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domingo, 21 de junho de 2015

Verdade

Verdade

Que a verdade seja dita, contigo amor, comigo flor… Acredita!
Que a verdade seja dita…
Que esse teu olhar, quando voltar… Irá brilhar e se saciar junto do meu…
Apenas o coração irá pulsar, os olhos não se saberão desviar e o sorriso saberá partilhar.
Que a verdade seja aquele amor, que olhas na procura, que seja de nossa loucura a vontade da mistura, de duas estrelas que encontrei… No meu e teu olhar…


José Alberto Sá

Quimera

Quimera

A minha quimera, aquela de flores brancas, aquela que busca um amor que existe dentro de mim… A mesma quimera de flores tristes, de flores de amor, que busca uma semente, que busca a felicidade, que existe no meu jardim…

E esta quimera…
Que nua se mistura com o sol, aquele soberbo astro, que me avisa da louca perseguição, do louco coração de uma quimera… Que luta por mim…

E esta quimera de flores vermelhas, de pescoço esguio, que se mistura com o sol, aquele reluzente astro, que mata o frio e me faz esquecer o mal…

Oh quimera de flores, que não me deixas ir embora, quimera mulher, que ama o sol deste belo amor, que passa e não passa, o agora…

Esta quimera de flores pastel, que busca a lembrança, aquela vontade se vier, uma quimera com sabor a mel… Mas se não der…
O sol saberá quem te lê e o meu jardim saberá quem te acolhe… Saberá do desejo de quem te vê… De quem te abraça…
Quimera! O amor não escolhe…


José Alberto Sá

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Eu vivo

Eu vivo

O chão não caminha!
E nele assisto ao fenómeno do tempo,
que nu me convida sem saber se vou.
Talvez vá, talvez irei…
Talvez, ainda não sei!
Pois é este o caminho que me faz existir,
limitando-me a um despertar de admiração
ou a um inconsciente gosto de olhar o chão,
que não caminha!

O corpo ondula,
os pés serpenteiam no alcatrão,
a terra se rompe, a areia se mistura,
o pó se evapora e sol, que alimenta a natura…
Se faz ao chão e tudo ilumina, tudo devora…
O corpo ondula na sombra,
as mãos tocam, os lábios beijam…
O sol ilumina e fertiliza o chão que não caminha!
E as sombras dançam…

Pela graça sinto-me artista,
completo-me neste mesmo chão
e quero que o meu retrato não mude de direcção,
que viva,
que ande,
que corra…
E o chão que não caminhe
ou que somente me veja caminhar…
Como se eu fosse um objecto,
que se faz de pó, de terra,
de matéria,
mas eu… Neste chão sem alegria!
Sou caminho que vive e anda,
num chão que não caminha…
Que me faz ser amor, ser sentimento…
Ser poesia…


José Alberto Sá

terça-feira, 16 de junho de 2015

O brinde...

O brinde…

Por entre dedos, a inocente delícia do teu olhar, tece sobre a carne a malvadeza dos sentidos.
Teces uma mistura de aromas que se confundem, ora com canela, ora com anis. O teu perfume, tudo me diz…
Por entre dedos abro o espumante… Bebes, bebo… Dilacerante, é sentir quando as bocas trocam a espuma… E as línguas se amam…
A taça se mantém erguida, braços entrelaçados e o brinde acontece… Húmido.
A taça verte sobre o inocente olhar que brilha, na se mistura com as rendas de seda e deixas um pequeno desnudar de seios…
Por entre dedos desaperto um botão, taça bem erguida e o brinde escorre, desliza pelos delicados poros… Tocam o umbigo.
Uma pequena porção de néctar se aloja na fenda, os líquidos deslizam e sempre se escondem… Por entre dedos, a inocente noite se faz luar… A lua brilha, a taça se ergue, bebemos em delírio, tudo se entorna e a humidade desaparece no aveludado lençol…
Por entre dedos… Uma noite com luar, uma taça, um brinde… Muito sol!
Tudo arde, tudo é fogo… Tudo é luz… Por entre dedos és uma estrela no meu céu de amar… Inocente ao som da música vinil… Por entre dedos, uma taça e dois corpos a mil… Bebo-te…


José Alberto Sá

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Conflito incurável

Conflito incurável

Penso no meu conflito incurável… Desenhar uma pomba ou soltar o abutre!
Penso no meu erotismo, que ao desenhar uma pomba, imagino-a sem penas, sem pecado, sem questões… Branca e bela.
Penso e me imagino voar com ela…
Sinto-me perito nesta columbofilia de amor… Sinto-me perito e repito…
Amo repetir o meu conflito incurável, desenhar uma pomba ou soltar o abutre!
Se solto o abutre, solto o desmascarar da minha vontade rapina, vontade essa que me habita.
Basta olhar e imaginar o após do desenho, ver o olhar penetrante… O olhar que tenho…
Eu acredito…
Porque penso no meu incurável conflito… A pomba que me faz voar… E acordar esta vontade rapina!


José Alberto Sá

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Sou teu...

