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sábado, 3 de setembro de 2011

Meu grito


Meu grito


Não posso chorar...

Quero sim rebentar o meu sofrer

Vontade de desabafar

Abri a minha razão, abrir o meu ser

Recordar somente...o que já se sabe

E dizer que a bondade

Já cá não cabe...

Fazer-me ouvir...num grito

Porque as lágrimas já ninguém lê

Já ninguém vê...

Que o mundo está aflito

E já ninguém crê

Não posso chorar...

Só posso ter pena, ter raiva

Ter vergonha por não lutar

Ter vergonha de me sentir canalha

Quanta pobreza...e eu...nada

Quanto sofrimento...e eu...nada

Quanta injustiça...e eu...nada

Já nem tenho certeza

Já nem tenho conhecimento

Odeio minha preguiça...vida danada

Tudo morreu...para quem nada tem

Tudo falhou...para quem é importante

Nada já conta...mundo refém

Não posso chorar como um infante

Não posso gritar...sem medo

Não posso saltar de alegria

Olho triste a cruz...rezo um credo

Minha fé num amanhã de harmonia

Queria chorar sorridente

Rebentar minha revolta

Chorar para toda a gente

Jesus! Meu Deus...volta!


José Alberto Sá

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