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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

No acto...


No acto...


Os lençóis estavam retirados

O seu ondular era marcante

Enrugados, aos pés da cama

Amarrotados...

No ar um pensamento picante

A vontade que desarma

A sede de beber

A fome do apetecer

A imaginação que nos liberta

Seria a porta aberta

Ou a janela fechada

A luz acesa ou apagada

Reflexos de um lençol

Traços de movimento

Fresco aviso do aquecimento

Do acto em anzol

Preso pela boca

Preso pelas escamas

Nas ondas imaginárias sem roupa

Num lençol onde o desejo derramas

...

Os lençóis estavam retirados

Numa pura imaginação

Mentes perversas de saciados

Lençóis de uma canção

Retirados pela mágoa do calor

Amarrotados pelo deslizar do queixume

Lençóis de louco amor

Nas descidas e subidas em lume

...

Retirados ao fundo da cama

Sujos e desnudados

Deslizados pela humidade em chama

Lençóis de luz, apaixonados


José Alberto Sá

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