Saber pintar
A aguarela se espraia,
a água escorre, a cor se dilui e o papel humedece.
Encontro assim alguns
artistas, alguns que se espraiam deslavados, que transpiram coisas pelo corpo,
que se dividem em possibilidades e se mostram frágeis.
Tantos correm até à
meta e não chegam!
Tantos sorriem até ao
gargalhar e se escondem desta forma, de um medo que eles próprios criaram.
Tantos choram e nada
surge!
A aguarela se espraia
e o quadro se mantem vazio, são simples os traços, pequenos esboços de mentes
perdidas.
A água escorre e a
fonte faz crescer o caudal, de palavras como pinceladas sem rumo, nem o mar
quererá receber esta corrente de água putrefacta.
A cor se dilui e o
arco-íris reage ao poema, ao poeta, ao pintor de palavras, ao quadro que se
humedece com receio de se rasgar.
A aguarela é a dor ou
o amor, basta sentir a rima e fazer a escolha, o quadro é o que imaginamos e
sentimos.
Na hipocrisia do
mundo, os barcos navegam em telas de mar, sem água, sem remos, sem amor para
caminhar e outros barcos navegam em aguarelas por conquistar!
O valor de um quadro,
não é o tempo que demorou, nem o custo material, o valor do quadro é o amor
nele contido e eterno ao olhar.
A aguarela se espraia
num mundo de ilusão, barcos á deriva como pulsares de um coração.
José Alberto Sá
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