Tenho vontade
Tenho vontade de trepar paredes
Tentar fugir de algo que não sei
Tenho vontade de subir bem alto
E num salto
Furar o imaginário de coisas que amei
Furar redes
De uma pesca que não conheço
Levar as mãos acorrentadas
E arrastar-me pelo que vos peço
Para lá do muro das noites acordadas
Tenho vontade de escrever sem parar
Dizer tudo que sinto no peito
Furar sem respeito
O fundo do meu mar
Agarrar-me ao deserto sufocante
Apertar as areias movediças
Ultrapassar a palavra provocante
E gritar num ranger de dobradiças
Tenho vontade de pedir que me fales
Furar o silêncio deste momento
Pedir que não te cales
E subas comigo a parede do tempo
Tenho vontade de te ter
Furar multidões para te ver
E matar a fome e minha sede
Tenho vontade…
Mas na verdade…
É somente a saudade…
Que me invade…
José Alberto Sá
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