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quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Mulher

Mulher

Sentado num banco de jardim, eu e todos os homens da terra!
Falei com eles e tentei alertar para o cuidado e amor a dar a todas as flores que se vestem de trabalho, amor e carinho!
Disse-lhes:
Existem flores na terra, como existe flores no mar e também flores na vida que me fazem orgulhar.
Existem flores no mundo, como existem flores dentro de mim, tantas são as flores de amor, como tantas são as que me fazem sonhar.
E a roupa engomada, macia e perfumada, é trabalho de uma flor.
E a loiça bem lavada, brilhante e acarinhada, é trabalho com louvor.
E os filhos plenos de amor, são frutos dessa flor, que os ama com paixão.
E nas limpezas de casa, são flores de muita estima, sorridentes no olhar, mesmo quando a dor está por cima.
Com carinho e doçura é na mesa que levam candura e a nossa refeição.
Aos homens levam calor, abraços e muito mais, são flores destas que eu amo, na educação de meus pais.
Existem flores na terra, como existem flores no mar, com pétalas em forma de desejo e botões a florir na vontade de um beijo.
Existem flores no mundo, que abraçam o homem numa vida qualquer, iguais à flor do meu amor a quem eu chamo… Mulher.

José Alberto Sá

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Pic... Pic... Pic...

Pic… Pic… Pic…

A chuva cai e o vento é flauta que toca ao longe e que sopra os cabelos de alguém que se abriga em mim.
Não sei se cisnes ou flamingos dançam no lago que a chuva forma…
Pic… Pic… Pic…
As mãos tocam-se em silêncio, somente as folhas que passam, se fazem ouvir na mistura melodiosa da chuva…
Não sei, mas conseguia sentir passos de um bailado, quando nossos pés se tocaram.
Não sei que fragrâncias se soltaram, mas foram tantas as flores que vieram para nos ver.
E a chuva… Pic… Pic… Pic… Lembrei de alguns invernos, onde a trovoada iluminava o horizonte.
Fiz-me sorrir e ela fechou os olhos e se aproximou, esqueci por um momento o tempo que beijava o chão.
Os seus lábios róseos caíram nos meus e foi aí que absorvi toda a dança.
A flauta continuou a tocar, as folhas continuaram a se divertir no caminho… Não sei se cisnes ou flamingos, sei que o lago os abraçava com amor.
As nossas mãos continuaram a conversa e os nossos lábios ficaram húmidos… A chuva caía mais forte… Pic… Pic… Pic…
Fomos embora para continuar a ouvir a melodia de um sonho, enquanto chovia.


José Alberto Sá

domingo, 28 de agosto de 2016

E esta senhora

E esta senhora

E esta senhora que vejo descer a escada, é para os outros o modelo de uma informação secreta, para mim é quem me faz parar!
Cada passo que dá, brilha com a energia, a energia que se redobra com o meu olhar…
Cada degrau é desnudado, cada esquina quebrada e cada aresta um pedaço que fere as pupilas gustativas! Passo a língua nos lábios!
E esta senhora desce de olhos fixos em mim, num ondular perfeito, somente um mar puro se equivale a tal beleza feminina!
Os joelhos quase se tocam, os pés dançam para confusão minha e me fazem sentir tonto!
O vestido… Meu Deus o vestido! Quase inexistente, fazendo o meu olhar penetrar quase até tocar a virilha! Quis tocar… Quis sentir… Quis…
Vermelho! Era vermelho o vestido sensual, braços nus e um decote capaz de alterar o descanso de um guerreiro!
E esta senhora que vejo descer a escada… Veio até mim, olhou-me com um sorriso, abraçou-me, beijou-me e de mãos dadas dissemos que sim!
E ainda hoje vivo com ela.
O meu amor!


