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sábado, 28 de julho de 2012

Poeta na simplicidade


Poeta na simplicidade


S implesmente quero desabafar
E screver vontades
R aciocinar verdades

P oetizar o mar
O lhar a terra e amar a serra
E ntreabrir as portas do desejo
T ertúlia do beijo
A mar…

N obres são as carícias da mente
A berrações de um tempo desesperante

S audades ou vício premente
I man de corpos… Ser amante
M ovimentos suaves horizontais
P enetrações oblíquas ou verticais
L embranças do passado
I magens do presente
C iência do futuro
I rmandade do ser amado
D om de um ser consciente
A mor na perfeição do ser puro
D om tatuado em cada poeta
E scritos de porta aberta

José Alberto Sá

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Junto ao mar


Junto ao mar

Fixei-me na saudade do inexistente
Deixei soltar uma lágrima, o meu chorar
Serrei os olhos, lembrei o ausente
O silêncio quebrado pelas ondas do mar

Imaginei que me surgias das rochas
Corrias para mim, suave e pura
Trazias luz num corpo nu, luz de mil tochas
Tive medo de abrir os olhos, mente insegura

Cabelos soltos da cor do sol… Perfumados
Sorriso rasgado e dentes diamante
Branquinha de pele, aroma de apaixonados

Mais uma lágrima de um sofrido instante
Lembrança de te ter comigo, em momentos tatuados
Um chorar de saudade… desejo galopante


José Alberto Sá

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Aos poetas


Aos poetas

Na suavidade da vida
Aprendemos as cores
Alegria da vinda, a saudade da partida
Sentimos a fragrância das flores
Percorremos o ondular das montanhas
Ouvimos a voz mais amiga
Imaginamos o gemido das entranhas
O desabrochar da espiga
Os poetas são como eu
Devoram palavras, dando-lhe significado
Abraçam o azul do céu
Oram pela dádiva, ao Deus amado
Na suavidade do vento
Tentam voar
Contar as horas, aproveitar o tempo
Tempo que amam no recitar
Calmamente tentam falar com sentido
Amor apetecido
Raiva ou ódio também
Falar do Pai, amor de Mãe
Calmamente deixam a porta aberta
Dão de coração palavras em poesia
Ser assim é ser poeta
É ser mundo, ser vida, ser magia

José Alberto Sá

Sem palavras


Sem palavras

Não sabia que palavras escrever
As linhas me pareciam teias com orvalho
Tecidas pela vontade de minha mão
Mas a inspiração…
Queria de mim desaparecer
O meu caderno era no momento o retalho
Um pedaço sofrido de meu coração
Não sabia…
Até que uma mão, uma flor apareceu
Uma beldade vinda do céu
Uma delícia
Mãos de perfume, uma carícia
Naquela folha, que antes nada tinha
Apareceram delirantes palavras
Cada uma na sua linha
Eu sorria e tu sonhavas
Ambos estávamos embebidos na poesia
A tua mão na minha…
Fazia acontecer a loucura
A verdade,
a vontade, a magia
Mão suave, sorriso doce, mente pura
Regressou a inspiração
Palavras de tua verdade
Palavras do coração
Escrevemos os dois, louco fervor
Em cada folha um desejo
Em cada palavra nasceu amor
Em cada linha demos um beijo
Em cada vírgula suspiramos
Em cada ponto…
Amamos

José Alberto Sá

Sede de ti


Sede de ti

V oltas e mais voltas, deambulando
I maginei-te nua
N ua e perfeita ao meu reflexo
H ilariante enquanto ia tombando
O vinho e o rum, bebido no meio da rua

R ua triste sem nexo
U m trago, só mais um trago
M esclado sabor de acidez

O teu olhar que não estrago
U m perfume azedo a vinho… Talvez

A tua essência perdida
G aguez por falta de pinga
U ma pinga amor… Querida
A guardente, o fogo quando finda
R esposta ao vazio, à ausência
D eambulando pelo vício
E mbriaguez da paciência
N ua somente no meu imaginar
T ontura perto do precipício
E m ti, no teu sabor, o meu acreditar

