Executo-me
nas palavras
Escrevo
através das nuvens brancas
E executo-me
Executo-me
pelas minhas frases mais francas
Labaredas
que se reflectem nos espelhos
E permuto-me
Nas palavras
sem sombra
Sombra que
se escama como peixe
Num mar de
penhasco, como a pedra que tomba
Pelas
náuseas do medo, apertadas em feixe
E executo-me
Pela linha
baça na folha lisa
Letra
repleta com rostos e feições
Chuvas
desnudadas sem camisa
Que caiem
ininterruptamente pelos calções
E permuto-me
Sem troca,
dou-me pelo prazer
Nos rabiscos
do tempo que não calam
São sonos
ofuscados pelo ser
Ser de um
cataclismo dos que falam
E executo-me
Amo esta
execução
Permuta de
mim para vós
Assim
executo-me de coração
Na permuta
das palavras sem voz
Sou o
mendigo do abecedário, um puto
Onde me
executo
José Alberto
Sá
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.