José Alberto Sá

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Saber amar

Saber amar

Hoje visto-me e dispo-me à minha vontade!
Multiplico as regras que me ensinaram e vivo sozinho nesta confusa multiplicação! A vida!
Vejo fantasma a deambular pela estrada, conheço alguns… Outros não!
Vejo aparências, dúvidas que vão e regressam continuamente como encenações teatrais!
Hoje vou tentar aplicar referências até que sinta e encontre as verdades ou as mentiras da vida!
Desdobro-me no cansaço a ponto de arrancar pedaços de dor que os outros me oferecem!
Vejo músculos atrofiados que em dificuldade se agarram ao esqueleto!
O tempo nada leva! Tudo fica intacto até ao fechar dos olhos… Depois tudo continua!
Vejo deformações que acrescentam lágrimas aos meus olhos e eu não choro! Vivo!
Hoje visto-me e dispo-me à minha vontade!
Hoje vou multiplicar as batidas do meu coração, vou sentir o calor sem hesitar, vou olhar o meu corpo e dar-lhe uma nova roupa!
O tempo nada leva! Hoje vou ser a infância recordada, a adolescência vestida de alegria e vou amar todos os fantasmas que vierem sorrir comigo!
Uns são conhecidos e são bons… Outros não me conhecem, nem eu a eles, serão abraçados e levados no mesmo amor!
Os outros não sabem quem sou e eu quero que me conheçam…
Eu sinto-me vestido num mundo inferior e quero que os outros se vistam na superioridade do tempo que aí vem… Vamos crescer…
Hoje visto-me e dispo-me à minha vontade! E quando vejo fantasmas a deambular na minha estrada, sinto vontade de os abraçar e as lágrimas vivem comigo para nascerem… E eu não choro!
Mas vivo vestido de amor! Visto-me e dispo-me à minha vontade e os outros?


José Alberto Sá

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Quando acordo

Quando acordo…

Quando acordo sinto na luz que me ilumina, uma metade, a parte da imortalidade…
A outra parte é a transgressão e a fuga uma metade que me é indiferente!
Sorrio quando acordo, talvez por sentir a lareira ainda acesa… Talvez pelo instrumento erótico ainda se sentir comigo!
Quando acordo coloco os pés no chão e o sangue desce pigmentando a cor da minha pele, sinto o calor e uma enorme vontade de caminhar…
O destino é esse, caminhar!
Pelo chuveiro corre uma fina e maravilhosa água, dádiva que me convida a um banho… No início é a razão de uns suores que se diluíram no sono, pois antes, muito antes tinha brindado com energia, a luz que me oferecia o amor!
A água lava e purifica a mente para um dia mais… Não há ser humano cem por cento fiel à pureza do banho, mas eu, sinto nele uma parte feminina! Talvez por acordar e tomar banho com ela…
Ela é quem me faz acordar… Ela é o princípio… A metade do meu caminhar… É ela que já lá está e me aceita… Ela a pureza da minha vida… A luz que me acorda e a mão que sinto quando a água escorre sobre mim!
Quando acordo sinto na luz que me ilumina, uma metade, uma parte da imortalidade… … Ela...
A outra metade é a transgressão e a fuga a quem me é indiferente!
O meu destino é caminhar… E a meu lado, quem quiser que venha… A luz é de toda a gente!


José Alberto Sá

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Olho-te

Olho-te

Olho-te e penso ter sido teu criador, terei sido eu a inventar-te?
Talvez em filigrana eu te fiz, talvez tenha pintado esse teu corpo e te tenha esculpido… Nua!
Olho-te quando me vejo no lago, qual Narciso que espreita e ama a sua imagem.
Olho-te e crio em ti, para mim, um modelo único que alimento e desejo.
Pernas, braços, corpo, cabeça… E um beijo!
Ontem, faz já algum tempo, levei-te pela mão e a excelência do perfume saía de ti. Olhei-te vagarosamente sem te largar… Bela escultura, imensa criação que fez pulsar o meu coração.
Hoje, neste preciso momento estamos de mão dada, que beleza táctil, que matéria erógena penetra pelos meus dedos… Hoje não te largo!
Hoje adormeci de mão dada contigo… Hoje acordamos unidos e de mão dada… Sinto-me criador de ti, pois o nosso amor é obra de uma vontade que em mim nasceu…
Talvez num ontem que já escrevi, ou num perfeito hoje que me leva a escrever… Amo-te!
O futuro deixo nas palavras que ainda não escrevi…
O futuro será com certeza, a continuação desta obra de amor.
Ficará gravado nas estrelas um corpo de mulher, amada por mim e desejada muito mais além, se outra vida para mim houver…


