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sexta-feira, 29 de julho de 2011

A Ponte

A ponte

No meio da ponte, uma criatura
Que me parecia insegura
Olhava o sul, olhava o norte
Procurava uma luz, no espelho da morte
Olhava o tapete de água, lá no fundo
Estava confusa, estava nervosa
Fugia-lhe dos pés o seu mundo
Sentia cravados, os picos de uma rosa

Estava na ponte uma senhora
Frágil e deveras ansiosa
Precisava de protecção, de companhia
Uma alma protectora
Pedia que o escuro que sentia fosse dia
Àquela ponte, eu chegava
Olhou para mim com ar duvidoso
As suas mãos tremiam, o corpo varejava
Seu rosto desgarrado no tempo, revoltoso
Não sabia se devia, não sabia se falar
mas sabia que tudo podia acontecer
A ponte tem sempre dois lados
Um lado para amar
outro para sofrer

No meio, onde estava, senhora triste
Era o centro das decisões
De quando não se resiste
Nem se compreendem corações
A ponte e a tempestade do momento.
A senhora e a incerteza da verdade.
Eu tentando anular o sofrimento
Falando em amor, carinho e amizade
Olhou para mim novamente
Estendi-lhe a mão
Seu espírito estava doente
Parecia não ter coração

Mas…
Via sorrir!
Senti a sua mão na minha…que bom
A ponte estava segura pela vontade
As portas estavam abertas para o partir
As suas lágrimas saltavam…emoção
Chorou agarrada a mim…queria viver
Liberdade…
Passamos a ponte da incerteza
Da minha vontade, seu querer
O outro lado seria o renovar
Seria a continuidade, a certeza
Que existe muito mais para amar

A ponte tem dois lados
Ultrapassar não é fácil…mas…talvez
O amor vive, se nos sentimos amados
A vida é nossa fonte
Desistir…nunca…existe mais uma vez
No atravessar de uma ponte



José Alberto Sá

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