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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Tenho dias...

Tenho dias…

Tenho dias…
Eu tenho dias em que tudo é nada e nada é algo que não sei…
Tenho dias assim, nem sei, nem faço, nem dou, nem tenho…
Mas tenho dias assim.
Me sinto réplica de um tempo, que quer, que quer chorar, que quer sorrir, correr, saltar… Por vezes tenho tempo… Muito tempo.
E nesse tempo… Tenho dias… Que sou matéria deste mundo, deste que me acolheu, por vezes sem luz, outras iluminado, umas vezes sem chão… Outras sem colo…
O colo é a ausência, onde a minha mente recua e encontra a excelência, o processar de mimos que me levaram ao encontro de um peito… Por vezes um beijo… Um pescoço humedecido... Um deslizar por ali… Tenho dias…
Tantos dias… Que por vezes nem o tempo me lembra desse quente sentir.
Tenho dias que choro… Ela nem dá por isso, sei porque a sinto impermeável.
Tenho dias que somente sei sorrir… Ela nem dá por isso, porque a sinto resistente ao flutuar.
Chamo-lhe privilegiada… Chamo porque sei, porque quero que seja ela, o concretizar do meu avanço… Se alcanço? Não sei!
Sei que tenho dias assim…
Tenho dias que desejo a possibilidade… Noutros dias a verdade me cativa… E ainda outros sem alternativa… Porque a alternativa é ela.
Ela que tal como eu tem dias… Imagino que sim, que tenha tal como eu, dias assim…
Eu tenho dias assim…


José Alberto Sá

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