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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

A luz de um poeta

A luz de um poeta

Acorda…
Acorda para o mundo
Como acorda um poeta
Uma porta totalmente aberta
Onde o amor é a entrada
A luz da estrada
A raiz que do fundo
Faz nascer a árvore pela entranha
De uma terra que acorda…
Acorda como acorda um poeta
E a luz é tamanha

Estranho!
Estranho… É o acordar,
Acordar diferente de um poeta
Acordar feliz
Acordar em sonho, mente aberta
A luz que acorda o amanhecer de um poeta

Estranho!
… É o acordar abandonado
Não se sentir singelo
Não olhar o lado mais belo
Como o acordar de um poeta,
apaixonado

Acorda…
Acorda, como acorda um poeta
Um coração alerta
Feito de sangue puro
Uma porta aberta
Uma vida sem muro
Acordar…
Amar…
Ser poeta…
Ser na luz do dia… Igual ao céu

Acorda…
Acorda, como acorda um poeta
Acordarás como eu…


José Alberto Sá

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Sei lá...

Sei lá…

Sei lá porque os meus olhos encaram o horizonte,
transformando a íris num farol que ilumina o amor…
Será minha ponte?
A linha que ao longe me parece sempre igual…
Mas para lá… Sei lá…
Sei lá porque a imagino amarrada a mim,
como amarrado está este meu mar angelical

Sei lá…
Sei lá porque as mãos se erguem,
a esse infinito mar que me fascina
E ao longe… A linha da vida…
Uma linha tão querida vestida no horizonte,
para que os meus olhos sejam testemunho do meu sentir
Esse mar que me adoça o sorrir,
pois nele vejo um corpo de menina

Sei lá, se a sereia que imagino abraçada na espuma,
é essa menina perfumada
Uma graciosa flor que plantei no mar do meu sonhar,
pois ela é só uma
Uma linha onde se esconde o sol,
onde a lua se aproxima na maré
Sei lá… Ao que se destina o horizonte
Somente sei que tenho vontade de beber desta fonte
Uma linha por mim amada, nas conversas a um céu,
na minha fé

Sei lá… Sei lá se um dia atravesso em pleno amor este sentir
Esta linha que me suga, na vontade de atravessar
Um horizonte de paz, amor e felicidade
Um mar, uma terra... Toda a verdade
A linha que atrai o melhor do sonho… A linha do amanhã
O amor… Sei lá… Sei lá


José Alberto Sá

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Viver a cor em dias cinzentos

Viver a cor em dias cinzentos

Hoje acordei para viver na imensidão do amor,
pés no chão e um sorriso ao amanhecer
Devagar… Uma luz entrava em meu coração,
uma luz em minha mão que silenciou o reflexo dos meus olhos
Um silêncio perfumado, silêncio misturado com a música sentida,
nas vozes que lá fora, se misturavam com o meu imaginar
… Levitei num sonho misturado nas liras do vento

Hoje fiquei sentado na beira da cama, quis sentir a luz aparecer
Devagar…
Muito devagar, para dançar ao deslizar os pés no chão…
Ao ritmo do silêncio louvado, em mim penetrado… A luz,
Que ao som do meu pensamento, vivia na exactidão do tempo

As liras lá fora, suspiravam num bailado de ondulações,
tudo sentido num céu por mim imaginado
… Abri os olhos… Momento sagrado
Consegui baloiçar no timbre que entrava pela fresta da persiana,
louvado seja aquele momento
Sentado… Rezei a olhar a renda da cortina iluminada
Imaginei como seria belo ver os anjos a dançar… Lá fora
Pois lá fora as liras continuavam a tocar

Calcei os chinelos feitos de algodão, fui correr a persiana,
para que pudesse abraçar todo aquele esplendor
… E ao abrir
Consegui sorrir… Lá fora…
Chovia intensamente e o cinzento do tempo abafava o calor
As liras não existiam, o sol não se mostrava para mim
Os anjos… Os anjos… Nada…
… Somente eu
Sentei-me novamente na beira da cama… Olhei o chão
Fiz silêncio para que pudesse sentir o meu coração

