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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

A noite

A noite

Amo a noite como ninguém, amo olhar o céu, dançar com a lua e desenhar com a íris dos meus olhos, mulheres nuas nas estrelas.
E quando danço, ergo os braços e sinto o vento, na ponta dos dedos a brisa arrepia-me e imagino-me a dançar nu.
É aí que deixo esculpir no chão a carne, o sexo e continuo a dançar.
São tantas as vezes que a humidade sacia a diferença, entre a dança e a pele que copia o ventre desconcertante.
Amo a noite como ninguém, para beijar os fenómenos da inspiração e aí fenómeno a fenómeno a emoção escorre, a íris não nega, meu corpo não fica, meu olhar não desvia e tudo é lua, tudo são estrelas, tudo é poesia… Eu danço e amo a noite…
A terra sente o vibrar, desenrola-se movimentos e arqueiam-se corpos nus, imensos são os desafios às leis da gravidade, sinto abertos os caminhos do amável, sinto estremecer o inquietante, sinto o jorrar pela noite e vejo estrelas, a lua e o céu. Todos expostos ao escuro dos outros e à luz de quem sabe amar a noite como tu e como eu.


José Alberto Sá

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