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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A tua...

A tua…

É seda, essa ameixa
Que atrai de mim a abelha
… Deixa
Deixa poisar sobre essa pele reluzente
O sol é o ventre que se assemelha
Ao ferroar de quem aparelha

Como é bom sentir o veneno doce e quente
De um ferrão persistente
Que ama a linda e perfumada ameixa
… Deixa
Deixa o lume derreter a cera
Levar na minha língua o pólen e o mel
… Deixa, beber-te… Ai quem me dera
Sentir-te no vermelho do núcleo corporal
E na auréola amarela da flor, beijar-te a pele

… Deixa
Sentir em ti o meu orvalho
E nas gotas do teu suor, ver-me ao espelho
Sentir ao toque o brilho cristal
Quero segurar-te por entre as entranhas
No amarelo pólen e no vivo fugaz vermelho
Onde a cor é o céu celestial
E a terra é o colo onde me acompanhas

… Deixa
Colidir meus dedos e os dentes
Saborear as cores de um pavão real
Tu…
… Deixa
Deixa-me ser eu por entre perfumes ardentes
Beliscar-te sem mal
Nesse corpo celestial… Nu

Tremo neste beijo
É a mudez da minha boca, aflita
Aguada pela tua… Néctar da minha caneta
Tremo pelo desejo
Membro solto que salpica
A vontade, a coroa onde o ferrão se espeta
É na sede… Da seda a tua ameixa
… Deixa


José Alberto Sá

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