Carta à chuva
A chuva cai
Cai sobre o pó da terra
seca
A chuva vai
Vai levada numa
correria até ao mar
Nem um ai
Quando a chuva
cai,
sobre o que guardo
na minha gaveta
Chuva de amor, num
ser que é pai
Que sente a chuva
a passar
Como água
lamacenta
Mistura
Dura
Numa procura,
desenfreada
Procura do nada,
um sentimento em papel
Que escrevi e
guardei
A chuva cai e eu
já nem sei
Se devo continuar
a escrever
A chuva vai e eu
já não quero
Não quero pensar
na carta do meu desespero
Um sentimento sem
quartel
Onde guardo
palavras que à chuva tento recordar
Escritos de amor
que escrevi embriagado
Pelo suco da uva
Mas hoje, lembrei
com a chuva
A carta que me faz
acordar
E me faz
transpirar apaixonado
A chuva cai
E eu, aqui olho
cada gota
Levada junto com o
pó
Gotas sem dó
De uma menina
marota
Tempestade numa
carta sem abrigo
A chuva cai linda
e farta
A chuva vai
Mas tu ficas
comigo
Na minha carta
José Alberto Sá
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.