No abrigo
Chovia naquela
estrada, o frio vinha misturado no vento que assobiava e me fazia recordar tudo
que me faltava, o quente sentir de quem esperava.
A chuva penetrava à
força no meu consciente e acelerava o inconsciente que descansava em penitência,
dormindo como em todos os dias, como num ritual onde vergado venerava o frio
que passava.
Que paixão violenta
tinha eu, sem fronteiras, sem deixar desaparecer a vontade de o fazer acordar,
num lugar qualquer, quando a voz ao ouvido me fosse de mulher.
Chovia naquela
estrada, a água corria como uma procissão enfadonha, carregada de objetos que
aproveitavam a boleia… E volta e meia, sentia o frio, separava-me em
pensamento, deixando as coisas indignas as levar o vento, deixar as coisas
dignas acordar lentamente e me libertar, quando um doce beijo eu recebi sem
contar!
Chovia naquela
estrada, ao ouvido palavras sussurradas que me diziam: Amor, uma voz feminina
de lábios frios e um coração capaz de acelerar o sagrado por quem sou
apaixonado.
O vento trazia frio e
se misturava no abraço, demoramos tempo, muito tempo naquele abraço e beijo
sentido. Ao sair dali fizemos como o vento, rodamos como numa dança, sentimos
como se fossemos crianças a brincar às escondidas, fugimos sem saber para onde,
como crianças perdidas, corremos de mão dada, tudo em aquecimento para
sentirmos o êxtase bem calculado, sempre em espírito sensual, sentimos o abrigo
e ambos fomos cúmplices das condições atmosféricas, No final fizemos uma
analogia ao tempo… O inconsciente que venerava e tinha acordado, molhado estava…
Chovia naquela estrada!
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