Preso
a ti na arte de amar
Prendo-me
para sentir a pele polir e afiar a arma que se acha pronta a disparar… Passo
uma mão pela parte que acho artista e com a outra mão declamo em teu palco.
Quero
sentir cada pedaço essencial, os seios que atuam… O monte de vénus que aplaude
a chegada do meu sorriso… Mesmo antes de me prender…
Prendo-me
nas paredes ásperas e trepo… Sinto-me gato de um reino chamado paraíso, aguço
as unhas que retraio, não quero ferir… Somente polir antes de afiar a arma…
Passo um dedo pela camisa e conto as casas onde habitam os botões… Mais um dedo
se mistura na festa e desato… Desato a simples existência da melhor obra… Da
melhor sensação que existe ainda antes de polir…
Suave…
Fantástica maravilha a quem chamo de arte… Pois a arte é a escultura nua que
preencho de beijos… Abraços… Suspiros… Gemidos… A arte feminina, doce filigrana
que brilha ao criador… Somente para me desinquietar e me levar pelos campos de
algodão plantados no céu…
Ah
obra milagrosa que amo esculpir… Arte que me leva a afiar a arma nas voltas do
êxtase… Amo tornear… Beber pela fenda de uma lasca retirada… Aquela seiva que
se mostra após a obra polida… Prendo-me para sentir a pele polir… Ah arte… Ah
mulher que me consome… E me prende na arte de amar.
José
Alberto Sá
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