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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Na minha duna


Na minha duna

A pulga saltava por entre ervas daninhas
Mordia aqui… Mordia ali… Mordia...
Vivia no seu ninho, no conforto das coisas minhas
A pulga vivia e saltava, onde eu também vivia

Saltos nas dunas, vales escorregadios
Perfumados sentidos em sobressalto
Momentos de aflição, minutos vadios
Uma visita, um namorico, o ponto mais alto

A pulga saltava, medo de ser pisada
Ser descoberta pela humidade
Pulga desorientada, pelo medo da estocada
Salta daqui… Salta dali… A ansiedade

O mundo perfeito era seu leito
Perfeito para o sangue, a mordida
Carne branca, doce onde me deito
Pulga inocente numa casa que me é querida

Pele depilada, pela lâmina e espuma
Pulga sem tecto, daqui para ali, saltou
Mas na lâmina se cortou, para mais uma…
Uma mão, algo mais… O prazer a levou

A morte da pulga, ninguém reparou
Morreu a pulga que vivia clandestina
Vivia no pecado que a mim se queixou
Na pele branca que eu amava, da minha menina

José Alberto Sá

1 comentário:

  1. Que maravilha!!!!!!!!!Que imaginação fértil, que subtileza envolta de sensualidade...Sempre ao rubro..bjos Poeta

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