A luz de uma cidade
Olho a luz de uma
cidade e arrepio o meu sentimento perturbado!
Olho em transe, numa
imensa inquietação, angústia e o equivalente ao silêncio!
Olho com asfixia o
assombrado mundo de uma cidade erguida, linda, perfeita e perdida!
Olho com hesitação a
conquista deste pequeno mundo, onde os adultos promulgam as leis que são
preciso trair, para que se façam herdeiros da desumanidade de uma cidade!
Pressinto que não sou
somente eu, o perturbado por todo o mistério que representa dois dias, o antes
e o depois das eleições.
Aborreço-me majestosamente,
pois vejo melancolicamente os desejos hipotecados, sei que são torpezas de um
cérebro que trabalha ininterruptamente e sei que passará com ligeireza esta
definhada aventura, de alguém que já não se sente ser…
Olho o exibicionismo
de um fantasma que já não arrelia, ou seja, já não assusta!
Olho esta cidade e
chamo-lhe: Alice no País das Maravilhas parece-me sentir o Dogson, este criador
do fantástico mundo que só ele sonhou!
Olho e tenho pena da
Alice, pois a cidade está sem maravilhas.
Olho e penso… Que
seria da cidade ao lado da minoria capaz, daqueles que a sentem como sua,
daqueles que a amam.
Olho e penso… Sou o
aparente afastamento deste odor fétido, que se desprende
das paredes lodosas,
onde a hipocrisia dança de mãos dadas com os inocentes do jogo, onde só ganha
um, os outros são a necessidade pitoresca para o festim ou ritual demoníaco.
Olho e peço… Será
necessário alterar o contexto de uma cidade sem rótulo, que um dia nasceu para
viver na luz da sua gente.
E quando a Alice no
País das Maravilhas deixar de sonhar, de nos aldrabar, de nos acenar como os
burros com a cabeça, será a hora de sermos nós a realizar, a cidade merece e espero
que aconteça!
José Alberto Sá
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.