Viver a cor em dias cinzentos
Hoje acordei para viver na
imensidão do amor,
pés no chão e um sorriso ao
amanhecer
Devagar… Uma luz entrava em
meu coração,
uma luz em minha mão que
silenciou o reflexo dos meus olhos
Um silêncio perfumado, silêncio
misturado com a música sentida,
nas vozes que lá fora, se
misturavam com o meu imaginar
… Levitei num sonho misturado
nas liras do vento
Hoje fiquei sentado na beira
da cama, quis sentir a luz aparecer
Devagar…
Muito devagar, para dançar ao
deslizar os pés no chão…
Ao ritmo do silêncio louvado,
em mim penetrado… A luz,
Que ao som do meu pensamento,
vivia na exactidão do tempo
As liras lá fora, suspiravam
num bailado de ondulações,
tudo sentido num céu por mim
imaginado
… Abri os olhos… Momento sagrado
Consegui baloiçar no timbre
que entrava pela fresta da persiana,
louvado seja aquele momento
Sentado… Rezei a olhar a
renda da cortina iluminada
Imaginei como seria belo ver
os anjos a dançar… Lá fora
Pois lá fora as liras
continuavam a tocar
Calcei os chinelos feitos de
algodão, fui correr a persiana,
para que pudesse abraçar todo
aquele esplendor
… E ao abrir
Consegui sorrir… Lá fora…
Chovia intensamente e o
cinzento do tempo abafava o calor
As liras não existiam, o sol
não se mostrava para mim
Os anjos… Os anjos… Nada…
… Somente eu
Sentei-me novamente na beira
da cama… Olhei o chão
Fiz silêncio para que pudesse
sentir o meu coração
E lá fora… Tudo começou de
novo…
As liras continuaram e o sol
novamente penetrou
Hoje acordei com este sonho
como se fosse uma criança
Hoje sentado na beira da
cama… Senti esperança
Numa vida de amor… Vivida no
meu interior
Mesmo que do lado de fora o
dia estivesse cinzento
Hoje amei e me senti amado…
Na vida e no pensamento
Amei toda a música que me
iluminou com sua cor…
Num dia cinzento… Mas
carregado de amor
Lá fora os anjos… Ainda
dançam
José Alberto Sá