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quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Olho-te

Olho-te

Olho-te e penso ter sido teu criador, terei sido eu a inventar-te?
Talvez em filigrana eu te fiz, talvez tenha pintado esse teu corpo e te tenha esculpido… Nua!
Olho-te quando me vejo no lago, qual Narciso que espreita e ama a sua imagem.
Olho-te e crio em ti, para mim, um modelo único que alimento e desejo.
Pernas, braços, corpo, cabeça… E um beijo!
Ontem, faz já algum tempo, levei-te pela mão e a excelência do perfume saía de ti. Olhei-te vagarosamente sem te largar… Bela escultura, imensa criação que fez pulsar o meu coração.
Hoje, neste preciso momento estamos de mão dada, que beleza táctil, que matéria erógena penetra pelos meus dedos… Hoje não te largo!
Hoje adormeci de mão dada contigo… Hoje acordamos unidos e de mão dada… Sinto-me criador de ti, pois o nosso amor é obra de uma vontade que em mim nasceu…
Talvez num ontem que já escrevi, ou num perfeito hoje que me leva a escrever… Amo-te!
O futuro deixo nas palavras que ainda não escrevi…
O futuro será com certeza, a continuação desta obra de amor.
Ficará gravado nas estrelas um corpo de mulher, amada por mim e desejada muito mais além, se outra vida para mim houver…


José Alberto Sá

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