Sou nada
Quero me esconder
debaixo de um paralelo
Daqueles que estão
cravados no meio da rua
Quero me diluir em
tinta, em tons de azul ou amarelo
Daquelas cores que
servem para tatuar a carne crua
Quero ser
diferente
Debaixo do paralelo
seria perfeito
Pintado a duas
cores seria bicolor
Queria ser somente
Diferente do
paralelo que me causa a dor no peito
Uma pedra que sempre
me tortura com a mesma dor
Este mundo onde
vivo
Mundo de paralelos
sem cérebro
Que mesmo assim...
Ficam por cima de mim
Mundo de tinta sem
cor
Que mesmo assim...
Pintam as flores do jardim
Não interessa as
pedras que atiram
Não interessa as
cores que nos pintam
Interessa sim...
Que eu viva debaixo da pedra... Pobre de mim
Interessa sim...
Que me pintam de mil cores...
Camuflado com os
que gritam
Neste mundo onde
vivo
Quero me esconder
debaixo de um paralelo
Pelo simples facto
de já não ter cor
Quero me diluir em
tinta para que não me vejam
Ser uma das cores
do arco-íris... Pode ser o amarelo
Ou ser a pedra do
mar, do rio,
mas não ser a
pedra dos loucos que me apedrejam
Mundo de loucos
onde vivo
Este mundo de
pedras ricas
Onde os pobres se
escondem, sem um abrigo
Onde eu não fico,
sabendo que tu ficas
Tu mundo onde eu
não vivo
José Alberto Sá
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