Imagino-vos
Possuo uma imaginação
tão real, que assisto todos os dias, aos retratos de todos os bons e os maus,
onde a moldura sou eu que a faço!
Todos se dirigem nus
em minha direção, todos são por mim vestidos, ou ainda mais despidos.
Não vestirei, mas sim arrancarei
de mim, toda a pele daqueles que me forem impuros!
A imaginação é a graça
do artista e essa graça é o objeto imaginário do obscuro desejo, o desejo que é
meu!
Olho-vos a todos e a
todos imagino… Nus!
Não pelo ato sexual,
essa é uma imaginação que deambula dentro de mim, mas que somente a mostro
quando visto alguém! Alguém que também me quer vestir!
Não sejamos hipócritas
ou ignorantes, sejamos nus mas limpos, pronto a sermos vestidos, sejamos
simples no existir e aí nos sentiremos vestidos de amor!
Esse amor é a roupa de
que vos falo e imagino em todos vós.
Imaginem como eu a luz,
imaginem a mão que toca na pele, imaginem o olhar que vos olha e vos chama,
imaginem a boca que se abre e vos beija, imaginem o nariz que vos arruma o
cabelo atrás da orelha e vos faz sentir a respiração, imaginem o calor humano
que grita sem voz… Imaginem o ser real e saciai-vos dos pedaços que sobram das
molduras que faço!
Todos vós sois
retratos reais de vós mesmo e as molduras são os meus sentimentos, que vos
imaginam vestidos de amor… A sobra deste meu imaginar é luz para quem se quer
iluminar… Aqueles que não me conhecem e me podem vir um dia a abraçar!
José Alberto Sá
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