Sou teu…

Abre-me a porta!
Danço de pontas e braços abertos
Mas… Abre-me a porta!
Eu no mundo do amor
Sou pleno de beijos cobertos
e de loucuras nas danças em flor

Abre-me a porta!
Espero por ti ao som do violino
Danço de pontas e braços de luz
Mas… Abre-me a porta!
Eu no mundo sou o macio do linho
O branco algodão,
as cores com que te compus

Abre-me a porta!
Danço de pontas e danço sem chorar
Danço na esperança que me abras
Um coração teu a pulsar
Mas… Abre-me a porta!
Danço de pontas querendo beijar
Uns lábios sequiosos, uns seios de amar
E sem deixar de olhar… Tocar… Tocar…

Abre-me a porta!
Danço de pontas na vontade poeta
Se vieres dançar… Sou teu na dança
Sou teu na esperança…
De uma porta aberta…
Abre-me a porta!


José Alberto Sá

terça-feira, 9 de junho de 2015

Vestida para amar

Vestida para amar

Sempre me importo que estejas vestida, amo sentir a arte coberta e erótica…
Tu és sensual por debaixo dessa roupa que te desenha, sinto o panfleto que marca a diferença e me diz a origem dessa tua perfeição… Minha perdição.
Sempre te defino pelo corpo que se mostra, tão perfeito que quase solto na vertical, o que não posso desnudar… Pois sempre te desejo vestida, tal como eu…
Se tenho dúvidas em cessar este meu gozo, este meu desejo capaz de te arrancar os desígnios de um pecado soberbo, arrancar-te pelos botões que te abraçam o peito, arrancar-te pelo fecho que te desenha a deusa, a minha vénus à qual me vergo…
Sempre me importo que estejas vestida… E tu sabes o porquê!
Sabes que amo desnudar-te com o olhar… Sabes que desejo sempre desnudar-te com palavras… Sabes que pela íris és desnudada por mim… Por mim que sempre te vejo nua! Nua e bela na minha imaginação… Amo ver-te vestida.


José Alberto Sá

segunda-feira, 8 de junho de 2015

No alto mar

No alto mar

Quando navego no alto mar, sobe-me a credibilidade, eu acredito que as ondas dessa matéria altiva, moribunda, húmida e salgada, são a razão do meu flutuar por aí…
Quando navego no alto mar toco o limite, sinto o conhecimento, desejo o poder de explorar cada ondulação.
E se fecho os olhos, tenho consciência do mundo invisível…
Que belo é compreender o invisível que nos arrepia as pontas dos dedos…
Quando navego no alto mar eu estudo, sempre sereno e capaz de respirar sob a humidade…
Oh liberdade que sinto…
Oh compaixão lúdica desse vocabulário que geme…
Oh alto mar que me navega… Oh amor que ondulas…
Quando navego no alto mar, toco as estrelas de mastro erguido, de gaivotas gritando, gritos frenéticos repetindo cada movimento, cada baloiçar da hipnose, do ato, dos cinco sentidos que ondulam… Frenesim, estucada…
É alto o mar que desejo…
E lá do alto mar, que olho a terra que me é íntima, é lá que chamo seu nome e espero que me responda…
Rebenta-me nos tímpanos o impulso, Oiço-a gemer…
Olho-a do alto mar que me traz a sua voz…
Quando navego no alto mar, abro meu livro desconhecido, aquele que em terra é absolutamente só meu…
Só, porque dela é cada onda que sinto no alto mar, quando navego e toco o limite…


José Alberto Sá

terça-feira, 2 de junho de 2015

Naquela pedra dentro de mim...


Naquela pedra dentro de mim…

Ao pé daquela pedra a dor renasce, quer relembrar a carência, quer que a decepção de um dia continue a saborear a minha solidão, ao pé daquela pedra onde tantas vezes te senti, te vi e te sorri.

Que faço agora?
A dor que sinto é garrida, dor sofrida, uma angústia que não sei ocultar, ao pé daquela pedra onde tantas vezes me quiseste amar.

Que faço agora?
A nobre dor une-me a este chão, onde plantada sem raiz está a pedra onde tantas vezes escrevi: Amo-te…
Naquela pedra negra onde o amor se fez com um giz.

Que faço agora?
A minha dor já não te obtém, somente sabe que dói e olhar aquela pedra é não te ver lá… É pedir um desejo e ligar-te ao meu imenso prazer… Ter-te de novo, fazer amor e tudo acontecer…

Que faço agora?
Que sinto esta dor sem ódio, este amor sem erro…
Daquela pedra levo comigo todo o Karma… Todo o Nirvana… Tudo que contigo aprendi… A dor com que fiquei, foi para que te libertasses…
Deixas-me sem razão para continuar… Deixas-me abraçado aquela pedra fria…

Que faço agora?
Comigo somente a dor ficou, ficou a pedra fria e negra, ficou o amor que passou…
E hoje ao pé daquela pedra a dor quis renascer… Ainda te amo… Algo que nem o tempo irá apagar…

Que faço agora?
Com esta pedra dentro de mim, que hoje ganhou raiz.
Amo-te… Está escrito com o teu giz…


José Alberto Sá