José Alberto Sá

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Máquinas

Máquinas

Na fuga ao corpo feminino, ao mundo mulher, detetei que sou fraco e não consigo… É impossível fugir!
Levei o cérebro às máquinas! E até elas me fustigaram a mente!
E nada me resolveram!
O coração bateu… O olhar penetrou e o sorriso quis com elas partir!
Elas… Mulheres!
As pernas tremeram e os braços quiseram abraçar a fuga de contente!
Na fuga, associei-me à bicicleta e nela imaginei sentado um corpo simples…
Um tornado sentado para me devorar! Não consigo imaginar, uma bicicleta sem uma mulher!
Na fuga exaltei-me pela imagem que quis imaginar, uma máquina de café!
A cápsula era levada por ela! Por ela, uma menina donzela, que me fez esquecer o mecanismo triturador do grão… Mãos aveludadas, uma cápsula e o bater do meu coração!
Na fuga ao feminino, levei-me até ao mundo do trapo, imaginei uma máquina de costura, onde os pés ondulavam o pedal, uma agulha subia e descia… Surreal! A máquina tecia… E ela! Mais uma vez ela…
E o ritmo adocicado por aqueles doces pés, levaram-me ao convés da minha fuga ao feminino!
Espreitei por debaixo da máquina! Gerou-se a confusão em mim… Na fuga quis dizer não! Mas o meu coração quis dizer sim!
Na Fuga, os meus dedos tocaram nas teclas, quiseram sentir a máquina! Na fuga o desejo era só um, tentar fugir ao feminino…
Tentativa frustrada…
No amor que habita em meu coração a mulher é paixão…
A máquina é objeto de um chão… A mulher é tudo e por mim amada.


José Alberto Sá

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Naturalmente... Mulher

Naturalmente… Mulher

Não é preciso que te pintes… Mulher
Basta que sejas essa bela natural e guerreira
Sou eu o mestre que pinta, na beleza de uma qualquer
Basta que o teu sorriso solte uma aventureira
Um olhar inquietante e uma vontade de quem me quer

Não é preciso que te pintes… Flor
Basta que nos complexos vícios do teu rosto
Sejas somente um coração de amor
Sou eu que pinto na tela o vinho e o mosto
Num olhar que desejo ver natural e sedutor

Não é preciso que te pintes… Musa
Basta que te sentas amazona e selvagem
Sejas no corpo o ondular para lá da blusa
Sou eu que pinto com dedos em modelagem
Com amor, se me amares liberta e não confusa


José Alberto Sá

sábado, 13 de agosto de 2016

Amor escondido

Amor escondido

Não quero ver-te envolta, nessa roupa que esconde o que de mais belo desejo!
Desnuda-te desse papel famoso, criado pela ilusão de algo, que não sabes onde!
É tão ilusório o teu íntimo feminino, pois a mim não revelas… Nem ao mundo!
Não quero permanecer tal como tu, escondido, quero uma realidade à superfície, mas que penetre bem fundo.
Diria afirmativamente, que basta um avental e para mim já eras perfeita nesse uniforme!
Desnuda-te dessa quimera, vem falar da primavera, dança comigo para que sinta, para que possa voar com estes meus dedos, pela nudez das tuas costas e poder beijar, num beijo enorme.
Não te quero sozinha, nem perdida, quero que venhas e sintas o meu corpo somente de gravata… Não é ilusão e eu sei onde… Onde o amor escondido… Se esconde!
Quando a vida é não-grata.

José Alberto Sá

Ventos de luz

És jardim na cor do teu espartilho, és erótica…
És na cor rosa, uma flor hipnótica, onde me maravilho!