E lá fora… Tudo começou de novo…
As liras continuaram e o sol novamente penetrou

Hoje acordei com este sonho como se fosse uma criança
Hoje sentado na beira da cama… Senti esperança
Numa vida de amor… Vivida no meu interior
Mesmo que do lado de fora o dia estivesse cinzento
Hoje amei e me senti amado… Na vida e no pensamento
Amei toda a música que me iluminou com sua cor…
Num dia cinzento… Mas carregado de amor

Lá fora os anjos… Ainda dançam


José Alberto Sá

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Viver realmente... Como eu

Viver realmente… Como eu

Ser pequeno é ser moço… É ser do meu povoado
Ser sorriso, ser contente, nos trilhos de um céu que se alcança
Viver no ninho de um povo aconchegado…
Ser menino e ser amado
Ser na terra igual à serra…
Grande e verde da cor dos campos… É ser esperança

E este filho que lá caminha, nessa terra de ouro vestida,
também se sente vestido de trigo e alfazema
Semente da alegria nos campos de flores silvestres…
É lá… Que a alma dança…
Canta a cigarra como se fosse ela a minha pequena
Como pequena foi a minha inocência de criança

Ser pequeno é ser rapaz… É ser igual ao meu cantinho…
É ser do mar…
Ser do tempo das águas cristalinas em riachos de encantar
É viver em confiança…
Em prados de chilreios no ar e andorinhas a voar

Ser o eterno menino daquela gente… Ser a verdade falada pela escrita
Ser poeta… Ser escritor…
É ser na dor a mão da pobreza
E o Pai que lá habita… Se sente vestido de amor, no reino de quem acredita
Que ser homem é ser abraço… Ser humilde…
Para que o pão de toda esta certeza
Seja o corpo do trabalho, seja a bênção de um vasto céu sem vaidade
Porque ser a vida, é ser para além do sonho, viver na realidade…
E viver simples como eu

José Alberto Sá

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Quem serei eu?

Quem serei eu?

Serei eu um louco
Ou somente…

Somente um ser triste, que se irrita… Que se amargura
Eu sei que sou louco… Sou quem se humilha
Sou aquele a quem ao amor, chamou de filha
Aquele a quem se deu a toda a largura… Amando o Homem que na cruz, morreu pela gente

Serei eu um louco
Ou somente…

Somente um ser que pensa que tudo merece, serei eu como o pobre que se entristece, pela vida sem vida que acontece
Serei eu… Aquele a quem o sol ilumina a estrada e me leva em torno do que senti
Sinto-me esse ser errante… Contente… Sinto como sente alguma gente
Serei eu… Um louco que somente…
Somente caminha por aí

Serei eu um louco
Ou somente…

Serei com certeza, esse louco
Afirmo…
Sou um louco pelo mundo escrito pelas minhas palavras… E não é pouco
Porque mesmo sendo eu louco…. Afirmo…
Amo o chão como se eu fosse um mendigo
Amo a terra que me viu nascer… A terra que me irá enterrar… Amo o céu… Amo o mar

Serei eu um louco
Ou somente…

… Semente
A lágrima desprendida pelo meu rosto… Uma terra onde a cruz se ergueu
Serei eu…

Um louco que ama e não é compreendido… Talvez um dia me possam ler… Ouvir
Porque posso ser louco… Muito louco por amar… Um Deus ressuscitado
Um Deus por mim amado
E talvez um dia este louco aqui… Se faça ouvir a sorrir
Mesmo que nas risadas de um povo medíocre, talvez a palavra seja a obra iluminada
Pela candeia de quimeras, que nos abraça afagando a dor
São as palavras de um louco…

Este que pensa… Serei eu
Um louco por amor
Com certeza… Sinto em Deus a minha cor.

Serei eu um louco
Ou somente…
… Sou


José Alberto Sá

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Que bom seria

Que bom seria

Ai se eu pudesse ser… Que bom seria
Se eu pudesse ser a noite, ser o dia
Ser a luz… Ser o amor
Ser o caminho que nos conduz… Ser o mar
Ai que bom seria, sentir o calor, sentir o odor e amar

Ai se eu pudesse, talvez nem soubesse o quanto é bom viver
Saber levitar, saber cantar… Saber…
Simplesmente saber…

Ai que bom seria, se eu pudesse deixar ao mundo o que eu quisesse
Deixar em mim, deixar em vós o corpo mais lindo
Deixar em mim, deixar em vós o corpo mais perfeito
Ai se eu pudesse, que bom seria dormir no teu peito

