Ao relento
Sinto as varandas que
vislumbram o ar sereno da vida
A minha também me faz sentir
o horizonte planeado
Varanda que se desnuda ao
céu, pela luz de um sol,
que és tu querida
O palco onde me confesso, num
segredo a ti não revelado
Ao relento
Amo namorar a minha varanda,
como amo te ter no meu luar
Por vezes sinto a luz das
estrelas querendo penetrar,
como se eu fosse a fêmea da
noite, amante da lua
Me sinto bem penetrado pelo
pensamento em ti,
quando lentamente sinto o
fresco da noite, se estás nua
Despida na vontade de estar
comigo, na varanda do meu sonhar
Ao relento
Imagino varandas que por esse
mundo se decoram
Namoro os pirilampos que
iluminam o amor
Varanda resplandecente como a
minha,
onde as verdades namoram
Beijos e abraços desenhados
no corrimão do louco odor
Cheiros, onde as sementes
caiem pelo calor,
pelos gemidos que soam na
noite silenciosa
Ao relento todos os gestos de
amor,
tornam a varanda apetitosa
Ao relento
Vejo varandas que escondem
segredos, que todos conhecem
São como janelas que se abrem
ao pecado
São como portas que se
fecham, quando os actos se humedecem
E tudo é tão bom, vivido na
varanda de minha casa
O sagrado pedaço de chão que
não me fala
Mas sabe tudo que dissemos
quando em brasa
Corpos quentes numa varanda,
onde o corpo não se cala
José Alberto Sá
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