No
centro da sala
Ontem
foi mais um dia como tantos outros… Ontem ela estava no centro da sala despida,
deitada, sorridente e atrevida…
Colocada
em posição, num aroma comovente e sedosamente deleitada sobre um manto.
Ontem
foi mais um dia e tanto…
E sobre
a tijoleira preta, o manto cinzento se esgueirava e corpo que amava se abria,
numa cor de alegria… Corpo branco…
Se
aguento? Vou ser franco, tento.
Mas
ontem, aquele aglomerado de curvas que assentava nos meus olhos, fazia telintar
a íris em cores metálicos… Eu via ouro!
Ontem
ela serpenteava para que eu a visse em cada milímetro… Esquerda… Direita… Audaz
ondulação… Um pé, outro pé… Pernas, braços, uma mão e outra… Não!
Impossível
resistir à eloquente e sedutora menina, que baila na sua simplicidade, mas
intensa para o meu pulsar.
Os
gestos delicados eram a afirmação e a confirmação directa, do seu sorriso ao
que eu preciso…
O
peso que exercia na sensualidade fazia transpirar as vontades da corporalidade…
da minha vontade…
Foi
ontem que me vi nu no centro da sala, nem lembro o tempo em que me despi… O sentimento
e o físico se atreveram naquela sala, onde a vi…
Serpenteamos,
nos agarramos e fizemos a função de vedante… Nos unimos naquele instante.
Ontem
eu vi ouro… E os sons metálicos eram os sussurros que se evidenciavam e
celebravam o amor…
Ontem
foi mais um dia… A mesma intensidade… A mesma cor…
Ontem
foi no centro da sala… Amo a visita guiada pelo corpo, às divisões de quem não
me cala…
José
Alberto Sá