Todo
o tempo do mundo
É
meia-noite…
Ouvi
a voz que chama, um som que soberbamente me leva… Sempre me leva.
O
relógio do meu pulso me avisava em cima da mesinha… É meia-noite.
As
meias ficaram junto dos sapatos, são inseparáveis! Como inseparável é o amor
que levo, quando me chamas…
A
gravata fazia-se notar por cima da camisa, os botões ressaltavam aos olhos pela
sua cor de ouro… Ressaltavam como ressaltam os meus quando tu me chamas… Amo
olhar-te semidespida.
Ainda
segurava as calças, que bem devagar as puxava para baixo, não tirava os olhos
dela… Desapertava o fecho, ouvia-se os dentes arranharem… Depois uma perna,
outra perna… Amo a mistura de pernas, depois de um arranhar suave de fechos que
gosto de abrir…
As
horas passavam… Olhei o relógio… Sorri… Os ponteiros contavam… Tic.tac…
As
batidas se ouviam… Tal como a respiração se ouvia… Os olhos brilhavam nas
batidas como se sentissem as palmadas da máquina, no seu interior. Palmadas…
São batidas tão suaves que dentro do meu relógio é amor nas horas de o fazer…
Depois
de despido… Olhei novamente para ela… Seminua!
Ao
de leve subi através do édredon… Uma mão, outra mão, até tocar o corpo quente e
macio…
A
voz me chamou novamente… A voz que chama… A voz daquela menina que me leva a
despir… Porque a amo despir também… Beijei desde os dedos dos pés… A nuca seria
para o derradeiro e soberbo desfecho de um único beijo… Longo…
Subi…
Subi… Devagar… Tinha tempo e o relógio em cima da mesinha não parava…
Beijei
até encontrar uma peça de roupa vermelha, com rendas e folhos… Aromas de
regalar os olhos… Beijei e tirei… Tirei e me embriaguei…
Sei
apertar os lábios por entre beijos e um pedaço de cetim aveludado, com aquele
cheiro que me faz esquecer onde estou… E o amor foi o que aconteceu… Aconteceu…
Aconteceu… Aconteceu tanta coisa…
Olhei
o relógio… Meus Deus… É meia-noite!
Desculpem
o tempo que passou, não sei contar quando amo de verdade… E amar de verdade é eternamente…
Tic-tac… A voz que chama, que pulsa e faz pulsar o meu coração… Ela… A minha
menina do amor. O relógio está em cima da mesinha…
José
Alberto Sá
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