Que bom seria, o mundo a sorrir, o mundo a dançar…
O mundo de mãos dadas
Abraçados em mil beijos e imensa poesia… Sonhar
E viver toda esta magia
Que bom seria…
Se eu pudesse olhar nos olhos e sentir as flores perfumadas

Ai se seu pudesse, que bom seria
Gritar o amor com toda a alegria
Acordar iluminado e ser a razão
Ser tudo que sonho… Ai se eu pudesse
Tudo seria tão bom…


José Alberto Sá

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Tento esquecer-te e não consigo

Tento esquecer-te e não consigo

Por quanto tempo mais, irei escrever este meu livro.
Já rasguei tanta folha, que me dói o peito…
Ferido e sem jeito.
Para justificar as palavras colocadas no lixo sem recuperação, dói-me o coração.
Versos…
Muitos versos de amor, muita palavra sentida, vontade sofrida.
Vontade contida na saudade das folhas amarrotadas e no lixo lançadas.
Por quanto tempo mais, sentirei longe o cheiro das rosas, as folhas onde escrevo e se diluíram em teu perfume.
Essência das palavras que rasguei e sem recuperação, se perderam pela minha mão… Sem um único queixume.
Por quanto tempo mais…
O meu sorriso levará os meus olhos a brilhar, sinto-me triste pelo perdido, num caixote de pétalas humedecidas com lágrimas.
Versos…
Muitos versos sentidos na humidade do meu olhar… Preciso procurar até encontrar.
A cor do sol e das estrelas no rastejar dos meus pés, sou o ser descalço de pensamento, sou o ser que deitou ao lixo parte do encantamento.
Palavras que hoje não mais encontro por aí… Quimeras translúcidas que ainda deixam passar alguma réstia de valor, do ser que habita em mim.
Por quanto tempo mais, minha alma aguenta o sentido das palavras perdidas que ainda me perturbam… Meu Deus porque penso nisto… Por quanto tempo… Sei lá… Alguém me dirá.
Por quanto tempo, o tempo se sentirá capaz de me contar, a razão de no meu lixo ter palavras com valor… Perdidas para sempre… Será amor?
Por quanto tempo mais… Tentei esquecer-te. Eu não consigo…
Este tempo que diz ser pouco… É tempo demais sem ti.


José Alberto Sá

A carta ao destino

A carta ao destino

Eu quero…
Quero deixar claro,
o escuro que envolve a luz do meu pensamento.
Quero que em momento algum, as palavras deixem de fluir,
quero sentir em cada linha que escrevo,
o perfume que vem no vento.

É este vento que te trás até mim…
E de tronco nu o respiro…
É nele que te sinto perfeita.

Venho aqui deixar expresso
a vontade de não te perder…
Continuar a sentir o longe de ti.
Esse longe ingrato e sofredor…
O destino…
A íris de uma bola de cristal que não nos quer juntar,
que não nos quer levar até à luz,
até à imensidão de um sol
que imagino entrar pela vidraça.
… Tu



José Alberto Sá

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Por vezes...

Por vezes...

Por vezes levo-te de mão dada e no entrelaçar de dedos amo o silêncio
Por vezes…
Penso na cor cinza, uma cor que me faz lembrar o frio, porque por vezes tu não estás
E se não estás imagino-te na palma da minha mão… Sentada, pequenina… Minha
Minha é a vontade de te pegar, se por vezes te sonho… Sempre acontece, sempre te sonho…
E por vezes te roubo sem falar contigo… Faço amor
É a fazer amor contigo, que me sinto feliz, tão feliz que relato aqui
Aqui é o agora enquanto escrevo para que possas sentir… sentir as vezes que te tenho
… Sempre te tenho
Raras vezes te ausentas de mim… Tenho-te gravada no meu livro de páginas feitas de sol
O mesmo sol que apaga a ausência do perfumado carinho…
Quando não me dás a mão
Essa divina e macia dádiva que agarro…
Por vezes não me apetece largar
E quando não te largo é para que sintas a força de cada página que escrevo
Cada palavra a ti dirigida, por vezes em cada frase a minha alma te canta
Por vezes sei cantar…
Por vezes sei dançar…
Por vezes…
E são tantas as vezes, que consigo me aconchegar dentro de ti, mesmo que não me queiras, mesmo que te afastes… Sempre te procuro
Sempre que abro o meu livro, desfolho a chorar, por vezes a sorrir, sentindo um rio onde os leitos são verde esperança e te sinto viajar na corrente…
Por vezes chegamos os dois ao mar
Esse mar que me conhece, poeta… Um pequeno escritor de fantasias… Por vezes
Por vezes te invento comigo de mão dada… Sempre te invento
Obrigado pela doce sensação da tua presença… Pois sempre… Sempre
E são tantas as vezes… Que te amo


