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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Chamamento


Chamamento


Senti vozes, terrível

Inimigo sem nome, inferno

Hostes do imprevisível

Palavras demoníacas em meu caderno

Só as senti, não dava para ler

Desordem nos sentidos

Vozes do meu ser

Ventos que me arrastam, perdidos

Gemidos...

Caminhos estreitos, dominadores

Caminhos sem fim, compridos

Vozes de chamamento, amores

Vozes que me cegam o entendimento

Palavras de desobediência

Escritos sem tinta, sem consentimento

Vozes sem consciência

Sinto-as, vozes invisíveis

Sinto-as como feitiçaria

Gritos perdidos, talvez credíveis

Vozes que me chamam, todo o dia

Vozes que manipulam meu espaço

Raios de luz, sem reflexo

Medos das palavras que não faço

Palavras abstratas, sem nexo

Senti vozes que me quiseram

Senti vozes que me abandonaram

Senti vozes que adormeceram

Senti vozes que me amaram

Vozes que recebo

Vozes sem norte

Vozes que não escrevo

A minha voz é mais forte


José Alberto Sá

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