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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Frio dentro da minha porta...

Frio dentro da minha porta…

Hoje vou fechar a porta, a porta que me fecha todos os dias.
Ficarei sozinho, atrás das minhas vontades, no meu silêncio de reflexão.
E dentro do meu espaço, me sentirei solto, rebolando pelas alergias…
As dores que me espicaçam o coração… E hoje fechado serei oração.

Porta trancada… Janela fechada…
Escuro… Negro… Fosco… Pobre de mim.
Hoje fugi para sentir que não vale apena, estar fechado…
Hoje me fechei em ti.
Chove lá fora… E o calor não entra…
Ninguém me chama, mas não é o fim.
Hoje é o começo do meu castigo… Fechado e acorrentado à luz que não entrou.
Quero muito que ela entre… Abrirei a porta… A janela…
A força da luz que senti.

Hoje não sei da chave… Ela se fechou comigo… Ambos somos mistura…
Eu sou…
Química e física… A alma que não vai falar… Sou réu…
Dentro da minha cor.
Cinza… Preto… Nem branco existe dentro do meu espaço…
Que faço?
Melhor não me mexer, pois até o movimento se arrasta… Por aí…
Dentro e fora daqui.

Hoje vou… Sozinho…
Vou pedir que nada me dêem.
Vou saltar pela vidraça da minha janela fechada… E lá fora…
Será imaginação!
Estou aqui… Aqui dentro deste emaranhado de letras… Preso.
Hoje vou… Sozinho…
Vou pedir que saia ileso…
Das garras de um momento escuro… Paredes… Muro.

Chove lá fora… Deu-me vontade de rir… Ninguém me vê…
Chove lá fora… E o eco das risadas, não existe… Abafado é o tempo.
Hoje vou… Sozinho…
Caminhar toda a noite, tenho tempo, as horas não contam, perdi o pulsar.

Talvez a porta e a janela desistam de mim… E me levem lá fora…
Hoje preciso tanto de um sol…
Chove lá fora… É noite dentro de mim.
Hoje peço desculpa pela cor dos olhos… São azuis/esverdeados… Fechados.
Comigo…

Hoje estou feliz… Fechado para que a luz me castigue… Pelo que não fiz.
Chove lá fora… Vou sair…
Talvez encontre a chave… Ela me conhece… Ela me abre o coração.
Hoje abrirá pela minha mão… A voz da razão…
A grande porta que me fecha todos os dias…
E sozinho… Hoje eu vou…

Ela me espera… Ela me ama… Porque me fecho?
Aqui…


José Alberto Sá

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