José Alberto Sá

Desejos ao te olhar

Desejos ao te olhar

Ao te olhar
Sempre desejo ser o mar
Te levar
E nas minhas ondas te abraçar
Te olhar nos reboliços de areia
Sorrisos
E volta e meia
Momentos tão precisos
Que ao te olhar
Eu suspiro…
Sempre desejo no sabor da espuma
Te levar
E te beijar
Nas ondas da água, que te perfuma
Teus olhos, dois girassóis
Que amo pela luz intensa
Igual ao mar que me recompensa
Com ondas feitas lençóis
E ao te olhar
Desejo te roubar
E o frio que sinto na pele
É o mar que te chora
Que te implora
Olhar doce meu… Meu doce mel
Que mais posso dizer
Desse teu altivo e perfeito olhar
Somente nas águas continuar a sofrer
E viver
Te olhar e te amar
Neste meu desejo de mar

José Alberto Sá

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Humedecido pelo beijo

Humedecido pelo beijo

E se a língua humedecer
Repara em meus olhos
Eles sentem o acontecer
Como sente ao anoitecer
A humidade por entre folhos

No céu…
No céu-da-boca
Ela se sente menina e louca
Pronta usar um pedacinho teu
Um corpo que vejo
Com os olhos humedecidos
Pelo desejo

… Humedecido pelo beijo

E nesta dança contigo
A dança que humidifica a razão
Uma sagaz vontade para lá do castigo
Fechada na minha boca
Sentida no coração
Enquanto os olhos teus,
Já vêm a humidade,
para lá do umbigo

E se a língua humedecer
Jamais quero esquecer
O corpo que a recebeu
Na boca… Para lá do céu


José Alberto Sá

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Devagar... Degrau a degrau

Devagar… Degrau a degrau

Se em cada degrau da vida
Não existissem obstáculos
Nada nos daria gozo
As dificuldades são a razão contida
Nas agruras da vida, como tentáculos
Na sucção do tempo e da medida

Por isso…
Caminho subindo devagar
Tentando não tropeçar
Nem divagar
Os degraus também servem para descer
E por vezes é rápido demais
Degraus fatais
Na pequenez cada ser

Parar também não…
Subir tem sempre uma razão
Ir mais além
Sonhar,
para se transitar
Pela luz que nos convém

Esses são os degraus que imagino
Sejam pedra, sejam terra ou de areia
São degraus que volta e meia
Me fazem sentir pequenino

Assim subo até que possa encontrar
Talvez…
Pedindo pouco de cada vez
A voz que me chama
Sejam de luz, de amor… Sejam de lama
São os degraus da chegada ou partida
Degraus que sem obstáculos, nada seriam
Nos valores da humanidade…
Aos que sabem subir,
com amor à vida
Amor ao subir degraus, pela verdade


José Alberto Sá

Foto de: José Alberto Sá.

Flor sem cor

Flor sem cor

Agarrado às pétalas da vida
Fui dizendo…
Quero… Não quero
E cada pétala sentida
Era no doce da vida
Um pedaço de mim

Quero… Não quero

E a flor dos meus sentidos
Eram pétalas rosadas,
tombadas no chão
Quero… Não quero
A vontade do coração

Ali…
Naquele chão colorido
Jaziam as pétalas, como lágrimas
Nuas…
Os olhos da mágoa,
olhavam o sentido
Das flores sem razão
Que desmaiavam no chão
Cruas…

Cruas eram as pétalas da maldade
Nuas as flores sem idade
E eu…
Quero… Não quero…
Continuo feliz

Nuas com sorrisos fechados
Cruas por falta do néctar dos amigos
E eu…
Quero… Não quero…
Ela era a flor, eu era a raiz

