Poesia selvagem
E não sou um selvagem,
um bicho perdido na densa floresta
Não sou a poluída vegetação
de uma vida nómada,
perdido nas mudanças que um
ser errante
Ser sem imagem…
Ser que não presta…
Ser gritante…
Eu não sou o animal que se
baba pela cegueira de ti,
por entre arbustos de
intrigantes espinhos.
E não sou o peganhoso ser das
profundezas,
de um oceano que não me
aceita
Ser que não sorri…
Ser sem certezas…
Ser que a vontade rejeita…
Eu não sou aquela ave de bico
com dentes,
que voam os céus em chamas
Eu não sou um abutre em carne
putrefacta,
comendo o suco da saliva
envenenada
Ser nascido de mil sementes
Ser que se maltrata
Ser que ama o nada
Eu não sou… Esse horrível ser
que vos povoa
Seria um deus menor… Pior que
o demo
Eu não sou… Pois teria uma
imensidão de pecadoras famintas
Que me acompanhariam pelo meu
mundo sem amor
Ser sem alma… Nem má, nem boa
Ser de corpo frio… Se tremo
Ser sem sentimento, sem dor
Eu não sou…
Se fosse…
Não estaria aqui na minha
alegria
Não declamaria
Não sorria
Eu sou quem sou…
Sou sim, um animal que ama a
poesia
José Alberto Sá
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