Ponto
final
Hoje
faço a leitura possível… Impossível seria não fazer a leitura deste tempo digno
de existir. O nosso tempo que passa.
Deste
tempo que lembra o passar de dedos humedecidos pelas folhas que leio e ler é a
possibilidade de transpor os níveis de um mundo justo ou não.
Leio-te
até ao ponto final.
Não
é o inconsciente nem o mal que me levam a reflectir… É por ventura a reflexão
que me leva ao consciente do bem e aí sou totalmente o teu leitor.
Leio-te
até ao ponto final.
E
hoje faço a leitura, como ontem e num amanhã se cá estiver… Pois as palavras
seguirão mesmo sem os meus olhos… São estes olhos que me levam à concepção
visual que me motiva… Hoje faço ou possivelmente pintarei o ponto final
contigo, se quiseres sentir a minha boca quando te leio.
Leio-te
até ao ponto final.
As
vírgulas somente me deixam respirar, não as deixo alterar o conceito da frase.
Farto-me
de uma virtualidade imune ao realismo, se leio frases incompletas… A fuga
incessante à verdade e o cegar de uns olhos insatisfeitos com a mordomia da
vaidade. Hoje faço a leitura que espero seja possível compreender. Este meu
cérebro só em ti pensa… Só a ti lê.
Leio-te
até ao ponto final.
Rasgo
as folhas turvas ou humedecidas pelas lágrimas… Rasgo as folhas rabiscadas pelo
nervosismo que me inquieta… E são muitas as vezes. Hoje quero ser testemunho de
alguém, capaz de ser o que sempre foi… Farei a leitura à luz de uns olhos
verdadeiros, que vêm e amam numa visão colorida…
Hoje
quero respirar na minha leitura… Quero sentir cada vírgula. Preciso reflectir
se possível… O tempo é digno de existir e nele tu existes…
Leio-te
sabendo da impossibilidade de humedecer os dedos nas tuas folhas… Hoje o ponto
final é o começo de uma nova leitura…
Hoje
faço a leitura possível… Na esperança de acabar o romance num ponto final com
amor.
Leio-te
num livro infinito… E o ponto final… Seremos nós os dois num ponto qualquer…
Por aí.
José
Alberto Sá
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