Pela igualdade
Resgate falso é o que
vejo nas rotundas, rostos concebidos para sorrirem no cartaz, rostos que para o
povo, tanto faz…
Depois do erótico
gesto do voto, e digo erótico porque que votar para mim é penetrar uma folha inconsciente,
numa ranhura com a convicção de que esse nome nos irá esquecer conscientemente!
Poderia usar palavras menos próprias, não é que não tivesse vontade!
Por isso vejo nos
cartazes figuras pornográficas, os que violam o povo com o tal sorriso, o tal
abraço, a tal foto, o aperto de mão, o olá, bom dia, boa tarde, boa noite… Pelo
voto hipócrita!
Depois… São seres
saciados pela luxúria, pelo sorriso altivo, pelo abraço escolhido, pela foto de
alta classe, pelo aperto de mão aos da mesma gamela, o olá ao povo, bom dia,
boa tarde, boa noite… No pódio da hipocrisia!
Resgate falso é o que
vejo nas rotundas da minha terra, publicidade enganosa, pintados minuciosamente
para o momento, caricaturas ensaiadas para a mentira, alterando a paisagem
natural do erotismo, das curvas e da relva que usam sem pedir!
Tanta sensualidade e
mestria!
Como podre é a mente
dos fetichistas, que alteram o estereótipo tradicional da verdade e da
igualdade na rua que a todos pertence.
Faz-me lembrar o sexo
e a cidade, todas a querem penetrar… Parecem deuses a definhar sob o jugo da
ignorância, do disparate e do eterno erro da humanidade, que votam e depois
criticam.
Olho-os como bonecas
insufláveis, que depois de usadas são atiradas no lixo… Tenho pena de os não
considerar humanos, não os vejo de carne e osso e muitos menos os vejo a amar.
Que filhos criarão estas mentes humanas? Tenho pena de já não acreditar e
queria tanto…
A minha terra precisa
de consentimento, precisa de verdade, de igualdade, amor, de mar com sol e
povo, de natureza com vento e povo, de terra com fruto e povo, de vida com
alegria e povo, de muita vida feliz, pois só o povo a faz assim…
Só se consegue ser
feliz, com uma geração que seja sorriso aberto ao povo, que seja abraço
apertado em todas as ocasiões, que seja aperto de mão mesmo que calosa, que
seja um olá sincero, bom dia, boa tarde e um boa noite sem mordomias.
A minha terra precisa
de alguém presente nos grandes eventos, mas também ao lado de quem nada tem…
Isto não é um alerta, é somente um desabafo de quem viveu, vive e quer viver
feliz numa terra que o merece.
O meu abraço a quem é
verdadeiro na minha terra, com certeza o sentirá.
Não alimentem os
abutres, Espinho não tem carne putrefacta, tem gente com vontade de dar e
receber e isto só se consegue com pequenas obras, com pequenos gestos, para
todos em igualdade.
José Alberto Sá