O sol te imagina
Quando chove, vou à
janela para imaginar uma donzela a dançar.
E dança, mas dança
nua!
É no meio da rua que a
vejo chapinar, é no meio da rua que a sua pele molhada esculpe o chão, ela está
nua!
Quando chove, sinto o
esculpir da carne pelo salpicar das gotículas, como se fosse pólen ao vento.
É pelo meio que
imagino, é pelo meio dos sentidos, pelo meio dos gemidos que me encontro à
janela.
Quando chove é ela, é
a jovem menina de vestido de cetim, humedecido e transparente, que dançando de
contente, olha para mim.
E os dedos ardentes
descem a parede fria e tocam a minha pele, é quando chove e eu vou à janela
imaginar!
No chão feito espelho,
imagino o meu corpo diluído na chuva, rebolo, danço, salto… E os dedos
apertados dançam e me fazem viajar quando chove… Lá fora há movimento, cá
dentro há sentimento que se move!
Aceno-lhe de lenço
branco e nesse adeus ela se vai, tal como se vai a chuva.
E eu fico a olhar o
meu lenço, onde a cadência se fez terminar… O sol veio para ficar é a vida
quando imagino uma donzela a dançar, num dia de chuva e um lenço a acenar. São
movimentos que assinalam o prazer da imaginação, a chuva, a janela, eu, uma
donzela e um forte pulsar de coração.
José Alberto Sá
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.