Deixei
sem vontade de deixar
Deixei
de pensar… Não em ti
Porque
em ti é impossível
És
infinitamente a luz que me acorda
Deixei
de pensar…
Sim…
Num corpo que senti
Tão
perto… Tão apetecível
Que
me sufocou várias vezes…
Numa
forca sem corda
Deixei
de correr pelas loucuras infinitas
Sempre
corridas na vontade de te ganhar
Mas…
Sempre
que te revelavas…
Nas
minhas palavras…
Te
desejava
Num
mundo que não acreditas
E
eu sempre em ti acreditei… Para te amar
Sempre
em palavras te levava
E
tu não vieste sentir o veludo de cada palavra
Deixei
de olhar com estes olhos lacrimejados
Sempre
procurando o momento
Carícias
de umas mãos perfumadas
Sopros
de uma voz… Tua…
Meu
sustento
A
perfeição de um amor-perfeito…
Corpos
apaixonados
E
no diálogo de palavras eroticamente sonhadas
Vivemos
o fim dos nossos desejos
Não
eram somente beijos
Era
tudo que existe dentro do meu peito
Deixei
de aprender o que me ensinavas
Pois…
Não
basta sofrer pela cegueira do vazio
Eu
amo completamente
Tão
completamente que sempre me entreguei
Tu
tocavas
Tu
soltavas no mar teu navio
E
eu…
Eu
ancorava a âncora tão docemente
Que
deixei… Deixei de sofrer
Porque
te quis ao amanhecer
Te
quis ao anoitecer
E
tu…
Simplesmente
não deixaste acontecer
Deixei
porque nada tinha… Palavras que dissemos
Deixei
porque nada tenho… O silêncio sem tuas curvas
Deixei
porque nada terei… Ficará a vontade ao que viemos
Deixei
porque nada terás… Teu corpo são águas turvas
Onde
me deixaste sonhar
Onde
tudo me deste, sem nada para me dar
José
Alberto Sá