José Alberto Sá

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Procuro-te


Procuro-te

Alguém apagou a luz
Quiseram parar o mar
Alisaram o deserto
Pecaram sobre Jesus
Mentiram ao luar
Mentiram ao mais certo
Alguém parou no meio da estrada
Quiseram apagar o sol
Reduziram o tempo a nada
Arrancaram as pétalas ao girassol
Alguém calou, querendo falar
Quiseram tudo sem objecção
Alisaram os montes pelo pecar
Ofenderam meu coração
Alguém disse que me amava
Quiseram-me elevar sem medir
Alisaram o vento que me refrescava
E hoje… Nem o meu simples sorrir
Onde está a musa que me quis?
Onde está a musa que me pediu?
Onde estás musa de seu nariz?
Onde estás musa que me feriu?
Alguém amava poesia
Quiseram que eu fosse poeta
Alisaram as palavras da minha euforia
E me levaram ao céu do cometa
Alguém me amou e não me quer
Mentira seria dizer que me esqueceu
Alisaram o amor se ela vier
Se ela sentir que ainda sou eu
Alguém me quer assim perdido
Alguém me lê e não diz
Alguém me ama no silêncio esquecido
Alguém que procuro… Na poesia que fiz

José Alberto Sá

Queria, mas não...


Queria, mas não…

Queria ser livre
Poder voar sobre o mar
Nadar nas ondas do prazer
Ter o vento como nunca tive
Poder rebolar na luz do luar
Voar no pôr-do-sol ao anoitecer
Queria correr sobre as areias
Sobre pedras e diamantes
Queria abraçar o mundo das sereias
Viajar pelas grutas como amantes
… Que vontade eu tenho
Que loucura a minha não ser
Porque fiz a jura que desdenho
Juntar amor sem apetecer
Queria ser livre para falar
Dizer de minha justiça
Falar em gritos de amar
O amor que me atiça
Erro o meu… Ficar fechado
Livre seria se o tempo fosse verdade
Hoje sou o tempo de prisão
Onde estás ó liberdade
Que me fazes viver da claridade,
de meu coração
Queria ser
Mas não sou
Queria ter
Mas o tempo calou
Um dia quem sabe se terei
Uma vida de paz e amor
Uma vida de rei
Uma flor

José Alberto Sá

terça-feira, 24 de julho de 2012

Infinito amor


Infinito amor

Porque dizem que amam
Se não sabem o significado
Porque dizem que adoram
Se não sabem o outro lado
Porque dizem que desejam
Se os seus olhos trovejam
Amar… É amor e nada mais
Adorar… É para além dos céu dos parais
Desejar… É querer, ser forte
Amar até á morte
Porque dizem tais aberrações
Se não dão valor aos corações
Porque gritam amor
Se não agradecem o louvor
Dar a mão é amar
Abraçar é adorar
Beijar é desejar
Então…
Porquê hoje… Amanhã não
Amor… É algo que nem todos conseguem
Adorar… É algo que nem todos perseguem
Desejar… É algo que todos pedem
Mas…
Existe sempre um mas no amor
Uma dor
Então… Não digas ao desbarato
Palavras com este valor
Não sou eu que agradeço,
a vossa semente
É o mundo que fica grato
Pois a vida é de quem sabe amar
… Para sempre

José Alberto Sá

Depois de levitar


Depois de levitar

Depois de levitar
Sobre as palavras que ia escrevendo
Tive a necessidade de descer
Meu corpo precisava desabafar
Uma vontade, que mesmo não sendo…
… Dizia
Que minha língua precisava de prazer
Precisava do jogo das palavras
Precisava do suplemento
Precisava das âncoras, apertos
Do linguado quando me cravas
Desci ficando atento
Á vontade da língua, em corpos abertos
Depois de levitar
Depois do acto sexual…
Amor ou fiasco
Imaginação activa, contacto carnal
Louco amar
Aberto ou fechado como num frasco
Desci para ancorar na alquimia
Compulsão erótica
Depois de ter levitado na palavra erecta
Talvez mania
Coisa hipnótica
A procura da meta
Levitei ancorado em figuras
Glândulas genitais
Pensamento repleto de fissuras
Amando o abismo
Enigmas fatais
Desci mostrando o falo
Depois de ter levitado sobre o traço
A possibilidade que não calo
Começo da verdade, nudez do abraço
Depois de levitar… Acordei
Desci para a terra
Hoje amo, como sempre amei
Na paz do levitar, descendo sem guerra

José Alberto Sá

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Mentira ou verdade


Mentira ou verdade

S ensível dizias ser
E talvez não sejas
N ão te julgo, quem sou eu
S omente analiso o teu querer
I mpio de luz sou quem desejas
B eleza interior que viste do céu
I rmã da pureza
L ua em toda a claridade
I rmã do mar
D iva em perfume, sua alteza
A mante da mentira ou da verdade
D edicada menina ao amar
E xtasiavas a minha vontade

F alsa como judas, talvez não!
A ti quero colocar o meu acreditar
L amparina do meu coração
S ó tu me podes hoje dizer, se és verdade
A manhã será tarde

José Alberto Sá

Porque me chamas?


