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terça-feira, 30 de maio de 2017

É boca

Amo sentir a boca do teu corpo!
Quando ela me olha e se faz a chama do amor!
Sei que não te negas ao meu pedido!
Sei que beijar, é boca, é gemido!
… Sei!
Que descer para mais um beijo!
E beijar de joelhos o que me ofereces!
Essa boca que não cala…
Este desejo, que em mim teces!

José Alberto Sá


quinta-feira, 25 de maio de 2017

O futuro fabril (febril)

O futuro fabril (febril)

O mundo de mim nada sabe
Nem a voz de quem ordena é exactidão
Eu vivo o amor que em mim cabe
Dando ao mundo o suor de cada mão

E mesmo sabendo que não me escutam
Digo de mim a sabedoria
Trabalho arduamente pelos que permutam
O amor suado com alegria

É assim o mundo das inteligências corrosivas
É assim o corroer de altiva voz bruta
Fazer sentir um milagre pedido ao mendigo salva vidas
Que sem opinião se vê frouxo na sua luta

Dizem alguns que é mudança
Para outros o dinheiro é soberano
Para quem grita e mendiga o trabalho é esperança
De um teatro sem artistas ao fechar do pano

Assim é o dia entre obstáculos e paredes
Assim é a evolução des(humana), sem amanhã
É assim o mundo trabalhador preso entre redes
É assim o poder de um mundo, que talvez será!

O mundo de mim nada sabe, nem quer saber
É por essa razão que somente sou eu
Um ser humano capaz de compreender
Que a morte é igual, desde que o mundo nasceu


José Alberto Sá.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Viver...

Viver…

E quando te deitares no deserto…
Olha o horizonte e imagina o céu estrelado!
Sentirás um oásis tão perto…
Que a fartura da vida a sentirás a teu lado!

Assim vivo neste chão poeirento…
Assim o céu me chega, tal como a chuva da fonte!
Assim sinto o deserto, o horizonte e o sentimento…
Assim me vejo oásis, contigo amor, aqui defronte!

E quando te deitares sobre o mar…
Olha a maré e sente os aromas da maresia!
Sentirás nas ondas do amar…
O calor de uma mãe, como Jesus sentiu o de Maria!

Assim sou na humildade, neste meu canto
Assim me vejo sorrir nos braços de quem abraça
Assim sou pai, poeta, amigo e nunca santo
Assim me dou, assim vos peço… Amor e Graça


José Alberto Sá

domingo, 14 de maio de 2017

Trocam-se amigos!

Trocam-se amigos!

Não são os amigos! Nem o cigarro
Nem a sirene ao fundo da estrada
São os gritos por amigos!
De um quase morto,
pelas cordas bocais da imensa dor, sentidas como catarro!
São gemidos tais,
que o som na encruzilhada,
é ser vivo, é ser vinho, ser amigo e na mesa posto!
Num posto sem carinho e sem nada!

Não é o roncar do motor
Nem os amigos que se esqueceram,
nem os travões sem calços
São meros latidos de um mundo baldio!
Pelas manhãs sem amigos,
pelas tardes sem amor
São grunhidos e percalços
É o sangue por amigos!
É a vontade de um eu, em todos derramado!
Nas manadas de foragidos!

Não é o respirar sem garganta
Nem os amigos com vaidade,
nem o ventre que gritou para nascer
São caminhos de agora, com amigos,
sem amigos! Sem futuro!
São vozes nas cinzas e a tarde é tanta!
Que a noite são lágrimas escorridas a sofrer
Pelos amigos que a sorrir!
Me vêm escrever atrás de um muro!

E eu pergunto aos amigos: Porque vos alterais?
Se para mim a alteração, não é mais que estar perdido!
Em mais que um coração! Em mais que um pedido!
Não é pelo rio que corre, nem pelo mar que recebe!
É pela mão de um pobre, que vos ama e persegue!

José Alberto Sá

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Uma gota que sorriu

Uma gota que sorriu

Sorriu a gota de água, que vivia no fundo do oceano.
Trepou vagarosamente até chegar à superfície de um mar imenso, sorriu e feliz pensou como eu penso!
Olhou o céu e viu uma estrela, viu a lua, viu a noite, viu o vento e viu uns olhos brilhantes, uma caravela, uma silhueta nua… Era eu sozinho no meu barquinho em sonho, em doces instantes.
Sorriu novamente a gota de água, em direção ao céu, o sol nascera e a fez levitar… Sorriu tal como eu, meu sonho se fizera nos lençóis daquele mar.
Ao longe se formava uma nuvem e a gota de água queria conhecer o macio daquele algodão… E eu já na nuvem a esperava no macio do meu coração.
A gota se escondeu ao chegar à nuvem e eu, tentei em vão procurar, pois não a consegui encontrar.
De olhos tristes olhei o horizonte, estava negro e uma tempestade se fazia sentir… E ela estava ali mesmo de fronte, dentro da nuvem em verdade e eu sabia que a voltaria a ver sorrir e nas águas mergulhar.
Foi então que um trovão se fez ecoar, milhões de gotas me chegaram e se aproximaram do mar… Uma delas… Uma delas era a minha gota.
A vida é feita de sonhos e de realidades, a vida é nascer e morrer… Mas a gota que escrevi, será eterna aos olhos dos que sonham, sorriem e choram na realidade da vida e do amor!


José Alberto Sá

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Somos bichos!

Somos bichos!

Pela terra corre a besta, nasceu bicho!
É parecido com o monstro que habita o meu espaço!
É aquele! É aquele!
Aquele que fala!
Aquele que cala!
Aquele que faz, como eu faço!

Pela terra berra o animal, como lixo!
É labirinto por onde caminha e não se encontra!
É aquele! É aquele!
Aquele que me afronta!
Aquele que pelos corredores se cruza!
Aquele que abusa!

Pela terra deambula o faminto, nasceu irracional!
É parecido com Jesus! Amado na mesma luz,
se a sorte não for do mal!
É aquele! É aquele!
Que bicho morrerá!
Como o outro, que assim morreu!
Enterrado na mesma terra, num dia de amanhã!

É aquele! É aquele!
Sou eu!
Sou eu que não consigo, é ele que não consegue!
Pela terra se nasceu nu, na vida não há quem negue!
Pela terra morro eu, pela terra morres tu!
Assim a vida nos mede! Quando aqui não soubemos!
Que a vida, tudo nos deu!


José Alberto Sá