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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Onde?

Onde?


Onde estás meu amor… Eu não dormi… Tu não vieste…
Onde estás meu amor, que ao acordar eu não te senti.
No frio da cama… No silêncio do escuro…
Tu não me deste…
Não me deste aquele beijo de até amanhã meu amor
Não me deste aquele abraço de adormecer e sentir o teu calor
Não me deste aquele corpo que me faz dormir
Aquele sussurro de arrepiar, quando me dizes: amo-te
Não me deste aquele deslizar de dedos, que fazem a noite cair
Ai meu amor…
O dia seria luz ao amanhecer, se te levantasses vestida contigo
Onde estás meu amor? Eu não dormi… Tu não vieste…
E a cama não se desfez, os lençóis não se misturaram…
Meu lábio não te sentiu, o meu desejo sumiu… Nada me deste
Meus sonhos se inundaram no vazio
Meus pedidos se misturaram sem um pio
Meus olhos choraram sem brio
Tu não viste…
Onde estás meu amor?
Continuo aqui nesta espera longa… Sou paciente…
Sou teu… Completamente
Por isso te espero…
Amo-te
Quero-te
Onde estás meu amor?
Se estás aí… Diz-me a razão?
Eu te recebo… Faz parte deste meu coração!
Tens no leito a minha mão… Vem amor…
Onde estás meu amor?



José Alberto Sá

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Todo o tempo do mundo

Todo o tempo do mundo

É meia-noite…
Ouvi a voz que chama, um som que soberbamente me leva… Sempre me leva.
O relógio do meu pulso me avisava em cima da mesinha… É meia-noite.
As meias ficaram junto dos sapatos, são inseparáveis! Como inseparável é o amor que levo, quando me chamas…
A gravata fazia-se notar por cima da camisa, os botões ressaltavam aos olhos pela sua cor de ouro… Ressaltavam como ressaltam os meus quando tu me chamas… Amo olhar-te semidespida.
Ainda segurava as calças, que bem devagar as puxava para baixo, não tirava os olhos dela… Desapertava o fecho, ouvia-se os dentes arranharem… Depois uma perna, outra perna… Amo a mistura de pernas, depois de um arranhar suave de fechos que gosto de abrir…
As horas passavam… Olhei o relógio… Sorri… Os ponteiros contavam… Tic.tac…
As batidas se ouviam… Tal como a respiração se ouvia… Os olhos brilhavam nas batidas como se sentissem as palmadas da máquina, no seu interior. Palmadas… São batidas tão suaves que dentro do meu relógio é amor nas horas de o fazer…
Depois de despido… Olhei novamente para ela… Seminua!
Ao de leve subi através do édredon… Uma mão, outra mão, até tocar o corpo quente e macio…
A voz me chamou novamente… A voz que chama… A voz daquela menina que me leva a despir… Porque a amo despir também… Beijei desde os dedos dos pés… A nuca seria para o derradeiro e soberbo desfecho de um único beijo… Longo…
Subi… Subi… Devagar… Tinha tempo e o relógio em cima da mesinha não parava…
Beijei até encontrar uma peça de roupa vermelha, com rendas e folhos… Aromas de regalar os olhos… Beijei e tirei… Tirei e me embriaguei…
Sei apertar os lábios por entre beijos e um pedaço de cetim aveludado, com aquele cheiro que me faz esquecer onde estou… E o amor foi o que aconteceu… Aconteceu… Aconteceu… Aconteceu tanta coisa…
Olhei o relógio… Meus Deus… É meia-noite!
Desculpem o tempo que passou, não sei contar quando amo de verdade… E amar de verdade é eternamente… Tic-tac… A voz que chama, que pulsa e faz pulsar o meu coração… Ela… A minha menina do amor. O relógio está em cima da mesinha…


José Alberto Sá

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Abro-me para ti

Abro-me para ti

Porque me tranco, se a paixão é loucura
Porque me tranco, se o beijo é o mais doce
Se a mente é pura…
Se a alma é o perfume que ela um dia me trouxe…

Tudo…
Tudo quanto procuro, me parece impossível de amar
… Sozinho
Porque me tranco então?
Haverá razão?
Será do meu sonhar….

Se a paixão é leveza, é certeza… É a beleza mais pura
É paixão, é amor… É loucura…

Queria tanto sentir um instante…
Mas… Aqui trancado, nada acontece
O corpo dói e adormece
E eu sempre te quero no meu acordar
Amo-te acordado… Pois no sono… És completa

Porque me tranco! Se não me declaro
O amor é caro… E tudo… És tu
A paixão… O abraço despido… Um corpo unido
… Nu

Se a paixão é loucura…
Se a paixão é leveza…
Então abro aqui o meu coração
e desfaço o pedaço desta certeza
A loucura, a pura paixão…
A minha mão que te aponta
Que vê e te segue…
A nudez de ti pronta
A loucura num abraço aberto
Que se quer fechar… Somente para te amar
E te sentir aqui… Mais perto
… Amor!


