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domingo, 2 de outubro de 2016

Saber pintar

Saber pintar

A aguarela se espraia, a água escorre, a cor se dilui e o papel humedece.
Encontro assim alguns artistas, alguns que se espraiam deslavados, que transpiram coisas pelo corpo, que se dividem em possibilidades e se mostram frágeis.
Tantos correm até à meta e não chegam!
Tantos sorriem até ao gargalhar e se escondem desta forma, de um medo que eles próprios criaram.
Tantos choram e nada surge!
A aguarela se espraia e o quadro se mantem vazio, são simples os traços, pequenos esboços de mentes perdidas.
A água escorre e a fonte faz crescer o caudal, de palavras como pinceladas sem rumo, nem o mar quererá receber esta corrente de água putrefacta.
A cor se dilui e o arco-íris reage ao poema, ao poeta, ao pintor de palavras, ao quadro que se humedece com receio de se rasgar.
A aguarela é a dor ou o amor, basta sentir a rima e fazer a escolha, o quadro é o que imaginamos e sentimos.
Na hipocrisia do mundo, os barcos navegam em telas de mar, sem água, sem remos, sem amor para caminhar e outros barcos navegam em aguarelas por conquistar!
O valor de um quadro, não é o tempo que demorou, nem o custo material, o valor do quadro é o amor nele contido e eterno ao olhar.
A aguarela se espraia num mundo de ilusão, barcos á deriva como pulsares de um coração.


José Alberto Sá

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