Era na vida o caule sem maldade
O acreditar na flor, sem pétalas
Uma flor que falava comigo
Quero… Não quero…
Um mundo em desespero
Sem pétalas, sem folhas… Castigo

Assim a flor vive nua
Caída no meio da rua
Sentindo a cada dia a dor
Crua… Crua
Eu quero… Mas não quero
Uma flor que não tenha cor



José Alberto Sá

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Assim namoro

Assim namoro

Não tenho medo
Que faças amor comigo,
em toda a parte
Não tenho medo
Quando o amor se namora
Quando o toque é arte

Quando…
É sedução
É madrugada
Numa tarde de sensação
Noites em serão
Sem medo da pele usada
Pela noite estrelada
Quando o amor és tu
Corpo sem medo
… Nu

Não tenho medo
Se o mistério é a ilusão
Não tenho medo
Se o corpo em qualquer lado
Se torna tresloucado
Pela vontade… É o vulcão

Não tenho medo da febre
Do calor ansioso
Lava que derrete o teimoso
Somente, por não ter medo
De namorar, se apaixonado

Não tenho medo
Que faças amor comigo
Em qualquer lado
Que faças amor comigo,
até que me farte
Sem medo de ser beijado
Em toda a parte

Pois é em toda a parte, que eu namoro
Contigo presente, sempre presente
Num corpo que sente
A vontade de ti… Em cada poro

Assim namoro


José Alberto Sá

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

A tua folha

A tua folha

Deixa-me ser a folha
Pois somente uma folha,
se prende ao tronco que ama
A essa majestosa árvore, que és tu…

Deixa-me ser…
Não tenho escolha

Sinto de ti a seiva, o néctar por entre a raiz
Esses braços que penetram a terra…
Como se me possuísses
… Devagar

Sinto na mão a cicatriz,
a marca na folha do meu sentir
O sentir que me leva pelo tronco suave,
como se tudo me pedisses

Vem… Trepa…
Eu vivo em teu corpo…
Tão nu como a natureza
Vem… Trepa…
Eu vivo a tua certeza

Deixa-me ser a folha que se desprende
E suavemente cai
Tu… És a terra que me espera…
Imagina…
Entende…
O amor é uma folha desprendida… Um ai
Se cai… Se vem… Se vai

Deixa-me ser a folha da tua árvore,
és frondosa
Seios como frutos sequiosos
E eu… A folha somente que te olha
Como te humedece a chuva que molha
A folha…
Mas te ama… Sempre bela e pura
Frondosa árvore que me segura
Sou em ti a folha…
Sem escolha

Deixa-me ser…



José Alberto Sá

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Onde vais?

Onde vais?

Não me abandones…
Quero deixar claro este pedido…
Nada mais peço…
Nada mais quero…
Nada mais me trás aqui em palavras que escrevo,
no caderno do meu coração.

Quero deixar claro o tempo em que tudo aconteceu…
Onde o nada existe…
Onde a razão persiste…
E tu….
Tu continuas perdida,
até ao dia em que fugirei de mim e te encontre.

Lembro os contornos da estrada,
se me vejo despido pela ausência de um corpo teu.
Teu é a voracidade dos meus desejos…
Teu é a leveza de cada lágrima minha,
que ao tombar no chão,
desmaia para que a ressuscites na tua volta.

Peço-te…
Não vás…

Como posso preencher o vazio,
se nada combina com a tua beleza.
És única e verdadeira,
és única e completa,
és única e pura…
És o complemento da vida que me espera…

Espero-te.

Quero deixar claro…
E que a escuridão não se faça pelo teu caminho…
Vem…
Estou aqui.
Claro…
Para ti… Um dia…


