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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Existem dias assim...


Existem dias assim…

Naquele dia à beira mar
As gaivotas gritavam pedras
As ondas revoltadas traziam arame farpado
Naquele dia, sentia na areia os pés dilacerar
Os gritos ecoavam por entre as ervas
Choro de alguém perdido e tresloucado
Naquele dia…
As rochas íngremes tombavam no chão
Assim as via no meu desmaio
Sensação provocada pela demolição
Um sofrido e magoado coração
Demolido e desmoronado, o fogo de um raio
Naquele dia…
Brasas fumegantes morriam na maré
Uma visão horrenda que eu não queria
Facas de gumes afiadas diluíam minha fé
Sentimento fraco por tudo que perdia
Naquele dia…
A água salgada salpicava-me de feridas
Ácidos corrosivos em meu pensamento
Lágrimas cortantes escorriam nas faces sofridas
Agressões de medo, vindas no vento
Era o meu dia de turbulência
Um dia onde não conseguia ver as horas
As nuvens tapavam o sol da minha inteligência
E a desorientação veio sem demoras
Naquele dia…
Estava perdido por algo não apetecido
As vozes que procurava não tinham alegria
Procurei-as no mar, também ele perdido
Ficando a meu lado num abraço de maresia
Choramos os dois…
Naquele dia…

José Alberto Sá

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