Sons
É quando
chega a noite, que sinto a tonteira nos ouvidos, turbinas que me soam, vozes de
um além potente e vagabundo.
Vagabundo
é o frio que me faz sentir num casulo, se a noite chega devagar e com sons fora
de si… Fora do tempo, quando a noite chega e recomeças a falar sem que estejas
presente… Nunca estás presente fisicamente… Somente te imagino nos sons da
noite…
É
quando chega a noite, que ocupas o espaço e te diluis nas paredes do meu
quarto… Consigo ver a tua imagem no escuro… És o candeeiro a meu lado que
mantenho apagado… Frio… Só… E só pela manhã nasce o silêncio… Acordo… Lavo-me…
Nada se ouve…
Minto…
Os
sons ecoam livres pela vulnerabilidade da minha óptica… Vejo-te ali… Aqui… Pois
é ali onde te aponto o dedo, por saber que estás aqui… Branca e de ranhura
provocante…
Como
provocante és em suspiros, gemidos… Sons que me visitam pela noite…
É
quando chega a noite… A tonteira é o amor que se envaidece pela ranhura, pela busca
incessante das nuvens do meu consciente… Só na luz do dia consigo abrir a realidade
e acordar…
É
quando chega a noite que tudo acontece… É quando durmo enroscado num casulo… Os
sons… Deixa para lá… Eu aguento… Geme, suspira… Grita…
É
dia…
Meus
sonhos, só os vivo nos sons da noite.
José
Alberto Sá
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