Uma mesa ao centro
Lembras-te?
A sala estava vazia e
na mesa ao centro, somente existia a distância e a frieza entre o teu e o meu
olhar. Estavas sentada num dos cantos a olhar para mim, eu sentia e sabia que fazias
uma breve leitura do meu corpo nu, com esses teus lábios quietos, que me
inquietavam.
Somente a mesa nos
separava, eu sentia tal como tu o frio do chão, o frio da parede e o frio do
teu coração!
Lembras-te?
Os meus olhos sentiam-se
no impossível, no mais triste sentir, também te lia com estes meus lábios
entreabertos.
Era impossível não ter
as mãos húmidas, trémulas, pois a tua subtileza fazia-me transpirar pela ansiedade
de te abraçar.
Via que o teu coração pulsava,
sentia-o querer rebentar um dos teus peitos, estavas nua, também tu sentias o
frio do chão, a humidade da parede e a tua sede.
Lembras-te?
Por baixo da mesa nos observamos,
o silêncio somente era perturbado pelo gritar do nosso olhar. Tu querias… Eu
queria… E na verdade ambos desejávamos o mesmo…
A sala estava vazia,
tu a um canto, eu noutro e a mesa ao centro.
Lembras-te? Fui eu
quem vergou!
Desculpa por exagerar
na minha vontade, mas eu já não aguentava mais aquela distância… Pedi que me
abraçasses, lembras-te? Pedi que comigo fizesses daquela sala, um jardim
colorido.
A sala continuou
vazia, mas o frio passou! A mesa ao centro se ocupou com um jardim colorido,
nos perdoamos, nos abraçamos, nos beijamos com tanta clareza, que fizemos amor
em cima da mesa!
José Alberto Sá
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