Porque me chamas?

José…
Alguém chamava pelo meu nome
Voz feminina
Voz de menina
Timbre suave, toque de fé
José…
Novamente suou
A voz que me chamou
Fez eco ao fundo da colina
Voz de menina
José…
Nome que me fazia parar
Escutei de onde vinha
Aquela voz de menina
Que não parava de chamar
José…
Doce era o hálito recebido
Lábios singelos
Olhar comprometido
Pelos ombros os cabelos
José…
Sou eu… A menina que te quer falar
Não vim do céu
Vim do outro lado do mar
José…
Sou eu… que vim para te amar
Talvez ficar
Se me aceitares a teu pé
José…
Amor que não esqueço
Abraça-me se achares que mereço
Desejo-te e por isso te peço
Dança comigo a minha canção
Olhos nos olhos… Amor
Encosta-te a mim e sente meu coração
E no teu ouvido direi um sussurrar
Cheirinhos a flor
José…
Te quero levar

José Alberto Sá

domingo, 22 de julho de 2012

Teu perfume


Teu perfume

Hoje não sentia o ar do costume
O mar já não era salgado
O verde das árvores tinha queixume
Hoje em mim, existia um outro perfume
Delícia de um ar apaixonado
O vento nada me dizia
As flores invejavam o cheiro meu
Hoje eu passava aromatizado pela alegria
Odor de um corpo vindo do céu
Um perfume de além-mar
Fragrância simples, pura, bela
Aromático cheiro que apanhei da janela
O perfume do teu olhar
Mesmo daí, desse lugar que não sei
Sinto o teu aromatizar
Aromas de um rei
Hoje no meu banho, vou-me esfregar em ti
Quero teu cheiro, em mim envolvido
És o melhor elixir, o mais belo que senti
E me sinto inundado pelo teu fluido
Hoje acordei contigo na pele
O teu sorriso é o toque da minha juventude
Tu és o meu pedido,
para que este perfume nos sele
Sinto-me enaltecido
Pelo teu cheiro, que não quero que mude
Consigo levitar no jardim que me deste
O teu corpo é a essência do amor
Ele é a vontade que me despe
Um perfume de ti, como se fosses flor

José Alberto Sá

sábado, 21 de julho de 2012

Nasci


Nasci

Nasci da chuva
Nasci da Uva
… Do vinho eu nasci
Nasci da terra
Nasci do linho
… Da serra onde cresci
Nasci do mar
Nasci do luar
… Do pão onde eu comi
Nasci do chão
Nasci do pó
… Da mó onde moí
Nasci do vento
Nasci do tempo
… Da rama onde rompi
Nasci da chama
Nasci da lama
… Da luta onde sofri
Nasci da fruta
Nasci do céu
... Do véu, de onde surgi
Nasci da carne
Nasci do amor
… Do charme onde te vi
Nasci da flor
Nasci do sémen
… Do éden onde corri
Nasci da mãe
Nasci também
… Da vida que me sorri
Nasci ali
Nasci aqui
… Nasci

José Alberto Sá

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Ele é doutrina


Ele é doutrina

D eus
O olho que me vigia
U m dedo me aponta
T extos, poesias, escritos meus
R azão da aprendizagem na luz do dia
I rmão da minha conta
N obre Senhor da alegria
A mor, paz que em mim desponta

E le me ensina

E levação dos céus em seu pai
S uco divino da minha rima
C oração de amor que em mim cai
O meu Mestre, meu Senhor
L etra minha, por Ele amada
A alma de poeta, por Ele pensada


José Alberto Sá

Amigos


Amigos

Chamo pela amizade
Quantas vezes prenunciamos… Olá amigo
Nem medimos o valor
Não medimos a verdade
Não acrescentamos abrigo
Não olhamos ao amor
Simplesmente dizemos… Olá quero-te
Simplesmente dizemos… Olá espero-te
Ou… Quero ser teu
Mas eu…
Sou o pedido para que sejas meu
Meu amigo…
Por vezes… Não olhamos as palavras
Não olhamos o sentido
Os amigos são corações onde lavras
São o achado e não o perdido
Quando peço amizade
Peço amor também
Amizade verdadeira
Peço liberdade
Carinhos mais de cem
Peço amor, pois sem ele
A amizade é passageira
Obrigado aos meus amigos que ainda o são
Vós sois amor
Sois carinho
Sois harmonia
Sois emoção
Sois no meu jardim a melhor flor
Sois nos passarinhos o melhor ninho
Sois a minha alegria
Aqueles que não me querem como amigo
Eu vos dou colo
Eu vos dou amizade e abrigo
Vos dou o meu solo
Todos os amigos são os meus olhos
Todos são a minha inspiração
Amigos… Tenho-os aos molhos
Gravados no meu coração

