Eu
vivo
O chão
não caminha!
E
nele assisto ao fenómeno do tempo,
que
nu me convida sem saber se vou.
Talvez
vá, talvez irei…
Talvez,
ainda não sei!
Pois
é este o caminho que me faz existir,
limitando-me
a um despertar de admiração
ou
a um inconsciente gosto de olhar o chão,
que
não caminha!
O
corpo ondula,
os
pés serpenteiam no alcatrão,
a
terra se rompe, a areia se mistura,
o
pó se evapora e sol, que alimenta a natura…
Se
faz ao chão e tudo ilumina, tudo devora…
O
corpo ondula na sombra,
as
mãos tocam, os lábios beijam…
O
sol ilumina e fertiliza o chão que não caminha!
E
as sombras dançam…
Pela
graça sinto-me artista,
completo-me
neste mesmo chão
e
quero que o meu retrato não mude de direcção,
que
viva,
que
ande,
que
corra…
E
o chão que não caminhe
ou
que somente me veja caminhar…
Como
se eu fosse um objecto,
que
se faz de pó, de terra,
de
matéria,
mas
eu… Neste chão sem alegria!
Sou
caminho que vive e anda,
num
chão que não caminha…
Que
me faz ser amor, ser sentimento…
Ser
poesia…
José
Alberto Sá