Arremessos
de saudade
Conto
as pedras que atiro ao rio, vejo-as naufragar, uma e mais uma, frias, macias e
arremessadas com saudade… Uma saudade pura, tal e qual a cor da íris de um sol
que me espreita.
És
tu que lembro em cada pedra que mergulha na água fria, tal e qual o gelo que
vive dentro de mim… Dentro de mim te sinto chegar, através das ondulações que
provoco na água… Cada salpico é um vislumbrar de amor.
És
tu que lembro em cada pedra que se afunda, assim é o fosso entre nós… Longe…
Assim renasce no meu coração o desejo de ti… A saudade.
Conto
as pedras que atiro, cada batida na água me faz recordar o som da tua voz…
Timbre melódico… Beleza que me leva pelas margens da minha imaginação, de mão
dada.
E
de mão dada sinto em cada pedra a sensação de ti… Teu corpo macio.
Ali…
Tento enganar o tempo, o meu olhar tenta vaguear pelo horizonte da ausência e
se faz lembrar que um dia… Um dia te terei comigo…
Mais
uma pedra… Regressa a saudade.
Conto
as pedras que atiro ao rio, polidas para que se façam deslizar, assim é a
macieza do perfume que a natureza me dá… Sempre na esperança que regresses…Tu…
Natural.
Sinto-te
linda na água batida, te vejo vestida de esperança… Deslizas pelo verde puro do
meu respirar.
Mais
uma… São frias as pedras…
És
tu que lembro quando sinto a solidão.
E
são tantas as vezes… Que hoje quis atirar as pedras que acumulei nas margens do
meu rio… Este rio de saudade que corre em minhas veias… Vim ver-te… Sentir-te…
Olhar-te no meu espelho de água doce… Tão doce como tu.
Conto
as pedras que atiro… Com amor e para amar na saudade, como se estivesse
eternamente contigo.
Num
rio, com a imensidão do mar… A saudade de ti.
José
Alberto Sá
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