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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Sozinho, ninguém me ouve...

Sozinho, ninguém me ouve…

Ajudem-me a gritar…
Tirem-me daqui… Ou gritem comigo
Detesto as mentes imundas a céu aberto!
Vozes sem ar
E cheira-me a terra em putrefacção
Preciso de um abraço… Um abrigo
Preciso dos vossos olhos sem lágrimas
Preciso… Que as vozes calem, que fale um coração

Sozinho, ninguém me ouve…

Ajudem-me a gritar…
A terra já não dá pão
Não…
A terra, já não é terra
É guerra…
É sangue… Preciso de ti, meu irmão

Sozinho, ninguém me ouve…

Cheira-me a bocas com fome
Cheira-me a olhos que querem ver… Mas têm medo
O céu se veste de abutres negros
Contentores de lixo… É a estrada que os consome
Tenho medo destes enredos…
Terra cinzenta… Gritos silenciosos como penedos

Sozinho, ninguém me ouve…

Ajudem-me a gritar…
O pó…
Não dá pão… É milho sem mó
Grão… Grão de areia sem mar
Sou eu quem digo… Que o grito não tem eco… É castigo
É o Sufoco de um pedido, sem vintém
Mas que alguém… Grite comigo


José Alberto Sá

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