Já nada!
Já nada do que escrevo é meu,
já nada do que planto cresce para mim, já nada do que penso se faz obra, já nada
é tudo, num tudo que sobra, sem que algo tenha produzido!
Já nada me faz sorrir quando
o tempo chora, já nada me faz correr na procura da multidão… Já nada é tudo, se
tudo é cansaço do nada já feito.
Quando o já feito é sim ou
não!
… Pudera eu alterar e nada
faria diferente!
… Pudera eu rabiscar e tudo
seria igual ao já feito!
… Pudera eu amar mais um
pouco e tudo seria muito mais do que até aqui!
… Pudera eu levar e nada
carregaria de novo em meus braços!
… Pudera eu gritar sim e o
não seria a negação do resto!
Já nada do que escrevo é meu!
Já nada!
Nada!
Já nada de mim respeita a
mentira, já nada do que transformo se nega à existência, já nada que os meus
olhos vêm é verdade, pois a íris por vezes se engana, já nada me levanta a
cabeça se durmo num sonho doce, já nada me altera, já nada…
Fosse quem fosse…
Pois já nada do que escrevo é
meu!
Já nada!
Nada!
José Alberto Sá