Minha terra Vareira
O velho vareiro vem à porta
Olha o céu enraivecido
Que raio de vida ser pobre
Porque terei eu nascido
Só na lide do mar
Para tirar uns tostões
Para com as mesmas calças andar
Até ficarem calções
O mar é mau e a sua profundeza
É de tarar
E nós à espera, da tristeza
De um dia o barco se afundar
Rememos irmãos, Olá Riba
Grita o velho, aos seus capangas
Ela é boa, é tão viva
Arregacemos as mangas
E a rede puxa para cima
Até as mãos sangue escorrer
Mas já têm uma grande rima
De bom peixe para vender
De barba grande, pele enrugada
Mãos trémulas e ar cansado
Homens de vida danada
E nos pés nada calçado
E de canastra à cabeça
Vendem os peixes fresquinhos
E com o dinheiro que ganham
Vestem seus filhos nuzinhos
Esses meninos, tão pequeninos
Que até dá pena olhar
Um dia serão homenzinhos
E para o mar irão lutar
O mar baixa e sobe
Mas é sempre pontual
É forte, tudo remove
Só morre no areal.
José Alberto Sá
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