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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Gritos abafados pelo tempo

Gritos abafados pelo tempo

Por falta de tempo, o tempo se esqueceu de mim
Esquecido pela manhã, enquanto o sol nascia
Esquecido pela tarde, num tempo sem tempo algum
Humedecido pelas horas que caíam, pelo tempo em que chovia
Tempo perdido nas palavras caladas dentro de mim
Que direi um dia se o tempo, tiver tempo e disser que sim

Deixai-me gritar…

Direi dos calos que me nascem nos pés descalços,
homem de longos caminhos
Direi de um tempo frio ou quente,
sem ter piedade de mim, deambulando
Cambaleando pelos ventos frios de uma tempestade quente,
das bocas sequiosas
Talvez por falta de tempo, o tempo não me deu carinhos
Esquecido pelo tempo e pelas vontades,
direi que vou cantarolando
Canções iguais ao vento, que o tempo me soprará,
como palavras vaidosas

Deixai-me gritar…

Sinto-me acordado a tempo de vos contar,
que o tempo é o mesmo de ontem,
de hoje… Amanhã
Talvez acorde e vos diga, que não há tempo para dialogar,
tempos maus
Direi de tempos revoltos por mares de naus…
Ontem… Já foi há muito tempo
Hoje as naus naufragaram, como naufraga o tempo que me dirá
Talvez me dirá… Ou então direi eu,
deste tempo sem tempo que me abraça
Apertos e conflituosos momentos, trovoadas e ventos,
de tempos em tempos
Direi da revolta minha, do espaço mal dividido,
horas sem ponteiros, desgraça

Deixai-me gritar…

Por falta de tempo, deste tempo que hoje não fica esquecido
Vou lembrar deste desafio constante… Talvez,
num tempo que fui amante
Ser ou não ser, direi quando me for apetecido…
O ontem
Hoje e amanhã… Porque ontem já foi… E foi delirante
O tempo que não contou para mim,
somente me faz escrever assim
E assim o tempo me deu tudo o que não tenho,
por ter levado consigo até ao fim
O tempo que não tem tempo para mim

Deixai-me gritar…

Preciso de um tempo que não me faça assim,
sem poder desabafar de mim
Quero um tempo para contar, para contar as horas
que contam dentro deste sim
Palavras que o tempo lava, como lama das águas paradas,
num tempo sem solução
Deixai-me gritar…
Pois o tempo vai acabar… Mas jamais acabará
dentro do meu coração
Será o meu grito a este tempo…
Que o futuro um dia lerá, as palavras que vou deixar
neste meu tempo, num tempo sem amanhã



José Alberto Sá

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