José Alberto Sá

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Espelho


Espelho

Estavas reflectida no espelho
Quis espreitar
Curiosidade de algo proibido
Fiquei vermelho
O calor do meu corar
Estavas molhada, imaginei ter-te bebido
Olhaste para mim
Sabias que eu te espreitava
Sorriste com perfume de jasmim
Teus olhos sugaram-me,
o coração palpitava
Deixaste cair a toalha de linho
Dei um passo em frente
Senti-me em teu ninho
Linda princesa…
Quando abriste os braços docemente
Eu dei mais um passo e abraçamo-nos
Voamos para o tapete… Que subtileza
A cada gesto teu, me fui despindo
Amamo-nos
Em gemidos que foram surgindo
E ali no tapete…
O amor sempre se repete
Sempre que te vejo ao espelho
Sempre que fico vermelho
Sempre igual, somente amor
Do preliminar, à diversidade, ao suor
Da vontade à verdade
Até que o espelho fique embaciado
Loucura reflectida quando tudo se promete
Pernas, braços, beijos… Total emaranhado
Pela culpa do espelho que te reflecte

José Alberto Sá

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Tu não estás


Tu não estás

Procuro-te pelo jardim do meu sol
Somente sinto calor
Tu não estás
Procuro-te por entre amarelos de girassol
Somente me encho da mesma cor
Tu não estás
Atrás…
Atrás das nuvens talvez
Vou tentar
Atrás do céu, por entre as estrelas
Verei uma de cada vez
Até no mar, te irei procurar
Por entre as ondas de caravelas
Procuro-te por entre as algas das marés
Somente sinto humidade
Tu não estás
Procuro-te da proa ao convés
Somente o vazio aparece
Tu não estás
Atrás do meu relógio, o meu pulsar
Por favor, o meu amor não te esquece
Vou tentar
Procurar no fundo do mar
Vou ver se sou capaz
Quero-te amar
Procuro-te no silêncio das palavras
Tu não estás… Para me falar
Procuro-te no amor do perdão
Talvez te encontre, pelo amor, pela paz
Por um lindo coração
O teu, o meu
Talvez me apareças vinda do céu
E aí deixarei de procurar
Correrei para teus braços, para te beijar
Dançarei contigo sem respirar
E num sussurro te direi
Quero para sempre te amar
Procuro ainda sem sorrir
Tu não estás…
Mas não irei desistir


José Alberto Sá

Invadido pela vontade


Invadido pela vontade

Fui invadido por uma vontade enorme
Vem…
Anda…
Te espero…
Meu corpo sente vontade de mais
Teu cheiro me consome
Ele tem…
Ele manda…
É ele que eu quero…
Sonhos reais
Sinto falta da tantricidade
Melodia do corpo em êxtase, lentamente
Meu bem…
Meu amor…
Sou-te sincero…
Talvez tenha voltado a mocidade
Teu corpo lindo, meu corpo ardente
Te quero…
Sinto-me com vontade de fugir
Correr ou voar sem direcção
Talvez te encontre
Vem… Amor do meu sorrir
Anda… Amo teu coração
Te espero encontrar nesta fuga
Hoje… Não olho os ponteiros
O tempo vai parar
Vem amor meu… Seremos os primeiros
Amores da poesia
Um louco amar
Vem amor meu… Vem bailar com alegria
Assim sentir-me-ei invadido contigo
Vem…
Terás um abraço, um beijo, um abrigo
E tudo valerá a pena
A fuga e a união
Hoje fui invadido, pela minha pequena
E foi tão bom…

José Alberto Sá

terça-feira, 17 de julho de 2012

Beija-flor


Beija-flor

Do alto do céu
Sentindo as estrelas
Senti-me voar
Tanto amor... Dali... Tudo era meu
De lá de cima avistei caravelas
Voavam no mar
De lá de cima gritei
- Eu sou um passarinho
Cores de pastel, quantas mil eu apanhei
E dos floridos jardins, eu fiz um raminho
De lá de cima
Eu era um passarinho cantando
Poemas em alta voz, quanta rima
De lá de cima...
Amava tudo
Tudo que ia devorando
Que bom ser passarinho, saber voar
De lá de cima avistei, algo belo e brilhante
De lá de cima avistei, que alguém me acenava
Alguém me queria falar
E eu, o passarinho que voava...
Desci...
Nas asas de um sonhar
Um passarinho que voava no amor que senti
E quando no chão
No meio da multidão
O que brilhava era o amor
E eu o passarinho
Abracei-o e com ele novamente voei
Voei com o meu beija-flor
Estava na terra o céu que ganhei

