem é essa bela boca amiga? Não respondas… Tentarei adivinhar…
E os vossos olhos brilhantes? Não respondas… São a luz do meu luar…
E esses seios de subtileza às mãos moldadas, de quem são? Não respondas…
Sentirei…
Como sentirei nas respostas por mim dadas… No ventre que sempre esperei…


José Alberto Sá

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Por tua vez

Por tua vez

Por tua vez, eu busquei as pétalas caídas no meu regaço.
Lembro ainda a busca amorosa e intensa… A fome que me mostravas, o querer que me trazias na boca, dessa boca vestida de flores.

Por tua vez, eu busquei o perfume que deixaste em meu pescoço.
Lembro ainda o deslizar suave, quando fugias às regras e aos sentidos do pudor… Lembro que te sentias colorida e da cor do amor.
E sempre busquei por tua vez, a imaginação que me escapava por entre os dedos, estes, que te saboreavam como uma abelha dentro da copa de uma flor.

Lembro amor… Lembro que por tua vez segurei aquele sorriso, somente para te manter a olhar para mim. Para mim, eras tudo e tudo era teu… Até o mar, a terra e o céu…

Por tua vez, cheguei a tocar-me… Sabendo que és impossível de substituir… Sabendo que és a perfeição que caminha pelos trilhos do meu coração… Lembro cada momento, pois meu coração em cada batida me faz lembrar… E sempre, sempre se lembra por tua vez…

Hoje somente queria que as pétalas deixadas no meu regaço, fizessem a fusão do caule, das folhas e da coroa… Lembro que sempre te amei… Sempre te respirei e ainda te respiro… Te sonho como flor e te desejo renascida em meu colo, sem despedida.
Tão completamente, que hoje, a saudade deu-me uma certeza… Ainda te amo, como amo cada pétala que deixaste no meu regaço… Cada sentir teu…

Renasce… Vem para te receber.
Os meus braços te querem apertar, minha boca quer envelhecer dentro da tua, tenho fome de ti… Vestida de pétalas ou nua… Fome como uma abelha tem de uma flor, quando lhe rouba um beijo de mel… Como este que hoje recebi na saudade de ti… Por tua vez…


José Alberto Sá

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Amor é...

Amor é…

Eu só quero fazer amor…

Não precisam sair!
Porque…

Eu só quero fazer amor…

E o amor que eu faço… É cor…
O amor que eu faço… É calor…
É doce e suave…
Um voo de ave…
Completamente…
Intenso, muito intenso e delirante
Apaixonante
Por isso fiquem!
Olhem e saciem…
Sorriem…
Suspirem…
E vivam
Porque…

Eu só quero fazer amor…

Tão somente,
que…
Fazer amor é viver feliz
… Simplesmente


José Alberto Sá

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Arrepio poético

Arrepio poético

Arrepio-me pela dimensão amorosa que dou a cada poema, sinto até histeria, o quebrar das regras dos meus sentidos.
Preconizo a dimensão que se escapa da minha cabeça… O poema merece muito mais, muito mais que a vontade do apetecer e eu peço sempre que aconteça.

O poema é mar onde me aventuro.
O poema é folha em branco que preencho e me satisfaz.
O poema… O meu poema é muito mais que onda revolta, que o vento forte que se solta… Meu poema é sentimento audaz.
O meu poema é luz, é amor e é puro.

Arrepio-me pelas florestas lendárias, onde visto de pérolas a minha poesia. Sonho pelas palavras onde desenho mulheres… Mulheres… Mulheres…
Nunca me canso de dizer que amo o feminino… Mulheres… Por isso arrepio-me onde repousa a minha caneta, sim, naquela pele branca que visto de lantejoulas famintas, as minha vontades sensuais.

Arrepio-me se conto fadas adormecidas, amo acordá-las e não é o beijo que dou… É o amor que ofereço do corpo que possuo, o rasgar onde ilustro o que sou…
E sou o suave embalar, o enigma que transgride o pecado, o interdito aos olhos de quem não vive a juventude… Eu vivo juventude… Por isso uso a cegueira do amor… Por isso arrepio-me…
E redobro esta minha apetência pela poesia… Amo a poesia nua… Na minha folha… Na tua linha escrita por mim… Enfim… Simples…
Simples como o arrepio num rasgar de véu… Um poema mais… Amor… Poesia… Um céu…


José Alberto Sá

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Outono

Outono

Rasga-me a folha, ó estação de verde natura
Rasga-me neste tempo, onde a força é vento
Onde a razão é chuva que pinga e me atura
Onde o momento é poesia e alimento

Rasga-me a pele seca e desnudada
Rasga-me cada pétala que se perde na estação
Onde o amor é sol da época molhada
Onde a humidade se sente de coração

Rasga-me o sublime querer num tempo que vai
Rasga-me o soberbo, num outono que se despe
Onde o sol se mescla, e se derrete ou esvai

Onde as nuvens são a vontade d’um céu celeste
Onde o vento traz e leva, o que de ti sobressai
Onde o rasgar foi outono, na nudez que me deste


José Alberto Sá

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Delicias

Delícias

Sonho com um Jardim de delícias, com um espaço que me inquiete, um céu que me desafie e perfume o delírio que existe tatuado em mim.
Sonho que desço a escadaria da perfeição, os degraus nus, ornamentados pela mistura de flores e amores, que sussurram gemidos sensuais.
Sonho com sinais e murmúrios, vozes que me chamam… Noivas de vestidos transparentes, onde se reflecte à luz de um sol sequioso, as delícias do meu jardim.
Sonho com a vida repleta de aromas sinceros… Tão sinceros como cada degrau que vou descendo, cada pedra que piso, sem que exista queixume. Somente sonho e me delicio com os braços estendidos das flores… E são tantas a tentarem segurar o sorriso, que trago desenhado no meu rosto.
Não tenciono escapar, quero sentir as folhas como se fossem o deslizar de dedos em meu corpo.
Sonho sem medo e quero muito sentir o pólen que voa no vento… Aquele que se espalha nas frestas da vontade.
Sonho para que ao acordar, me sinta deitado nas pétalas do meu jardim… Que as flores se misturem de mãos dadas, que rodopiem cantando em redor de mim…
Que cada pétala seja um gesto de amor…
Acordar deste sonho é viver, é amar, é chegar ao jardim das delícias com a certeza, de que as flores são arco-íris do chão, da terra… De um coração sem guerra…
Sonho na esperança de subir de novo cada degrau que desci… E sorrindo, vou subindo… feliz…


José Alberto Sá