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quarta-feira, 17 de abril de 2013

Executo-me nas palavras


Executo-me nas palavras

Escrevo através das nuvens brancas
E executo-me
Executo-me pelas minhas frases mais francas
Labaredas que se reflectem nos espelhos
E permuto-me
Nas palavras sem sombra
Sombra que se escama como peixe
Num mar de penhasco, como a pedra que tomba
Pelas náuseas do medo, apertadas em feixe
E executo-me
Pela linha baça na folha lisa
Letra repleta com rostos e feições
Chuvas desnudadas sem camisa
Que caiem ininterruptamente pelos calções
E permuto-me
Sem troca, dou-me pelo prazer
Nos rabiscos do tempo que não calam
São sonos ofuscados pelo ser
Ser de um cataclismo dos que falam
E executo-me
Amo esta execução
Permuta de mim para vós
Assim executo-me de coração
Na permuta das palavras sem voz
Sou o mendigo do abecedário, um puto
Palavras arreliadas por mim… Sós
Onde me executo

José Alberto Sá

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