José Alberto Sá

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Fechado


Fechado

Soalho rompido
Pelos passos repetitivos, querendo amor
Para trás e para a frente
Rasgar de pele no abrasivo
Pés descalços… Uma urticante dor 
Crente… Mente… Somente
Sou o caminho feito no corredor
Sou as paredes frias, que me arrefecem
Sou um pedaço de jardim sem flor
Sou o poeta que todos conhecem
Hoje sou a companhia das teias de aranha
Não tenho tempo
Não tenho manha
Quero-me sujo
Longe do dia e da noite não fujo
Quero-me só
Longe do vento
Moinhos sem mó
Sou o soalho por onde passo
Sou o vulto assustador das paredes brancas
Só penso em ti
Somente lembro teu abraço
Sou o ser fechado com sete trancas
Tu… Ocupas todo o meu espaço
Tu… Ocupas todo o meu pensamento
Por isso sou o soalho rasgado
Para trás e para a frente
Num corredor apertado
Sozinho para ti… Querendo ser gente
Salva-me amor deste caminho
Espero pelo teu sorriso
Diz-me amor meu, qual o teu cheirinho
Que me levará até ti…
Eu de ti preciso
Meu soalho não aguenta
A terra, o cimento, o alcatrão
Se mostram através do soalho
Salva-me desta urticante pimenta
Deste alçapão
E leva-me por outro atalho
Mas leva-me… O sol e a lua estão lá fora
O céu e as estrelas brilham pela vontade
Leva-me contigo amor… Leva-me embora
A chuva, tu e eu… Liberdade

José Alberto Sá

A tua ausência


A tua ausência

Tenho necessidade de explicar
O sentido da ausência
O medo da distância
Tenho de exemplificar
O sentido da persistência
A medo do sufoco pela ânsia
O amor…
Mesmo não estando por perto
O amor…
Mesmo que além-mar
A voz que me penetrou
O som melódico vinda no vento
O aperto
O abraço sem abraçar
O beijo sem beijar
O amor…
O meu exemplificar
Aquilo que quero, aquele que sou
Por isso persisto
Na ansiedade de te conhecer
Se assim não for, porque existo?
Qual a razão do meu ser
Passo a explicar o círculo fechado
Um amor sem chave
Um sorriso feminino, que me tem levado
Num voo de amor, na beleza de uma ave
Tenho necessidade de ser adolescente
Namorar o bom da vida, o amor que vi
Explicar ao medo que o amor não mente
E que a distância é já ali
Esta é a minha explicação
Para um olhar triste, pela metade
Para o rosto fechado, pela distância
Para o aperto de um coração
Ao amor a minha importância
Para ti a minha identidade
Amor e saudade


José Alberto Sá

Cheirinho


Cheirinho

C aí sobre o elixir perfumado
H armoniosamente voei sobre o teu odor
E stavas linda, belo peito
I nimitável o teu cabelo ondulado
R aiz de uma donzela em amor
I nimitável o teu sorriso onde me deito
N ua da cor da neve
H onrosa menina do seu jeito
O meu corpo, o teu amor pede

A tua voz é morango

M armoreado é o teu carinho
O lhos de luz, claridade imensa
R osada na face, perfeição
A ve-do-paraíso, meu éden, meu tango
N avego em teu perfume, minha recompensa
G lória a tua em meu coração
O meu arco-íris, com cheiro a morango

José Alberto Sá

domingo, 15 de julho de 2012

Vagueio por aí


Vagueio por aí

Rasguei a estrada
Fugindo das esquinas escuras
Passeios perseguidores do caminho
Violência na vida do nada
Fugas em esquinas de mentes impuras
Degraus em desalinho
Vagueio por aí
Árvores querendo abraçar o céu
Fugindo do alcatrão
Pássaros me perseguindo
Sentindo o calor de um amor meu
Sombra das nuvens caídas no chão
A minha fuga… Não sei quando findo
Vagueio por aí
Arranha-céus em queda
Pontes quebradiças
Rios sujos, ninguém os veda
É este o mundo vadio com que me atiças
Fontes sem água em pedra mole
Mar salgado sem sal
Areia de pedras feridas,
não tem quem as console
Ventos do mal
Mentes perdidas
Vagueio por aí
Talvez encontre a outra margem
Vou procurar da serra até ao mar
Do céu à terra do meu chão
Outra aragem
Outro amar
Outro coração
Por agora… Vagueio por aí

José Alberto Sá