José Alberto Sá

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Como eu!

Como eu!

Se o mundo nos abraça
Como eu!
… Como eu!
Que bom seria

Se o mundo nos olha
Como eu!
… Como eu!
Olho o céu… Em cada dia

Tudo era luz

E se o mundo que nos olha
Fosse só um… Num céu posto,
no meu rosto
Tudo era luz e magia

E se o mundo fosse um (eu), neste olhar
Num céu estrelar com sabedoria
Num coração a pulsar
Tudo era amor e poesia

Tudo era luz

Se o mundo fosse em pleno, quem nos beija
Como eu!
… Como eu!
Nuns lábios feitos de céu e harmonia
O amor era único e acontecia

José Alberto Sá


terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Eu não!

Eu não!


Incrível é a tua imaginação!
Tão incrível, que pequena é a palavra que foge para te ter, nela contida… Que grita por aí, sem que exista fuga possível, sem que haja vontade de não estar contigo, no mesmo texto!
Intensamente te amo e tu? Não sei... Pois é de amor que se trata...
Preciso saber…
Já agora, como se trata o amor?
Será por palavras...
Olhares...
Gestos...
Poesia...
Flores… Altares…
Sentires… Harmonia!
Meu Deus... Porque peco eu então! Que amo a carne!
Quero a carne, que me perdoem as vozes e as mentes que me contrariam...
Mas…
Incrível é a tua imaginação!
Foges-me… Sem que possa trocar contigo um último olhar.
Emprego-te nas linhas que escrevo, nas palavras que namoro, na frase onde te sento… E leio-te sem fuga possível… És minha!
Só tu me dás…
Só tu… Que rasgas as vestes desse teu corpo, que não me deixas vestir.
Só tu, tudo dás, sem que eu, nada receba…
És incrível na imaginação!
Já agora, como se trata o amor?
Sou teu e não te tenho… Sou seguidor do teu coração e não o sinto…
Sou a razão dos olhos em lágrimas e não te vejo chorar…
Sou em palavras a tua voz, sou em olhares a luz, porque te vejo sol…
Incrível é a tua imaginação! Consegues-me ter…
E eu a ti… Não!
Incrível a tua imaginação!

José Alberto Sá


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Onde estás?

Onde estás?

Não sabes sequer que sangro dos pés, dos passos que dou e não te encontro.
Tu não sabes…
Não sabes que me escondo no meu casebre, onde somente o aromático cheiro a chá de camomila, me faz olhar o céu e acreditar que vale a pena, esperar por ti.

O chão é soalho frio e cor marron, o chá doce e quente é fogo na minha mão, que me leva aos lábios que amo sem baton.
Tu sabes… Mas…
Tu não sabes…
Não sabes as vezes que olho o relógio, somente para sentir os ponteiros deslizarem, poder imaginar que o tempo passa e passa depressa!

E que nesse tempo possas abrir a porta para que te chame: Vem bebé… Vem… Estou aqui.
Aqui, é a vontade de ouvir a tua voz… Erguer este meu fado triste e cantar em vez de chorar…
Tu sabes… Mas…
Não sabes…
Não sabes, que o teu rosto é quem me segura, as tuas poesias são quem me atura e a tua beleza é na verdade a mais pura…
Tu sabes… Mas…
Não sabes, que me sinto órfão desse teu olhar, do teu sorriso… Não sabes que sou moribundo, perdido pela louca e bravia vontade do teu corpo…
Não sabes, mas estou imóvel, já nada existe no meu casebre… O fogo não tem lareira!

O chão foge-me dos pés, o relógio já não conta e o meu chá esfriou…
Tu sabes… Mas…
Não sabes dar valor ao que eu sinto… Sorris onde vais, sorris mesmo que triste, sorris mesmo que na vontade amarga da vida… Sorris mesmo na despedida!
Não sabes que sangro dos pés, dos passos que dou e não te encontro…


José Alberto Sá

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Cava... Nascerá de novo...

Cava… Nascerá de novo…

A esperança quase acaba, quando tudo não tem começo…
Sentimento é saber esperar e saber amar… A luta é a vida…
Se sentida é amada, se chorada é triste, se triste é nada!
Luta… Pede mais… O cansaço é o pedido de um abraço e a realidade é a verdade…
É esperança…
Sejas forte… O querer pouco é sorte! E o que ganhas é amor…
Pede mais…
Pede muito mais… O jardim é feito de flores… Sejas uma…
A dor é do coração… Não importa o tempo que passou… Sejas… Tu és…
Eu sou…
Continua… E vive esta vida, pois o sentido permanece.
É amor, é dor e acontece…
Não sofras do nada que tens… Serás pessoa… Feliz…
Eu te digo… Que a luz que vem de ti… É olhar… É amar esse alguém…
Contudo… Sem mais ninguém…
Mas ama…
Vive…
Tudo existe na esperança… Que quase se acaba… E floresce se na terra do amor…
Nasce a flor, da semente que se cava…


José Alberto Sá