Salva-me!
Preciso tantas vezes
que me apareças, que me olhes e faças com que eu viva.
Preciso que me faças
sentir salvo, são tantas as vezes em que me sinto deslocado, sozinho e perdido.
Olho o mar e são
imensos os equívocos que vêm nas ondas, são tantos os contrastes que vejo nos
grãos de areia, são tantas as perturbações no horizonte, que preciso de uma mão
feminina que me salve, que me olhe, que me fale e me sinta.
Sinto-me coberto por
cascas de amêijoa, conchas vazias atiradas nas dunas e esquecidas tal como eu.
Salvam-se as estrelas
que ao longe brilham, o sol já desce os degraus e vai embora, a lua é a
salvação para que não me vista de negro.
Preciso tantas vezes
que me abraces, tantas, que as conchas não chegam para contar.
Preciso de ti antes
que o mar se revolte contra mim e me leve… Leva-me tu pela mão e faz-me sentir
salvo no doce areal do teu sorriso.
Em compensação, serei
de corpo e alma a maresia dos teus olhos, serei o sentir puro da tua boca ao
pedir a minha, serei escravo do amor para te amar e se me salvares, serei a
gratidão pedida ao céu, à terra e ao mar.
José Alberto Sá
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