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sexta-feira, 28 de novembro de 2025

 

Minha terra, terra de sonhos

 

Minha terra se enche de silêncios e alvoradas.

Tem o cheiro de pão quente da minha mãe

e o vento que canta nas copas das árvores.

Tudo se tatuou em mim.

E o tempo caminha, sinto nos pés descalços sem pressa,

e cada passo é mais uma palavra que escrevo,

aquelas que se transformam em histórias que o mundo esqueceu.

 

Aqui, não existem muros que separam,

somente abraçam.

Aqui, não existem janelas que escondem,

elas tudo me revelam.

Aqui, os olhos que passam carregam o brilho,

naqueles que tal como eu, ainda acreditam.

 

A minha terra é sonho tecido em meus braços,

e moldado neste coração de esperança.

É igual ao riso das crianças que correm nos campos,

igual aos murmúrios das senhoras,

que bordam o tempo com agulhas de saudade,

na soleira da porta.

 

Na minha terra, o céu se deita sobre os campos

como um lençol bordado de estrelas,

e a lua, cúmplice, escuta os segredos que só eu guardo,

neste coração que a entende.

 

A minha terra não é só um lugar, é sentimento,

é raiz que eu vejo, que estas mãos sustentam.

É abraço que não se desfaz,

mesmo quando o tempo ameaça e faz doer.

 

A minha terra tem mil sonhos, e eu,

tenho mil realidades acordadas em mim.

Todas as perguntas quase impossíveis,

são respondidas com o amor possível.

O amor que tenho deste lugar, o amor que sonhei,

o amor que sonho e o amor que realizo para ficar.

 

José Alberto Sá






segunda-feira, 24 de novembro de 2025

 Na esquina da vida

 

Esquecida no canto ou na esquina da rua,

ela repousa como quem espera, a pressa da vida.

A pele marcada, é sol em desespero, é saudade do que não quer…

os olhos perdidos, são lembranças das lágrimas que ninguém vê.

Ao redor, o mundo corre, buzinas, passos apressados,

vozes que não a incomodam ou lhe são familiares… não lhe tocam.

Mas ali, naquele canto, há silêncio no passar da gente e barulho num pensar inquieto.

Há história.

Há vida que insiste em não se apagar, pele que precisa de afagos e uma angústia pesada, que procura alimentar o medo.

O vestido desbotado guarda os traços de dias melhores, por vezes roupa que atrai o chão onde se senta.

Esquecida, já conhece o peso da sua ausência em casa, talvez mais tarde, se a exigência a provocar a uma montanha de nojo.

Já nada exige!

Apenas existe!

A esquina sabe seu nome, calor, frio, chuva e malmequeres sem cheiro, é assim que se vive nas paredes amareladas e tristes.

E quem passa, desvia o olhar.

Não por maldade, mas por medo de enxergar o que também poderia ser, se a candura do sol nascesse turva e o nevoeiro da vida provocasse.

Esquecida, ou uma figura imóvel, frágil, mas, humana, o abandono que mora nas esquinas da alma.

Esquecida no canto da rua, ela é poema sem papel, sem voz… memória sem nome, sem chão, num chão de injustiça.

 

José Alberto Sá

Portugal

24-11-2025

quarta-feira, 29 de junho de 2022

Acordo

 Acordo para dançar a vida, sinto na brisa o aroma das flores e ao beijar essa fragrância, sei de ti, de mim…


José Alberto Sá

sábado, 31 de outubro de 2020

 


Quanto ao movimento?

Apesar da ilusão!

Foi perfeito, direto e intencional

Depois…

Apesar da exatidão!

Foi perfeito, direto e sensual

Quanto ao movimento?

Ato sexual… Amor incondicional

Depois…

A obsessão!

Escrever poesia, como ato da criação!

 

José Alberto Sá

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

 


Nas grades da vida

 

Vejo sem equívocos a crónica que não quero escrever…

Para lá do ferro, a ferrugem dos olhos que se negam…

Para cá da vida, os olhos que se vergam a Deus e O veneram…

Nas grades da vida, vejo o mestre, pequeno, vergado, suado e frio!

Vejo sem equívocos a crónica que amava escrever…

Para lá do ferro, a lágrima seca de uns olhos falsos que gozam…

Para cá da vida, vejo um ser que queria ser e não consegue…

Nas grades da vida, ele se prende… Eu me liberto e ele, nunca…

Nas grades da vida, já sou… e ninguém fará de mim mestre,

eu já o sou!

 

José Alberto Sá

domingo, 11 de outubro de 2020

 




Procuro na noite o dia perfeito

No escuro me vejo luz intensa

O silêncio são as vozes que amo

E nesse amor perfeito

Sou a voz intensa que sinto

E procuro nas vozes em silêncio!

 

José Alberto Sá

domingo, 27 de setembro de 2020

 



Eu, as palavras e tu

Quem eram, que disseram, as palavras que de ti
Que força, que aperto, as palavras que convinham
Que partes, que aromas, as palavras que senti
Que segredo, que enredo, as palavras que me vinham
E que mundo, que céu este, as palavras que de mim
E que Rei, que Deus, as palavras que eu sei
E que ventre, que loucura, as palavras se jardim
E que nada, e que tudo, as palavras que te dei
Do mar, da terra, talvez do céu e das aves
Do fogo, da água, do ar e do vento
Que eram, que textura, as palavras que tu sabes
Da boca, dos olhos, as palavras sem entraves
Do beijo, do desejo, as palavras alimento
Da verdade, da mentira, de mim, de ti… As chaves
José Alberto Sá