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domingo, 22 de maio de 2011

Um beijo apenas

Um beijo apenas

Vazio, nada, infinito.
Nem alegria, nem pensar,
nada… que faço…
Ar irrespirável…
Em tudo que dissemos, nada foi dito.
Pedaço de sofrimento.
Pesar…grito.
Não existem flores, no meu deserto.
Inigualável…
Lamento.
Tudo é cinzento, nada tem cor.
Aperto.
Falo baixinho, a voz não sai.
Abafo, tristeza.
Do pouco que peço, de tudo que cai
da tua certeza.
Continuo sem ar,
e no peito a mesma dor
não há ausência do teu ficar,
não é só a falta da minha flor.
Algo mais, muito mais puro.
Lembras-te? Dei-te a mão,
pedi-te carinho.
Tentei transpor o muro
a minha razão.
Queria só respirar, abrir a memória.
Era esse o meu caminho
que o sufoco fosse história.
Deste-me a mão, lembro-me
olhas-te para mim.
E o ar que senti
eram flores de um jardim.
Sorris-te em azul de mar.
Amei… também sorri para ti.
Foste embora
despedida num abraçar
um segundo apenas
e o sentir já cá não mora.
O vazio ficou…
Porque o ar que não tenho
era só um desejo, desejo meu.
Que tudo mudava e não mudou.
O ar que me falta
é só um beijo, que não se deu.


José Alberto Sá

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