Sozinho, ninguém me ouve…
Ajudem-me a gritar…
Tirem-me daqui… Ou gritem
comigo
Detesto as mentes imundas a
céu aberto!
Vozes sem ar
E cheira-me a terra em
putrefacção
Preciso de um abraço… Um
abrigo
Preciso dos vossos olhos sem
lágrimas
Preciso… Que as vozes calem,
que fale um coração
Sozinho, ninguém me ouve…
Ajudem-me a gritar…
A terra já não dá pão
Não…
A terra, já não é terra
É guerra…
É sangue… Preciso de ti, meu
irmão
Sozinho, ninguém me ouve…
Cheira-me a bocas com fome
Cheira-me a olhos que querem
ver… Mas têm medo
O céu se veste de abutres
negros
Contentores de lixo… É a
estrada que os consome
Tenho medo destes enredos…
Terra cinzenta… Gritos
silenciosos como penedos
Sozinho, ninguém me ouve…
Ajudem-me a gritar…
O pó…
Não dá pão… É milho sem mó
Grão… Grão de areia sem mar
Sou eu quem digo… Que o grito
não tem eco… É castigo
É o Sufoco de um pedido, sem
vintém
Mas que alguém… Grite comigo
José Alberto Sá
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