José Alberto Sá

Ventos de luz

Quando rebolei contigo, senti-me na panóplia de um circo, vazio, onde somente o gemido se ouvia!
Foi como se fosse um ensaio, onde no final se ouviam palmas que agradeciam o momento de magia!


José Alberto Sá

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Um café e um poema

Um café e um poema

Tomava café e tu estavas comigo num poema!
Na realidade, estavas ali, poderia até tocar-te ou… Olhar-te simplesmente.
O doce eras tu na mistura do açúcar, que na realidade era eu e tu tão-somente! Tão sozinhos no mesmo papel!
Mexi várias vezes o café e era intocável o corpo que escrevi… O teu!
Mexi várias vezes o café e foi inalterável o poema, estavas tu, estava eu!
Levantei a chávena quente, fumegante… Imaginei-te aromaticamente e te desejei capaz de me inundar a boca.
Nada senti! Talvez tivesse que alterar o poema e tornar-te um pouco mais louca!
O café descia-me pelo peito, quis que fosse os teus lábios, mas tu nada podias fazer, tinha-te prisioneira no meu poema!
Quando coloquei sobre a mesa a chávena, olhei-te novamente no meu poema… Estava escrito o teu toque doce e meloso, estava escrito o teu sorriso atraente e charmoso, estava escrito o teu olhar cativante e da cor do meu café.
Tomava café e tu estavas comigo num poema… E no poema eras minha… Nele és parte de mim e isso ninguém altera!


José Alberto Sá

Ganância

Ganância

A minha ganância é enorme, só te quer para mim…
E a imundice desta ganância é o que imagino e não te digo…
Raramente te desejo assim!
Mas esta minha ganância não tem fim…
E por tanto te desejar, na ganância te quero amar.


José Alberto Sá

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Está frio no mês de Agosto

Está frio no mês de Agosto

Daqui assisto a um frio que vem de ti, não sei porquê…
Mas está frio dentro de mim.
O vento que levas faz-te voar os cabelos e me mostra o nu de uma direção sem rumo.
É vento que sopra, é chama sem fogo… É fogo sem fumo.
É frio que passa, que passa e não fica… Que fica e não quer, um vento que sopra, que sopra mulher…
Daqui assisto ao desejo, ao beijo que vai, que voa no vento, que grita no tempo, num tempo que é frio… Um frio sem fim.
E dentro de mim, faz-se calor de um gelado ardor, que voa faminto no frio que sinto.
E o meu corpo está consciente, da mulher que voa no vento e sorri de contente…
Daqui assisto ao olhar em lágrimas, aos olhos que choram perdidos e se devoram, por não saberem que o frio que sinto é amor.
Daqui assisto ao limite da minha temperatura, não estás, não és, não queres, não vens…
E está frio como nunca senti, de um vento que voa sem sustento e vem de ti.
Está frio no mês de Agosto, o calor é personagem, para alguns miragem, para mim ancoragem… Num frio em mim posto.


José Alberto Sá

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Quando sozinho

Quando sozinho

Tenho tudo á minha volta, quando me sinto sozinho.
E o espaço me aperta, na largura de um caminho.
Tenho tudo e tudo tão perto,
por vezes tão longe, tão longe,
que me vejo num abismo
E o espaço me confunde, me faz crer sem acreditar
Como as águas num autoclismo,
gotas prontas a naufragar

Tenho tudo á minha volta, quando a carne me esfria
E o espaço se revolta, numa volta sem retorno
Tenho tudo, tudo sem dono,
como numa lágrima em nostalgia
E o espaço é noite, é dia,
é loucura em teu contorno

Tenho tudo á minha volta, paredes nuas caiadas
E o espaço são madrugadas, são estrelas aluaradas
Por uma lua lá no céu, que me faz ter a saudade
Que me leva pela verdade, sozinho e em liberdade
A sonhar…
Tenho tudo á minha volta, quando sozinho.
… Para te amar


