O
meu poema
Queria
dar vida a este meu reino, a mais uma obra poética, já tentei moldar, já tentei
ornamentar, já tentei uma relação… Poeta, palavra e poesia.
Ménage
à troi… Em palavras… Sem saber se dá!
Já
tentei agarrar adjetivos, para os usar em prazer, nas linhas, no corpo e no
poema… Já tentei usá-los empregando substantivos, coisas, objetos… Sempre a
pensar no prazer, diluindo as vontades em amores concretos.
Dou
bastante importância a este reino, onde me sinto tão pequeno… A obra nunca está
completa, falta o essencial… Falta-me a inspiradora, quem me inspire, quem se
desnude, para que eu a descreva primitivamente.
Queria
dar vida ao calor irresistível, que desprende dos dedos, as delicias que
seguram o lápis… Este objeto pontiagudo que uso e sempre tem necessidade de ser
afiado! Qual afia se veste deste que queima as linhas, as curvas, na dança das
palavras…
Queria
dar vida…
O
poema julgar-me-á, este será escrito por instinto, dou-lhe a liberdade que eu
não tenho, a irritação que não quero, a solidão que não preservo…
Dar
vida…
Sabendo
que a obra nunca se acaba… Ama-se como a uma mulher, que dá vida e me faz
escrever palavras do verbo amar… O poema? É o meu reino sem fim… Até que um
dia, alguém o acabe!
José
Alberto Sá
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