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domingo, 22 de maio de 2011

Minha terra vareira

Minha terra Vareira

O velho vareiro vem à porta
Olha o céu enraivecido
Que raio de vida ser pobre
Porque terei eu nascido

Só na lide do mar
Para tirar uns tostões
Para com as mesmas calças andar
Até ficarem calções

O mar é mau e a sua profundeza
É de tarar
E nós à espera, da tristeza
De um dia o barco se afundar

Rememos irmãos, Olá Riba
Grita o velho, aos seus capangas
Ela é boa, é tão viva
Arregacemos as mangas

E a rede puxa para cima
Até as mãos sangue escorrer
Mas já têm uma grande rima
De bom peixe para vender

De barba grande, pele enrugada
Mãos trémulas e ar cansado
Homens de vida danada
E nos pés nada calçado

E de canastra à cabeça
Vendem os peixes fresquinhos
E com o dinheiro que ganham
Vestem seus filhos nuzinhos

Esses meninos, tão pequeninos
Que até dá pena olhar
Um dia serão homenzinhos
E para o mar irão lutar

O mar baixa e sobe
Mas é sempre pontual
É forte, tudo remove
Só morre no areal.


José Alberto Sá

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