José Alberto Sá

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

O meu... Mundo

O meu… Mundo

O mundo é pequeno e real,
ele é movimento
O mundo é uma constante da terra,
do mar e do vento
A vida me traz a loucura que amo sentir
E a vida me leva a bravura
que foge a sorrir
O corpo é belo e exuberante
em coisas banais
O corpo é um doce triunfante
em coisas reais
O beijo é lábio que lambe
o perfume do amor
O beijo é lábio que pede
aos outros uma flor
O mundo é meu e só meu
com outros normais
A vida me traz a criança
do tempos dos pais
O corpo cresceu e vive para ser feliz
O beijo é lábio que pede
amor a quem diz
Que o mundo, a vida e o corpo
é real no desejo
Que o mundo, a vida e o corpo
são como num beijo
Num mundo pequeno e grande
na vossa proporção
O mundo, a vida, o corpo
e o beijo são do coração… Do meu… Mundo!


José Alberto Sá

terça-feira, 2 de agosto de 2016

A dança

A dança

Bailarino é o quanto me sinto no espaço e no átrio da imaginação.
Em cada passo possuo fenómenos, de retratos que um dia me mostraram.
A moldura me faz erguer os olhos e rodopiar em êxtase, sempre te imagino deitada no chão.
O vidro estala com o frenesim de cada estucada, o amor que emprego na dança e te vejo no sonho… Imaculada.
Os braços os ergo ao céu, para que possa dançar em tua direção.
Os dedos movimentam-se e me levam a imaginar a imundice do amor.
Seja tango, balsa ou salsa eu danço pela graça do artista, sou bailarino na inquietação.
Entre corpos conscientes, abro o meu peito e me deito contigo no átrio do teu coração.
Bailado encontrado, na ignorância imunda do espaço que imagino… O teu!
Teu é todo o espaço onde me vejo dançar e inocentes são todos os espectadores que me olham e querem o meu lugar.
Muito raro é ter uma imaginação imunda, mas hoje quis dançar sem preconceitos…
Hoje sou bailarino no átrio do teu corpo, sem exceção… Todo ele me afunda… Todo ele é meu!
Pois… Bailarino é quando me sinto sozinho e sonho sem limites.
Vem e dança sem exceção… Eu acredito na dança e espero que também acredites.
Uma imundice de toda a cor… E corpos imundos no chão…
Dançando no átrio do amor.



José Alberto Sá

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Se comigo for

Se comigo for

A tua voz de certo modo
dilata-me a íris do olhar
Faz-me soltar no céu-da-boca
uma língua inquieta
A tua voz sabe dosear
o grau que faz exibir
algo que sonha e quer continuar
Na voz de um poeta

E a tua voz grita cristalina,
na língua que saboreia de boca aberta
É tão nua a tua voz,
que me apetece vestir
essa garganta de menina
De poema numa voz que me desperta

A tua voz suspende-me as ideias
e faz-me flutuar sobre os sons suaves de ti
É tão nobre e doce a tua voz,
que ao fechar os olhos te vejo nua e minha
Tão minha que não consigo falar,
somente escutar
uma voz como nunca ouvi

Uma voz que sabe sentir,
como sabe a saliva resistir
à vontade do teu amor
A tua voz na perfeição, no poema,
na canção e a falar se comigo for


José Alberto Sá

Uma metade completa

Uma metade completa

Se for preciso,
ao cobrir o corpo serei metade de mim.
Uma metade estimulará a curiosidade
e a outra será ausente.
Uma metade,
será doente pelo amor que me faz sofrer,
a outra, que será em fim?
Se for preciso, uma metade não terá tabus
e serei homem…
Pela outra metade, serei quem sente.
Uma metade será forma, será razão,
a outra será ou não.
Uma metade será simples como eu,
a outra será terra ou será céu.
Se for preciso, uma metade será luz e amor,
a outra será se for…
Uma metade será completamente,
a outra será semente.
Uma metade será meu corpo e o teu,
a outra será mente, serás tu, serei eu.
Se for preciso, numa metade serei poeta.
Talvez a outra seja, para quem me beija
uma metade completa.


José Alberto Sá