José Alberto Sá

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Uma carta à saudade

Uma carta á saudade

Li algumas palavras que disseste em tempos e hoje recordei-as, por viverem comigo.
Tive receio de as perder… Usei as algemas da minha vontade… Fechei-as em meu coração.
Comigo foi o momento entre o antes e o depois
Entre a ausência e a tua chegada… Quando falamos os dois.
Tentei perceber o que lia de teus lábios… Esses dentes marfim que me sorriam.
O sorriso branco que soltava as amorosas criaturas que me invadiam.
Por vezes essa invasão é o princípio e o fim da história… mas…
Por vezes somente iniciamos… Depois esqueço tudo em redor… Somente existes tu.
Nos beijos a sensação é arrepio… Pêlos erectos… Pele de poros abertos.
Tão aberto que o ar é frio em meu corpo… O suor de ambos sufoca a leitura do teu corpo.
E ambos lemos o mesmo livro… Na partilha do mesmo ai… Do mesmo gemido
Por vezes desejo sentir a cada segundo a fresca sensação da leitura.
E como hoje me lembrei de ti… Quis ler novamente as palavras do teu corpo.
Sempre me lembro de ti… Olho várias vezes a porta… Essa porta fechada por uma chave, que tento encontrar nas palavras do teu livro.
Quero que saibas…
Quando vieres até mim, conhecerás o pulsar de cada palavra… Pedirei que abras a luz, o sangue que escorre como lágrimas pelas linhas não do meu livro, mas de um rosto escrito de saudade.
Preciso da tua chave… Somente vivo enquanto o tempo conta… E na minha conta, existe a soma de um mais um.
Tu e eu.


José Alberto Sá

Quero ler-te

Quero ler-te

Não sei se foi o teu olhar
Se foi a luz que me cegou
Talvez a vontade brilhante
O sorriso a todo o instante
Me levou … Me corou
Com vontade de te levar

Não sei se foi o teu perfume
Se foi a flor do teu cabelo
Talvez o néctar ao respirar
A voz do teu cantar
Aromatizou de caramelo
A vontade de te amar

Não sei se foi a leveza
Se foi o momento cativante
Talvez o ar viciado
O olhar no perfume misturado
Com néctares do ser amante
Com vontade e apaixonado

Não sei se foi por te querer
Se foi, para não te perder
Talvez pelo acontecer
O olhar que me cegou
A fugir para quem me levou
Neste louco apetecer

Basta um olhar que cegue
Não existe corpo que negue
A vontade de te ler



José Alberto Sá

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Um dia serei

Um dia serei

Eu quero ser
O momento
Ser
O desejo
Ser o abraço, o alimento
Ser o prazer
Ser o beijo

Eu quero ser
A bravura
Ser
A textura, o perfil da candura
Ser mente
Ser contente
Arte pura

Eu quero ser
A canção
Ser
O poema
Ser o pulsar do coração
Ser o tema
Somente ser

Eu quero ser
A emoção
Ser
O amor e ser a cor
Ser a mão
Ser calor
Ser a razão

Eu quero ser
O olhar
Ser
A voz e o recitar
Ser que ama e que amou
Ser onde estou
E ser o que ainda não sou


José Alberto Sá

Foi lindo

Foi lindo

… Tivemos
Tivemos longamente
O prazer que nos possuía
O olhar sempre presente
Tão presente
Que até a boca sorria

… Tivemos
Tivemos momentos sentidos
E a dança
A dança nos levou
Por caminhos desconhecidos
Que tão rapidamente passou

… Tivemos
E foi bom
Tão bom, que tivemos sensações
Passos…
Toques em ondulados corações
Que dançaram em nosso meio
A doçura, a candura, a leveza e o asseio

… Tivemos
Tivemos a vontade de desatar
As presas palavras da poesia
E a dança
A dança nasceu pela magia
Perfeição e alegria
A dádiva de quando se alcança

… Tivemos
Tivemos passos destinados
Ao paraíso do momento
E a dança
A dança… Levei-a comigo
Não quero esquecer
O prazer
Que tive contigo
E a dança…
A dança meu Deus…Pois…
… Tivemos os dois


José Alberto Sá

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Nas tuas asas

Nas tuas asas

Vem sentir-te,
maravilhosa
Abre as asas em tons de rosa…
E abraça-me

Não darás por mim
Serei acolhido em teu amor…
E direi que sim

Serei o faminto das tuas asas
Abraça-me…
Serei incenso perfumado
Aromaticamente queimado e abraçado…
No calor das tuas brasas

Vem sentir-te,
sobre o meu peito
Sentirás nas tuas asas o amor perfeito
E saberás distinguir
Nas asas do teu sorrir
O olhar azul,
que dorme junto do teu peito

Não darás por mim
Serei em teu colo,
o menino de amor
Serei a leveza em lábios carmim
E nas tuas asas abraçado, direi de cor
A canção do teu sentir

Vem sentir-te
Abre as asas e deixa-me diluir
Possuir-te



José Alberto Sá